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RESUMOS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS APROVADOS

RESUMOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS APROVADOS

SCIENTIFIC PAPERS ABSTRACTS

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P03

P03 – DOENÇA DE CHAGAS, O TRABALHO E A PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA (2004-2016): UMA ANÁLISE PRELIMINAR

Jean Ezequiel Limongi1, Keile Aparecida Resende Santos1,2, Luciomar de Melo3, Antônio Marcos Machado de Oliveira4, Ângelo José Gonçalves Bós5

1Programa de Pós-graduação Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG), Brasil 2Instituto Nacional do Seguro Social, Gerência Executiva de Uberlândia, Uberlândia (MG), Brasil 3Instituto Nacional do Seguro Social, Superintendência Regional Sudeste II, Belo Horizonte (MG), Brasil 4Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG), Brasil

5Instituto de Geriatria e Gerontologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (RS), Brasil

Introdução: A doença de Chagas (DC) representa uma condição infecciosa, classificada como enfermidade negligenciada pela Organização Mundial da Saúde. Os indivíduos doentes tornam-se vulneráveis, sofrendo atitudes discriminatórias que dificultam sua inserção profissional no mercado de trabalho. Nas últimas décadas, várias ações de saúde pública diminuíram a magnitude socioeconômica da DC nas Américas, sobretudo no Brasil. Objetivos: Analisar o impacto da DC em relação à concessão de benefícios previdenciários e assistenciais no período de 2004-2016. Métodos: O estudo foi realizado com base em dados secundários obtidos do Sistema Único de Informações de Benefício do sistema de Previdência Social. Foram analisadas características sociodemográficas e epidemiológicas dos beneficiários, bem como o impacto econômico dos benefícios previdenciários e assistenciais relacionados à DC. O tratamento e análise de dados foram realizados utilizando o programa EpiInfo 7.1.5. Resultados: Durante o período analisado, 36.023 benefícios foram concedidos. A maioria dos beneficiários foram indivíduos do sexo masculino (62,5%), idade média de 50 anos (desvio padrão – dp ± 9,4 anos), residentes em zona urbana (67,0%), com comprometimento cardíaco crônico (56,7%). Os estados com maior número de benefícios foram Minas Gerais (30,3%), Bahia (20%) e São Paulo (15,5%). O principal benefício concedido foi o auxíliodoença previdenciário (65,2%), seguido pela aposentadoria por invalidez (28,1%) e benefício assistencial (6,6%). As aposentadorias por invalidez foram concedidas para pessoas com idade média de 52 anos (dp ± 9,0 anos). Grande parte dos indivíduos trabalhava no ramo de atividade comércio (60,5%), seguido por atividades rurais (33,0%). Em média, os indivíduos permaneceram 4,7 anos (dp ± 7,3 anos) com a doença, antes da incapacidade laboral. Grande parte recebeu entre um e dois salários mínimos como benefício (79,4%), com média de 1,4 salários mínimos (dp ± 0,83 salários mínimos). O maior número de benefícios foi concedido em 2004 (14,5%), havendo um decréscimo gradativo até 2016 (3,9%). Discussão: Os registros previdenciários e assistenciais comprovam a diminuição de casos da DC no Brasil. Embora a maioria dos indivíduos doentes resida e trabalhe na zona urbana, pode se inferir que grande parte destes casos advém de infecções adquiridas no passado, em zona rural e em períodos de grande incidência da doença. Conclusão: Apesar da diminuição da incidência da DC no Brasil, casos infectados no passado ainda impactam de forma significativa o sistema previdenciário e assistencial brasileiro, o que denota a necessidade de um olhar diferenciado e protetivo aos trabalhadores acometidos pela doença, mas capazes para o labor.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P04

P04 – CARGA DE DOENÇA POR AIDS COM BASE EM DADOS PREVIDENCIÁRIOS E ASSISTENCIAIS NO BRASIL (2004-2016): UMA ANÁLISE PRELIMINAR

Jean Ezequiel Limongi1,Keile Aparecida Resende Santos1,2, Luciomar de Melo3, Antônio Miguel Gonçalves Bós4

