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Escrita da história e representação: sobre o papel da imaginação do sujeito na operação historiográfica1 1 Esta pesquisa contou com auxílio financeiro da Capes e do CNPq. Agradecemos a Valdei Lopes de Araújo pela leitura da primeira versão, e por suas críticas e sugestões valiosas.

Resumos

Este artigo discute o problema da representação histórica, com ênfase no papel desempenhado pela imaginação do sujeito na construção do objeto e do texto da história. Tomando como ponto de partida o conceito de representação-efeito, argumenta-se que o papel da imaginação não deve ser nem descartado, nem superestimado, como por vezes parecem sustentar os envolvidos no debate. Argumenta-se, também, que uma reconsideração do papel da imaginação permite repensar a relação entre texto histórico e seu leitor, tomado como agente ativo de leitura.

representação histórica; imaginação; escrita da história.


This article discusses the problem of historical representation, with emphasis on the role played by the subject's imagination in the construction of the historical object and the historical text. Taking as starting point the concept of representation-effect, one sustains that the role of imagination shall neither be discarded or overestimated, as it is commonly proposed. One argues that the reconsideration of the role of imagination allows one to rethink the relation between historical text and its reader, the reader being considered as an active agent in the reading process.

historical representation; imagination; writing of history.


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  • 1
    Esta pesquisa contou com auxílio financeiro da Capes e do CNPq. Agradecemos a Valdei Lopes de Araújo pela leitura da primeira versão, e por suas críticas e sugestões valiosas.
  • 2
    Trata-se de pensar a escrita como problema relacionado à própria construção de sentido na operação historiográfica, e não como simples "significante do significante", para empregar expressão de Jacques Derrida, registro passivo e transparente da realidade exterior e das intenções autorais. Cf. DERRIDA, Jacques. Gramatologia. Trad. Miriam Chnaiderman e Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Perspectiva, 2004, p. 8.
  • 3
    Pode-se destacar, nesse sentido: WHITE, Hayden. Metahistória: A imaginação histórica do século XIX. Trad. José Laurêncio de Melo. São Paulo: Edusp, 1995; ____ The content of the form: Narrative, Discourse and Historical Representation. Baltimore and London: The John Hopkins University Press, 1987; ____ O texto histórico como artefato literário. In: Trópicos do Discurso. Ensaios sobre a crítica da cultura. Trad. Alípio C. de Franca Neto. São Paulo: Edusp, 1994, p. 97-116; CARR, David. Time, narrative and history. Bloomington: Indiana University Press, 1986; VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Trad. Alda Baltar e Maria Auxiliadora Kneip. Brasília: Editora UnB, 1982; DANTO, A. C. Analytical Philosophy of History. Cambridge: Cambridge University Press, 1965; RICOEUR, Paul. Tempo e Narrativa (3 volumes). Trad. Constança Marcondes César. Campinas: Papirus, 1994; TOPOLSKI, Jerzy. A Non-postmodernist Analysis of Historical Narratives. In: TOPOLSKI, Jerzy (org.). Historiography Between Modernism and Postmodernism: Contributions to the Methodology of the Historical Research. Amsterdan and Atlanta: Rodopi, 1994; HARTOG, François. A arte da narrativa histórica. In: BOUTIER, Jean; JULIA, Dominique (org.). Passados recompostos: campos e canteiros da história. Trad. Marcella Mortara e Anamaria Skinner. Rio de Janeiro: Editora UFRJ: Editora FGV, 1998, p. 193-202; STONE, Lawrence. El resurgimiento de la narrativa: reflexiones acerca de una nueva y vieja Historia. In: El pasado y el presente. Mexico: Fondo de Cultura Económica, 1986, p. 95-120; HOBSBAWN, Eric. A volta da narrativa. In: Sobre História. Trad. Cid Knipel Moreira. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 201-6; DE CERTEAU, Michel. A operação historiográfica. In: A escrita da história. Trad. Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 65-119. Dentre os autores brasileiros, vale citar os seguintes trabalhos pioneiros: COSTA LIMA, Luiz. A aguarrás do tempo. Rio de Janeiro: Rocco, 1988; ARAÚJO, Ricardo Benzaquen de. História e Narrativa. In: MATTOS, Ilmar Rohloff de (org.). Ler e escrever para contar. Rio de Janeiro: Access, 1998; PESSANHA, José Américo Motta. O Sono e a vigília. In: NOVAES, Adauto (org.). Tempo e História. São Paulo: Companhia das Letras: Secretaria Municipal de Cultura, 1992, p. 33-55.
