<em>Dois irmãos</em>, de Milton Hatoum: versões de homem cordial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/flbc.2020.v12n24a35033

Palavras-chave:

Milton Hatoum, homem cordial, Dois irmãos, estrangeiro.

Resumo

A partir de elementos de continuidade entre os dois primeiros romances de Milton Hatoum (1952), Relato de um certo oriente (1989) e Dois irmãos (2000), este ensaio enfoca, no segundo romance, a caracterização dos personagens dos gêmeos, que existem no primeiro sob a denominação genérica de “irmãos ferozes”. A elaboração dessa caracterização transita entre antropologia, cultura e política, e acreditamos que pode ser comparável a um conceito fundamental de nossa historiografia moderna: o de “homem cordial”, de Sérgio Buarque de Holanda – lembrando que o historiador retrata o ser nacional como um homem essencialmente afetivo, que, por isso, personaliza suas relações (inclusive em âmbito público). No cenário urbano retratado em Dois irmãos pelo autor, o sobrado, a família e seus agregados constituem esse universo cordial, a ser analisado e onde os gêmeos da trama encarnam, em suma, dois lados de uma mesma moeda: cara (nativo) e máscara (estrangeiro) de um mesmo ser (nacional). O narrador, que nos pinta esse retrato repleno de encantamento e violência, revela-se tanto continuação quanto ruptura com esse ambiente e com essa história.

Biografia do Autor

Luciana Persice Nogueira-Pretti, UERJ

Setor de Francês

Departamento de Letras Neolatinas

Instituto de Letras

 

Referências

ANDRADE, Carlos Drummond de. “Liquidação”. ______. Boitempo I. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 1986.

HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

______. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969.

KRISTEVA, Julia. Etrangers à nous-mêmes. Paris: Fayard, 1988.

SCHMITT, Carl. La Notion de politique. Théorie du partisan. Paris: Calmann-Lévy, 1972.

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Publicado

2020-12-30

Edição

Seção

Ensaios