1Programa de Pós-graduação Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG), Brasil 2Instituto Nacional do Seguro Social, Gerência Executiva de Uberlândia, Uberlândia (MG), Brasil 3Instituto Nacional do Seguro Social , Superintendência Regional Sudeste II, Belo Horizonte (MG), Brasil 4Tusculum College, Greeneville (Tennessee), Estados Unidos da América

Introdução: A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS, da sua sigla em inglês), desde seu reconhecimento na década de 1980, tem sido sério problema de saúde pública em todo o mundo, especialmente em países em desenvolvimento. O disability-adjusted life years (DALY) tem sido recomendado como um indicador para análise epidemiológica por ser mais completo, porém ele é pouco utilizado no Brasil. Objetivo: Calcular o DALY de indivíduos que convivem com a AIDS e recebem benefícios previdenciários e assistenciais no Brasil, no período de 2004-2016. Métodos: Os dados foram extraídos do Sistema Único de Informações de Benefícios (SUIBE) do sistema de Previdência e Assistência Social do Brasil, de acesso restrito. O DALY foi calculado para cada indivíduo pela soma dos indicadores years of life lost due to premature death (YLL) e years lived with disability (YLD). O YLL foi estimado pela expectativa de vida esperada na idade da morte. No conjunto de dados, essas informações foram coletadas para os indivíduos que morreram antes do dia de fechamento da avaliação de dados. O YLD foi estimado multiplicando-se o tempo em que os indivíduos convivem com a AIDS pelo peso da incapacidade em terapia antirretroviral, previamente determinado como 0.078. Resultados: Foram analisados dados de 80.505 indivíduos, sendo que 16.493 (20,5%) destes foram a óbito. A DALY total foi de 790.309, sendo o indicador YLL responsável por grande parte deste valor (578.003; 73%). Em média, cada indivíduo com AIDS nesta casuística perdeu o equivalente a 9,82 anos de vida. Para uma estimativa populacional brasileira, a cada 100.000 habitantes, 384,49 anos foram perdidos em decorrência da AIDS. Embora as médias do DALY sejam similares entre homens e mulheres, (9,90 e 9,67, respectivamente), os homens foram responsáveis pela maior parte do DALY (509.852; 64,5%). Conclusões: Este foi o primeiro estudo sobre carga de doença por AIDS, utilizando dados individuais de beneficiários da previdência e assistência social brasileira. Embora a morte prematura tenha ocorrido em 20,5% dos indivíduos no conjunto de dados, esta, representada pelo YLL, foi mais importante do que a incapacidade associada à AIDS, representada pelo YLD. O baixo peso da incapacidade para indivíduos em terapia antirretroviral (0,078) influenciou sobremaneira no perfil do DALY. Os valores de DALY aqui apresentados se assemelham aos de outros estudos que fizeram estimativas usando dados de sistemas de informação da saúde pública, e em ambos a carga de doença por AIDS mostrou-se elevada, quando comparada a outras patologias.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P05

P05 – A AIDS E O TRABALHADOR NO CONTEXTO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA (2004-2016)

Keile Aparecida Resende Santos1,2, Luciomar de Melo3, Antônio Marcos Machado de Oliveira4, Jean Ezequiel Limongi1

1Programa de Pós-graduação Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG), Brasil 2Instituto Nacional do Seguro Social, Gerência Executiva de Uberlândia, Uberlândia (MG), Brasil 3Instituto Nacional do Seguro Social, Superintendência Regional Sudeste II, Belo Horizonte (MG), Brasil 4Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG), Brasil