  • 4
    Em As Palavras e as Coisas, Foucault discute o problema da representação, sem tratar especificamente da questão da representação histórica. Cf. FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas. Trad. Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Frank Ankersmit procura reconsiderar o conceito de representação histórica, qualificando-o como mais abrangente que os conceitos de descrição, explicação ou interpretação. Diz o autor: "Unlike the vocabulary of description and explanation, the vocabulary of representation has the capacity to account not only for the details of the past but also for the way these details have been integrated within the totality of the historical narrative. (...) More interestingly, the vocabulary of representation, unlike the vocabulary of interpretation, does not require that the past itself have a meaning" (p. 209). ANKESRSMIT, Frank. Historical representation. History and Theory. Wesleyan University, v. XXVII, n. 3, p. 205-28, 1988. A posição de Ankersmit, sustentada em artigo da History and Theory, foi ampliada em: ANKERSMIT, Frank. Historical representation. Stanford: Stanford University Press, 2001. Em artigo recente, John Zammito questiona o argumento de Ankersmit de que "a historical representation is a thing that is made of language", uma construção lingüística que substitui a realidade representada, como defendido por A. C. Danto, sem qualquer tipo de relação com um referente. Nesse sentido, afirma Zammito: "my argument is that this extended sense of epistemology, central to post-positivist philosophy of science, offers a better framework for understanding historical representation than Ankersmit's categorical rejection of any cognitive aspect to whole representation" (p. 177). Trata-se, assim, de uma ênfase na capacidade cognitiva da representação, através de uma aproximação teórica com a chamada "epistemologia pós-positivista", no sentido de delimitar, a partir de regras intersubjetivamente aceitas, uma dimensão de verdade histórica, sem que com isso a representação seja entendida ingenuamente como uma imagem objetiva da realidade passada. ZAMMITO, John. Ankersmit and Historical Representation. History and Theory. Wesleyan University, v. XXXXIV, no 2, p. 155-81, 2005. Em Probing the Limits of Representation, diversos autores tratam da questão dos limites da representação do real pela historiografia. As análises, contudo, atêm-se de modo geral à discussão da situação-limite do Holocausto como impedimento, ou não, para a representação. Cf. FRIEDLANDER, Saul (org.). Probing the Limits of Representation: Nazism and the "Final Solution". Cambridge and London: Harvard University Press, 1992. Para uma discussão sobre o debate historiográfico acerca da questão da representação histórica, e também das representações sociais, conferir: FALCON, Francisco. História e Representação. In: CARDOSO, Ciro; MALERBA, Jurandir (org.). Representações: contribuição a um debate transdisciplinar. Campinas: Papirus, 2000, pp. 41-79. Diz o autor: "Os historiadores do cultural têm dedicado uma atenção crescente às 'representações sociais' como objeto de investigação, mas raramente se detêm na questão da representação. Simultaneamente, pode-se observar que esse lugar de destaque atribuído às 'representações sociais' vem acompanhado de algumas imprecisões conceituais e terminológicas, ao mesmo tempo em que esse próprio destaque denota uma estratégia discursiva implícita" (p. 57).
  • 5
    DE CERTEAU, Michel. A operação historiográfica. Op. cit., p. 65.
  • 6
    Certamente desde o início do século XX o problema da "apreensão do real" foi colocado em xeque, tanto pela primeira geração dos Annales como por Raymond Aron e Max Weber. Todavia, é a partir de Lévi-Strauss, e depois com Foucault e Roland Barthes, que o estatuto científico da história é questionado, e com ele o caráter de "representação" do texto histórico, mesmo que pensado a partir de certas limitações constitutivas.
