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A pandemia de obesidade entre os jovens

Obesity pandemics among the youth

EDITORIAL

A pandemia de obesidade entre os jovens

Obesity pandemics among the youth

O volume crescente e homogêneo de dados na literatura aponta, de forma inquestionável, para a existência de uma pandemia de obesidade infantil, da qual nosso país não está isento. Contudo, apesar deste amplo conhecimento, o problema persiste e, sobretudo, agrava-se ou vem se agravando de forma dramática.

A tendência de envolvimento de populações cada vez mais jovens sinaliza para um prognóstico ainda mais sombrio, pois se sabe que a precocidade da instalação do problema associa-se, fortemente, à persistência desta condição clínica na vida adulta, projetando-se assim uma geração futura com percentuais ainda maiores de obesos.

Os dados aqui apresentados por Troncon et al(1) reforçam o conhecimento acerca da alta prevalência da obesidade infantil e da diversidade de suas apresentações. Apesar de mostrar características diversas de envolvimento de classes sociais, as peculiaridades de acesso a uma alimentação de baixo custo e altamente energética por parte da população de baixa renda americana possivelmente explicam o perfil diferente da nossa classe mais pobre, cujo acesso a estes alimentos é mais restrito. O padrão de maior atividade física encontrado por Troncon et al(1) nas crianças obesas advindas de classes sociais mais informadas certamente reflete uma resposta da necessidade de aumento de atividade física entre os jovens.

A natureza complexa e múltipla dos fatores determinantes da obesidade infantil dificulta a padronização de um manejo uniforme e sistematizado. Entretanto, já é consenso de que a adoção de um padrão de vida saudável requer a prática regular de atividade física associada à alimentação balanceada e sem excessos. Isto é um fato e precisamos encontrar estratégias de implementação, de forma a tornar o jovem cada vez mais menos sedentário.

É crucial que se envidem todos os esforços visando a um processo de conscientização em massa quanto à necessidade imperiosa de mudanças no nosso estilo de vida, que não passem necessariamente por intervenções dramáticas e onerosas, mas que comecemos hoje a incorporar "novas atitudes" na nossa rotina diária , as quais permitam, a médio e longo prazo, reverter este enorme problema de saúde publica.

Compete aos núcleos de pesquisa nesta área o estabelecimento de protocolos de intervenção que ofereçam novas alternativas para a abordagem do problema, levando em consideração toda a miríade de fatores determinantes da obesidade nas diversas faixas etárias pediátricas envolvidas e que contemplem a diversidade cultural de nosso país.

Hugo da Costa Ribeiro Junior1

  • 1. Troncon JK, Gomes JP, Guerra-Júnior G, Lalli CA. Prevalência de obesidade em crianças de uma escola pública e de um ambulatório geral de Pediatria de hospital universitário. Rev Paul Pediatr 2007;25:305-10.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jan 2008
  • Data do Fascículo
    Dez 2007
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