Introdução: A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS, da sua sigla em inglês) afeta amplamente os contingentes populacionais, sendo mais prevalente em classes econômicas, faixas etárias e segmentos sociais. A desigualdade socioeconômica e o desemprego aumentam o risco de falta de acesso à prevenção e ao tratamento. Aprofundar discussões envolvendo a Previdência e Assistência Social pode garantir políticas públicas de sustentabilidade e proteção à saúde do trabalhador. Objetivos: Analisar o impacto da AIDS no âmbito da Previdência e Assistência Social, no período de 2004-2016. Métodos: O estudo foi realizado com dados secundários, obtidos do Sistema Único de Informações de Benefícios (SUIBE) do sistema de Previdência e Assistência Social. Foram analisadas características sociodemográficas e epidemiológicas dos beneficiários, bem como o impacto econômico desses benefícios relacionados à AIDS. O programa usado para tratamento e análise dos dados foi o EpiInfo 7.1.5. Resultados: Durante o período analisado 99.369 benefícios foram concedidos, a maioria para indivíduos do sexo masculino (65%), com faixa etária predominante de 30-44 anos (53%) e residentes em zona urbana (97%). O principal benefício concedido foi o auxílio-doença previdenciário (64%), seguido do benefício de prestação continuada (26,5%). Considerando o intervalo de tempo entre a data do início da doença (DID) e a data do início da incapacidade (DII), 50% da população pesquisada ficou incapacitada por até nove meses após a DID, sendo mais comum se incapacitarem na DID (23,7%). A idade média de adoecimento foi 36 anos (desvio padrão - dp ±10 anos) e a de incapacidade foi 39 anos (dp ± 9,0 anos). A faixa de tempo de contribuição de até 15 anos foi a predominante (91%), com média de 5,0 anos (dp ± 6,0 anos). Quando da concessão, 51% dos indivíduos estavam desempregados. Entre os empregados, 75% tralhavam no comércio. Grande parte dos beneficiários receberam de um a dois salários mínimos (75%), com média de 1,5 salários mínimos (dp ± 1,0 salário mínimo). As regiões geográficas de maior incidência foram Sudeste (43%) e Sul (23%). Discussão: O ineditismo deste estudo trará importantes informações sobre a AIDS no âmbito da Previdência e Assistência Social brasileira. Autores tecem considerações previdenciárias, porém não detalha dados epidemiológicos. Conclusão: Os registros comprovam que a maioria dos benefícios concedidos foi para indivíduos que se encontravam em fase da vida produtiva impactando significativamente tanto o mercado de trabalho quanto a economia do país e são indicativos da necessidade de implantar ações efetivas na promoção, proteção, tratamento e reparação da saúde dos trabalhadores.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P08

P08 – ANÁLISE DO PERFIL DO ESTILO DE VIDA DE SERVIDORES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO DISTRITO FEDERAL

Dayana da Silva Pereira1, Núbia Coelho Braga1, Welson Pereira Santos2, Leandro Lima da Silva2, Francelino Braga Junior1, Juliana Oliveira de Toledo Nóbrega1, Luciana Zaranza Monteiro1,2

1Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Departamento de Enfermagem. Brasília (DF), Brasil 2Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Departamento de Educação Física. Brasília (DF), Brasil

Introdução: A atuação profissional tem sido apontada como um fator interveniente no estilo de vida do indivíduo, uma vez que o trabalho é caracterizado como uma das principais atividades desenvolvidas pelo homem. O exercício da profissão e sua sobrecarga podem provocar desgastes físicos e emocionais nos trabalhadores, podendo refletir em prejuízos à saúde e à qualidade de vida. Objetivo: Analisar o perfil de estilo de vida de servidores de uma instituição do Distrito Federal. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, com 305 servidores de uma faculdade no Distrito Federal. Foram utilizados questionários para coleta de dados sociodemográficos e estilo de vida acerca de nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos e o controle de estresse. Foi utilizado o teste qui-quadrado e o teste exato de Fisher. Todas as análises foram realizadas no programa STATA 12.0. Resultados: A maioria era do sexo feminino (58,0%); com idade entre 20 a 29 anos (58,7%); sem companheiro (65,6%); nível superior incompleto (60,3%); classe econômica baixa (66,2%); não fumante (59,3%); e com nível regular de ingestão de álcool (63,1%). Sobre o estado nutricional, 47,2% dos funcionários estavam com sobrepeso e 37,7% classificavam sua saúde como boa. Em um estudo realizado com funcionários de uma indústria metalúrgica, no interior de São Paulo, foram achados dados semelhantes, onde 17,5 % dos trabalhadoresrelataramser tabagistase 59,9% consumiam álcool regularmente. Dos 305 servidores, 45,2% exerciam cargo como técnico administrativo; 51,9% trabalhavam de um a cinco anos na faculdade; 70,9% tinham carga horária de trabalho semanal menor que 40 horas; a maioria passava a maior parte do tempo na postura sentada (68,5%); ao final do dia, 51,8% alegavam muito cansaço e 41,1% apresentavam colesterol elevado. Em relação aos componentes do estilo de vida, observamos que os funcionários apresentaram um perfil mais negativo. Comparando o perfil de saúde, segundo os gêneros, notamos que as mulheres apresentaram um perfil negativo superior ao dos homens em quase todos os componentes. Acredita-se que essa diferença se deva ao fato do número de participantes do sexo feminino ser maior em nosso estudo. Conclusão: Espera-se que estes resultados sirvam de orientação e conscientização sobre hábitos preventivos que promovam saúde nesta população.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P09