  • 7
    Dominick LaCapra argumenta que o debate teórico contemporâneo polariza-se entre uma concepção documentalista ou objetivista da escrita da história, que enfatiza a reconstrução do passado em seus próprios termos, e uma concepção subjetivista ou relativista, que tende a destacar a impossibilidade de tal reconstrução. Ainda que concordemos com as críticas de LaCapra às duas formas estreitas de conceber a escrita da história, pensamos que, tal qual proposta pelo historiador norte-americano, a divisão se revela muito redutiva. Por esta razão, optamos pelo emprego do vocábulo construcionista, em vez de subjetivista ou relativista, isto porque a negação da validade do conceito de representação pode se dar tanto pela ênfase no papel do sujeito como pelo eclipse desta categoria na consideração das etapas fundamentais da operação historiográfica, como no caso da crítica histórica próxima ao pós-estruturalismo. A denominação construcionistas é empregada por Luiz Costa Lima em sentido similar ao apresentado por LaCapra e um pouco diferente do nosso entendimento. LACAPRA, Dominick. History and Criticism. Ithaca and London: Cornell University Press, 1985, p. 15-44; COSTA LIMA, Luiz. Mímesis: desafio ao pensamento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 99.
  • 8
    Cf. MILO, Daniel. Pour une histoire expérimentale, ou le gai savoir. In: MILO, Daniel; BOUREAU, Alain (org.). Alter Histoire. Essais d'histoire expérimentale. Paris: Les Belles Lettres, 1991, p. 9-55. Diz Milo: "La décontextualisation produit um nouveau regard sur l'objet comme em passant, elle produit surtout um regard nouveau sur la façon antérieure de se le représenter. Éxperimenter, en histoire, c'est se faire violence", p. 25. Esta historiografia é discutida em: BOUTRY, Philippe. Certezas e descaminhos da Razão Histórica. In: BOUTIER, Jean; JULIA, Dominique (org.). Passados recompostos: campos e canteiros da história. Op. cit., p. 65-77.
  • 9
    Cf. DE CERTEAU, Michel. Op. cit., p. 66. "Encarar a história como uma operação será tentar, de maneira necessariamente limitada, compreendê-la como a relação entre um lugar (um recrutamento, um meio, uma profissão, etc.), procedimentos de análise (uma disciplina) e a construção de um texto (uma literatura)"; cf. FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.
  • 10
    Cf. WHITE, Hayden. Metahistória. Op. cit., p. 17-56; ANKERSMIT, Frank. El uso del lenguaje en la escritura de la historia. Historia y Tropologia. Ascenso y caída de la metáfora. México: Fondo de Cultura Económica, 2004, p. 151-190.
  • 11
    CHARTIER, Roger. À beira da falésia. A história entre certezas e inquietudes. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2002, p. 8.
  • 12
    Cf. SCHAFF, Adam. História e verdade. Trad. Maria Paula Duarte. Lisboa: Editorial Estampa, 2000. "Não se deve confundir a questão da objetividade e a questão do absoluto (no sentido da totalidade e da imutabilidade) da verdade. A verdade parcial não é absoluta, mas é objetiva. É nesta afirmação que reside a solução anti-relativista do problema do historismo", p. 160.
  • 13
    BLOCH, Marc. Apologia da história, ou o ofício de historiador. Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 66.
  • 14
    CHARTIER, Roger. À beira da falésia. Op. cit., p. 15.
  • 15
    Cf. LACAPRA, Dominick. History & Criticism. Op. cit., p. 11.
  • 16
    LaCapra fala em postura "objetificante" para que se estabeleça uma diferença em relação à idéia de objetividade. Por postura "objetificante", o historiador norte-americano entende "a certain objectifying idea of science (or, for that matter, narrative) in which there is a definitive separation and relation of cognitive mastery between the observer and the observed. The observer makes assertions or puts forth hypotheses about the observed that are subject to confirmation or disconfirmation through empirical investigation. (...) Moreover, this paradigm or model should be seen as objectivist or one-sidedly objectifying rather than as simply objective, for it is possible to have a conception of objectivity that does not depend on it (...)". LACAPRA, Dominick. History and Reading: Tocqueville, Foucault, French Studies. Toronto, Buffalo and London: University of Toronto Press, 2000, p. 25.
  • 17
    Existem tentativas de associar objetividade e narratividade não como princípios opositivos, mas possivelmente complementares. Cf. RÜSEN, Jörn. Narratividade e objetividade na Ciência Histórica. Estudos Ibero-Americanos. Trad. René E. Gertz. Porto Alegre: EDIPUCRS, v. XXIV, no 2, p. 311-35, 1998.