P09 – SINTOMAS MUSCULOESQUELÉTICOS EM TRABALHADORES DE UMA UNIVERSIDADE DA REGIÃO CENTROOESTE DO BRASIL: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS

Dayana da Silva Pereira1, Núbia Coelho Braga1, Welson Pereira Santos2, Leandro Lima da Silva2, Francelino Braga Junior1, Juliana Oliveira de Toledo Nóbrega1, Luciana Zaranza Monteiro1,2

1Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Departamento de Enfermagem. Brasília (DF), Brasil 2Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Departamento de Educação Física. Brasília (DF), Brasil

Introdução: O trabalho pode causar agravos à saúde dos trabalhadores por meio do desgaste físico e/ou mental, ocasionando prejuízo à funcionalidade e, concomitante, perda da capacidade laboral, com alterações sociais e pessoais. Objetivo: Verificar a prevalência de sintomas musculoesqueléticos entre trabalhadores de uma universidade na cidade de Brasília-DF. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, com 305 servidores de uma universidade no Distrito Federal. Utilizou-se um questionário abordando dados sociodemográficos e o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. Para análise estatística foi utilizado o teste qui-quadrado e o teste exato de Fisher. As análises foram realizadas no programa STATA 12.0. Resultados: A maior parte da amostra foi constituída por indivíduos do sexo feminino (58,0%); com idade entre 20 a 29 anos (58,7%); sem companheiro (65,6%); nível superior incompleto (60,3%); classe econômica baixa (66,2%); não fumante (59,3%); com nível regular de ingestão de álcool (63,1%); e sedentários (60,3%). Entre os servidores 45,2% exerciam cargo como técnico administrativo; 51,9% trabalhavam de um a cinco anos na faculdade; 70,9% tinham carga horária de trabalho semanal inferior a 40 horas; a maioria passava a maior parte do tempo na postura sentada (68,5%); 51.8% alegavam muito cansaço ao final do dia e 41.1% apresentavam colesterol elevado. Sobre os sintomas osteomusculares percebemos que os trabalhadores apresentaram diferença significativa nas regiões: ombro (p<0,04), punho/mãos/dedos (p<0,05), região lombar (p<0,03), quadril/coxa (p<0,04) e joelhos (p<0,04). Notamos que as mulheres (n=78) se afastaram mais devido aos sintomas osteomusculares, quando comparado aos homens (n=32). Os locais mais frequentes de dor foram antebraço, região dorsal, região lombar, joelhos e tornozelos/pés. No presente estudo, 31,1% dos profissionais analisados relataram afastamento do trabalho no último ano por motivos de saúde. Discussão: Esses dados vão ao encontro do estudo1 que encontrou sintomas de dores osteomusculares nos últimos 30 dias em 62,7% dos trabalhadores, sendo as regiões lombar, cervical, ombros e joelhos as mais prevalentes. Uma revisão integrativa sobre o tema identificou que a principal causa de ausências ao trabalho está relacionada às dores musculoesqueléticas, sendo que dentre essas, evidências científicas apontam a dor lombar como destaque. Conclusão: A maioria dos trabalhadores relatou sentir alguma dor no corpo, ocasionando desconfortos físicos e psicológicos. Quando não tratadas, essas dores podem se tornar crônicas, interferindo de forma negativa na qualidade de vida dos trabalhadores.

 

REFERÊNCIA

1. Alencar MCB, Schultze VM, Souza SD. Distúrbios osteomusculares e o trabalho dos que cuidam de idosos institucionalizados. Fisioter Mov. 2010; 23(1):63-72.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P10

P10 – PERFIL DOS HÁBITOS ALIMENTARES E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA ENTRE SERVIDORES DO SETOR ADMINISTRATIVO NA CIDADE DE BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL

Dayana da Silva Pereira1, Núbia Coelho Braga1, Welson Pereira Santos2, Leandro Lima da Silva2, Francelino Braga Junior1, Juliana Oliveira de Toledo Nóbrega1, Luciana Zaranza Monteiro1,2

1Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Departamento de Enfermagem. Brasília (DF), Brasil 2Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Departamento de Educação Física. Brasília (DF), Brasil

Introdução: O excesso de peso e suas comorbidades exercem influência direta sobre a saúde e, consequentemente, sobre a capacidade de trabalho do individuo. A inatividade física se constitui em um dos principais fatores determinantes para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), sendo causador de uma a cada dez mortes no mundo. Objetivo: Avaliar os hábitos alimentares e nível de atividade física em servidores de uma instituição particular do Distrito Federal. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, realizado entre novembro de 2017 a abril de 2018, com 270 servidores do setor administrativo. Utilizou-se um questionário abordando dados sociodemográficos e, para avaliar o nível de atividade física, foi utilizada a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ). A variável nutricional foi definidaatravés do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), onde se utilizou peso e altura autorreferidos. Os hábitos alimentares foram avaliados pela frequência semanal de consumo de frutas, verduras ou legumes, feijão, refrigerantes, leite integral com gordura, carnes (vermelha e frango) com gordura visível, adaptados pelo VIGITEL. Para análise estatística foi utilizado o teste qui-quadrado e o teste exato de Fisher. As análises foram realizadas no programa STATA 12.0. Resultados: A maior parte da amostra foi constituída por indivíduos do sexo feminino (60,0%), com idade de 40 a 49 anos (48,5%), que estavam com companheiro (61,2%), trabalhavam de cinco a dez anos na faculdade (37,4%), com carga horária de trabalho semanal inferior a 40 horas (60,8%), apresentavam baixo nível econômico (65,9%), estavam em sobrepeso (67,4%) e não realizavam atividade física de acordo com as recomendações (69,7%). Observou-se que a prevalência de inatividade física entre os servidores administrativos foi maior entre as mulheres (58%) quando comparado aos homens (40%) (p=0,004). Em relação aos fatores protetores, a maioria não consumia cinco ou mais vezes na semana frutas, saladas cruas, verduras/legumes e feijão. Apenas 30,8% dos funcionários consumiam frutas, 26,7% consumiam saladas cruas, 29,8% consumiam verduras/ legumes e 35,8% consumiam feijão. Sobre os fatores de risco para DCNT, 65,6% dos servidores consumiam refrigerante mais de três vezes na semana, 54,7% consumiam leite com gordura, 62,1% consumiam carne com gordura visível, 43,9% consumiam álcool. Conclusão: Programas de atividade física e hábitos alimentares mais saudáveis devem ser implantados nos programas focando a saúde do trabalhador com intuito de diminuir os fatores de risco para doenças crônicas, visto que essas doenças geram um impacto negativo na saúde do trabalhador.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P11

P11 – PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM TRABALHADORES DE UMA INDÚSTRIA DE GRAU DE RISCO TRÊS EM MINAS GERAIS

Juliana Santana Borges Sousa1

1Curso de Pós Graduação em Medicina do Trabalho, Centro de Estudo em Enfemagem e Nutrição, Goiânia (GO), Brasil