  • 18
    CHARTIER, Roger. À beira da falésia. Op. cit., p. 10-1.
  • 19
    REVEL, Jacques. Microanálise e construção do social. In: REVEL, Jacques (org.). Jogos de Escala: A experiência da microanálise. Trad. Dora Rocha. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998. p. 22.
  • 20
    SKINNER, Quentin. The rise of, challenge to and prospects for a Collingwoodian approach to the history of political thought. In: CASTIGLIONE, Dario (org.). The History of Political Thought in National Context. Cambridge: Cambridge University Press, 2001, p. 185. "We are speaking of intentions embodied in acts of linguistic communication".
  • 21
    Mesmo a begriffsgeschichte, focada preferencialmente na análise diacrônica das mudanças conceituais a partir do emprego heurístico de "metaconceitos", apresenta uma intensa preocupação com a contextualização e a com a recusa dos anacronismos. Ainda assim, não se pode dizer que sua preocupação fundamental seja a de reproduzir as motivações dos agentes. Cf. KOSELECK, Reinhart. "Begriffsgeschichte" and Social History. In: Futures Past: On the semantics of historical time. Cambridge and London: The MIT Press, 1985, p. 73-91. Para uma discussão das possíveis (e impossíveis) conexões entre begriffsgeschichte e a historiografia dos discursos políticos da chamada Escola de Cambridge, conferir: JASMIN, Marcelo. História dos Conceitos e Teoria Política e Social: referências preliminares. Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo: Anpocs, v. 20, no 57, p. 27-38, 2005.
  • 22
    Cf. LACAPRA, Dominick. History and Criticism. Op. cit., p.40.
  • 23
    Vale ressaltar que, conquanto empreguemos o conceito de operação historiográfica para caracterizar a história como produto, nossa análise distancia-se de Michel de Certeau em alguns pontos importantes, como demonstraremos a seguir.
  • 24
    John Zammito, em seu debate com Frank Ankersmit, sustenta que a representação histórica não é livre, ou puramente metafórica, mas que possui um aspecto cognitivo, na medida em que opera a mediação entre a realidade inapreensível em sua plenitude e os protocolos intersubjetivamente aceitos que caracterizam a ciência histórica. Trata-se, assim, segundo o autor, da tentativa de estabelecer um critério "epistemológico" de verdade, em vez de um critério "ontológico": "Yet I would suggest that this truth should be taken epistemologically (ratio cognoscendi), not ontologically (ratio essendi). The chaos is cognitive; we are not entitled to take it as immanent in reality. On the contrary, there is a constraint or resistance manifested by reality: not any representation will fit. The order that a representation - or theory or model - imposes is not entirely arbitrary". ZAMMITO, John. Ankersmit and Historical Representation, op. cit., p. 178. Concordamos com Zammito em alguns aspectos fundamentais: a importância do caráter intersubjetivo no sentido de demarcar o campo científico da história, o caráter delimitador destas regras protocolares em relação à representação histórica, e finalmente a percepção do caráter cognitivo, e não estético, desta. No entanto, acreditamos ser necessário discutir de forma mais acentuada as formas de construção subjetiva de determinadas representações particulares a partir da relação entre as regras delimitadoras do campo e a imaginação do historiador.
  • 25
    Trata-se de considerar o arquivo como uma construção, associada a processos valorativos de seleção. Ao mesmo tempo, cabe ressaltar que a leitura de tais registros e textos complexos não é de modo algum "transparente", fazendo-se necessária a problematização de tal relação. Daí a afirmação de Dominick LaCapra de que "the opposition between texts and documents would be questioned. Documents would be read textually, and the manner in which they construct their object in an institutional and ideological field would be a subject of critical scrutiny, while the documentary dimensions of texts would be posed as an explicit problem and elucidated". LACAPRA, Dominick. History and Reading. Op. cit., p. 26.
  • 26
    Cf. LACAPRA, Dominick. Rethinking intellectual history and reading texts. Rethinking Intellectual History: Texts, Contexts, Language. Ithaca and London: Cornell University Press, 1984, p. 23-71.