Introdução: O cenário mundial e brasileiro de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) tem se revelado como um novo desafio para a saúde pública e ocupacional. No contexto laboral, as doenças crônicas contribuem para o absenteísmo, maior rotatividade de empregos e aposentadorias precoces. O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) tem por objetivo promoção e preservação da saúde dos trabalhadores de uma empresa e nesse contexto pode arquitetar um plano de gestão dos fatores de risco para DCNT. Também pode subsidiar ações de promoção da saúde do trabalhador através de uma abordagem alimentar e nutricional considerando o sujeito em sua singularidade e sua inserção sociocultural. Objetivos: Identificar o perfil epidemiológico dos trabalhadores de uma indústria de grau de risco três com relação às DCNT mais comuns. Métodos: Estudo epidemiológico transversal e observacional, retrospectivo de prontuários médicos relativos aos exames periódicos de funcionários no ano de 2017 atendidos em ambulatório de medicina do trabalho de uma indústria de grau de risco três, localizada em Minas Gerais, Brasil. Resultados: Foram analisados 1026 atendimentos. A amostra foi formada por 338 (33%) trabalhadores do sexo feminino e 688 (67%) do masculino. A média de idade encontrada foi de 34,9 anos. Quanto ao universo de ocorrência das patologias avaliadas foi encontrado 2% de diabetes mellitus (DM), 9% de hipertensão arterial sistêmica (HAS), 35% de dislipidemia e 54% de sobrepeso/obesidade. Em 66% dos casos houve registro de apenas uma ocorrência dos indicadores pesquisados e em 34% mais de duas ocorrências. Conclusão: Através de uma análise de dados é possível sistematizar a informação e identificar o perfil de saúde de cada trabalhador e se tornar ponto de partida para uma gestão de riscos de DCNT mais assertiva. No entanto, ressalta-se a necessidade de mais pesquisas sobre essa temática como uma oportunidade de melhoria da qualidade de vida e na diminuição da morbimortalidade de trabalhadores.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P12

P12 – A BACTÉRIA LEGIONELLA E O RISCO OCUPACIONAL

Lívia Schwab

Introdução: A bactéria Legionella foi inicialmente reconhecida em 1976 depois de um surto em uma convenção da American Legion, em Filadélfia – Pensilvânia, nos Estados Unidos da América. Morreram 34 participantes e 221 adoeceram com pneumonia, origem do nome Doença dos Legionários. Essa doença é a forma pneumônica de uma infecção normalmente causada pelo sorogrupo 1 de Legionella pneumophila. Nem todos os indivíduos expostos à bactéria Legionella ficam doentes, porém cerca de 5 a 10 % dos indivíduos infetados evoluem para óbito. Na Europa existem legislações e controles específicos sobre a contaminação por Legionella sob responsabilidade da ELDSNet - European Legionnaires' Disease Surveillance Network. Objetivos: Realizar uma revisão da bibliografia sobre o risco de infecção por Legionella em ambientes ocupacionais, e sobre as recomendações de medidas de prevenção e gerenciamento do risco a serem adotadas pelas empresas. Métodos: Revisão de manuais europeus, pesquisa nos sites especializados (ewgli. org; escmid.org; dgs.pt) e demais artigos relacionados tema. Resultados: As bactérias do gênero Legionella encontram-se em ambientes aquáticos naturais e também em sistemas artificiais, como redes de abastecimento/distribuição de água, redes prediais de água quente e água fria, ar condicionado e sistemas de arrefecimento (torres de refrigeração, condensadores evaporativos e humidificadores) existentes em edifícios, como hotéis, termas, centros comerciais e hospitais. Surgem ainda em fontes ornamentais e tanques recreativos, como, por exemplo, jacuzzis. Há determinados fatores que favorecem o desenvolvimento da bactéria: temperatura da água entre 20°C e 45°C; pH entre 5 e 8; umidade relativa superior a 60%; zonas de reduzida circulação de água (reservatórios de água, torres de arrefecimento, tubagens de redes prediais, pontos de extremidade das redes pouco utilizadas, etc.); presença de outros organismos (algas, amibas, protozoários) em águas não tratadas ou com tratamento deficiente; existência de um biofilme nas superfícies em contato com a água; processos de corrosão ou incrustação. Para minimizar a proliferação de Legionella pneumophila devem ser adotadas medidas de prevenção e de controlo físico-químico e microbiológico, para promover e manter limpas as superfícies dos sistemas de água e de ar. A existência de uma análise positiva de Legionella na água não quer dizer que ocorra imediatamente a doença. Conclusões: No Brasil, existe a necessidade do aprimoramento do conhecimento pelas equipes de saúde e segurança do trabalho sobre o risco ocupacional da bactéria. Devem ser estabelecidos protocolos gestão deste risco, baseado nas metodologias europeias.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P13

P13 – O TELETRABALHO NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL ACERCA DAS RECOMENDAÇÕES DE ERGONOMIA

Evandro Carlos Miola1, Carolina Jean Pinheiro2

1Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, Manaus (AM), Brasil 2Universidade Federal do Amazonas, Manaus (AM), Brasil

Introdução: O mundo do trabalho tem passado por profundas transformações, especialmente em decorrência da globalização, do neoliberalismo e das novas tecnologias de informação e comunicação. As transformações das fronteiras geográficas e temporais evidenciam a necessidade de atualização nas configurações das relações mercadológicas e, sem dúvida, nas relações de trabalho, preconizando modos flexíveis e criativos. O teletrabalho ou home office surge como uma das alternativas para a contemporaneidade. A Organização Internacional do Trabalho (1996)1 define o teletrabalho como a forma de trabalho realizada em lugar distante do escritório e/ou centro de produção que permita a separação física e que se utilize de uma nova tecnologia que facilite a comunicação. No âmbito do Poder Judiciário (PJ), os Tribunais tem implantado este regime de trabalho com base nas vantagens tanto para o servidor, como para a Administração Pública. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) regulamentou o teletrabalho no PJ por meio da Resolução nº 227/20162. Entre os desafios que se apresentam na execução do teletrabalho a partir da vigência do referido normativo, tem-se a mensuração do desempenho e a adequação do ambiente em que são executadas as atividades. Considera-se que a atividade é executada essencialmente em ambiente de escritório, com exposição a riscos ergonômicos e psicossociais que podem impactar significativamente a saúde desses indivíduos. Objetivos: Este trabalho tem por objetivo principal analisar como os Tribunais Superiores normatizaram a mensuração de produtividade dos teletrabalhadores e o oferecimento de orientações ergonômicas e prevenção de agravos. Métodos: Trata-se de pesquisa qualitativa, que utiliza a análise documental para compreender as recomendações existentes no regime do teletrabalho. Foram realizadas consultas aos sítios eletrônicos do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Superior Tribunal Militar (STM), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Supremo Tribunal Federal (STF), o que possibilitou identificar o acervo de atos normativos vigentes até 30/06/2018, além da análise e cruzamento dos conteúdos existentes. Resultados: Como resultado, foi possível auferir que a Resolução CNJ nº 227/2016,2 hierarquicamente acima dos Tribunais pesquisados, estabeleceu que a produtividade dos teletrabalhadores deve ser superior à dos servidores que atuam em regime presencial, sem fixar parâmetro objetivo. Quanto às orientações de saúde e ergonomia, a resolução preceitua que os Tribunais deverão promover cursos, palestras, oficinas ou quaisquer outros recursos que agenciem a difusão de tais conhecimentos. Vincula como responsabilidade do servidor ou servidora que adentra o regime a responsabilidade de adequação de mobiliários e utensílios, e a observação contínua de tais orientações. Os Tribunais pesquisados preservam as prescrições fixadas pelo CNJ, exceto aqueles que ainda estavam em projeto-piloto, variando no percentual estipulado para a produtividade esperada e de recomendação de horário de jornada de trabalho. As orientações ergonômicas e de prevenção de agravos não são específicas e/ou padronizadas. Conclusões: Sendo o objeto de estudo uma temática recente e ainda em construção, observou-se a ausência de regras claras e objetivas e a carência de resoluções que abarquem a complexidade do teletrabalho, especialmente no que diz respeito às orientações ergonômicas e de prevenção de agravos. Ademais, todos os atos normativos transferem ao teletrabalhador a responsabilidade pela estruturação da estação de trabalho com equipamentos de informática e mobiliário adequados, sem fiscalização ou acompanhamento.