  • 27
    COSTA LIMA, Luiz. Mímesis: desafio ao pensamento. Op. cit., p. 24.
  • 28
    Idem. Ibid, p. 99.
  • 29
    Idem. Ibid, p. 98.
  • 30
    KANT, Immanuel. Introdução à Crítica do Juízo. In: Textos selecionados. Trad. Valério Rhoden. São Paulo: Abril Cultural, 1980 (Os Pensadores), p. 173.
  • 31
    COSTA LIMA, Luiz. Mímesis: desafio ao pensamento. Op. cit., p. 152.
  • 32
    Idem. Ibid, p. 223.
  • 33
    Cf. LYOTARD, Jean-François. Lições sobre a Analítica do Sublime. Campinas: Papirus, 1993, p. 35.
  • 34
    COSTA LIMA, Luiz. Mímesis: desafio ao pensamento. Op. cit., p. 284.
  • 35
    Idem. Ibid., p. 201.
  • 36
    Idem. Ibid., p. 99.
  • 37
    Neste sentido, afirma Hayden White: "Narrative becomes a problem only when we wish to give to real events the form of story. It is because real events do not offer themselves as stories that their narrativization is so difficult". WHITE, Hayden. The value of narrativity in the representation of reality. Op. cit., p. 4.
  • 38
    KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Op. cit., pp. 154-5.
  • 39
    Cf. COLLINGWOOD, R. G. A idéia de história. Trad. Alberto Freire. Lisboa: Editorial Presença, 2001, p. 252.
  • 40
    Cf. ISER, Wolfgang. O fictício e o imaginário. Perspectivas de uma antropologia literária. Trad. Johannes Kretschmer. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1996, p. 13-33.
  • 41
    Podemos mencionar as chamadas "metaficções historigráficas", segundo definição proposta por Linda Hutcheon. A autora sustenta que "a ficção pós-moderna sugere que reescrever ou reapresentar o passado na ficção e na história é - em ambos os casos - revelá-la ao presente, impedi-lo de ser conclusivo e teleológico". HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo. Trad. Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991, p. 147.
  • 42
    Neste sentido, afirma Ricardo Benzaquen de Araújo: "Raramente discutimos o fato de que existem várias formas, formas distintas de se associar dados fragmentários, em totalidades significativas. Não há só uma, duas ou três maneiras". ARAÚJO, Ricardo Benzaquen de. História e Narrativa. Op. cit., p. 234.
  • 43
    ISER, Wolfgang. O ato da leitura. Uma teoria do efeito estético. Trad. Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34, 1996, p. 180.
  • 44
    Segundo os autores, "o modernismo é uma época, não da retórica, mas da retoricidade, ou seja, a época de uma retórica generalizada que penetra nos mais profundos níveis da experiência humana. (...) A retórica não é mais o título de uma doutrina e uma prática, nem uma forma de memória cultural; torna-se, em vez disso, algo como a condição de nossa existência". WELLBERY, David; BENDER, John. Retoricidade: sobre o retorno modernista da retórica. In: COSTA LIMA, Luiz; KRETSCHMER, Johannes (org.). Neo-retórica e desconstrução. Trad. Angela Melim. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998, p. 31.
  • 45
    Sobre o papel da retórica no texto histórico, conferir: HARTOG, François. A arte da narrativa histórica. Op. cit., p. 197. Em suas palavras, "é evidente que o trabalho do historiador, seu talento, sua originalidade com relação a seus predecessores, em resumo tudo aquilo em função do que um príncipe a ele recorreria decorre de seu domínio da arte da exposição". Em O espelho de Heródoto, Hartog destaca que esta retórica visa à produção de discursos de alteridade, e para tal emprega estratégias que tem por objetivo falar o outro o enunciando em sua diferença. Estas estratégias seriam as seguintes: inversões, analogias, comparações e recursos ao maravilhoso. Cf. HARTOG, François. O espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação do outro. Trad. Jacyntho Lins Brandão. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999, p. 229-271.
  • 46
    Cf. LACAPRA, Dominick. Rethinking intellectual history and reading texts. Op. cit., p. 31.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2008

Histórico

  • Recebido
    Jul 2006
  • Aceito
    Fev 2007
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