 

REFERÊNCIAS

1. Organização Internacional do Trabalho -OIT. Recomendación 184 – Recomendación sobre el trabajo a domicilio. Genebra: OIT, 1996.

2. Conselho Nacional de Justiça - CNJ. Resolução nº 227/2016. Brasília: Tribunal Superior do Trabalho - TST, 2016.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P14

P14 – RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA ÀS VÍTIMAS DE ASSALTO E SEQUESTRO DE UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NACIONAL, NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Ana Luiza Santos de Souza, Sheila de Castro Cardoso Toniasso, Liziane da Silva Matte, Renata Pavão Moreira

Introdução: A violência pode gerar sofrimento psíquico ao indivíduo vítima de uma assalto e/ou sequestro. Uma instituição financeira nacional criou um Programa de Assistência denominado Programa de Assistência às Vítimas de Assalto e Sequestro (PAVAS), com o objetivo de diminuir o impacto negativo sobre a saúde do trabalhador de episódio de assalto e/ou sequestro que visem o patrimônio da instituição. Trata-se de um programa de caráter emergencial com assistência médica, psicológica, jurídica e de segurança, que atua até a recomposição do equilíbrio pessoal e profissional dos envolvidos. O programa oportuniza uma intervenção precoce, nas primeiras 24 a 48 horas do ocorrido, com orientações que visam à preservação da saúde e da segurança do trabalhador, com enfoque na prevenção dos transtornos mentais. Objetivo: Relatar a experiência profissional desenvolvida pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) no acompanhamento do trabalhador vítima de assalto e/ou sequestro. Métodos: Estudo transversal, quantitativo e descritivo realizado em instituição financeira nacional. Os dados foram coletados dos relatórios de primeiro atendimento da ocorrência realizados pela Gestão de Pessoas/SESMT na regional do estado do Rio Grande do Sul da empresa, assim como das fichas de acompanhamento funcionários ao longo dos anos de 2015, 2016 e 2017. O armazenamento dos dados e sua análise foram realizados em Programa Excel 2016. Resultados: No ano de 2015 há registro de 07 eventos, envolvendo 44 funcionários, com 01 afastamento por licença saúde. No ano de 2016 há registro de 11 eventos, envolvendo 68 funcionários, com necessidades de 13 afastamentos por licença saúde. No ano de 2017 há registro de 07 eventos, envolvendo 25 funcionários, com 04 afastamentos por licença saúde. Em todos os casos houve a emissão do Comunicado de Acidente de trabalho, havendo 01 reabertura de CAT após 180 dias do evento tanto em 2016, quanto em 2017. O programa disponibiliza psicoterapia individual e atendimento médico, ambos custeados pela empresa. Todos os funcionários foram acompanhados pelo SESMT durante pelo menos 6 meses. Conclusão: O programa desenvolvido pela empresa e conduzido, em parte pelo SESMT regional, demonstra a preocupação da instituição com a preservação da saúde de seu trabalhador, assim como reforça a importância de uma intervenção precoce, com acompanhamento adequado, na tentativa de evitar o adoecimento, após uma situação de estresse agudo.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P15

P15 – PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA (PCD) ADMITIDAS EM UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NACIONAL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Ana Luiza Santos de Souza, Sheila de Castro Cardoso Toniasso, Liziane da Silva Matte, Renata Pavão Moreira

Introdução: A pessoa com deficiência (PcD) admitida faz parte de um programa de acompanhamento implantado pela equipe do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) de um instituição financeira nacional. Este programa visa à inclusão do funcionário na unidade de trabalho, por meio do reconhecimento dos fatores que facilitam ou dificultam esse processo, para que seja possível adequar as condições de trabalho às necessidades dos trabalhadores. Objetivos: a) Analisar a inserção do funcionário no processo de trabalho da instituição financeira, após sua admissão; b) Avaliar a compatibilidade das atribuições do cargo com a deficiência do mesmo; c) Verificar a adaptação do funcionário às orientações prescritas. Métodos: Estudo transversal, quantitativo e descritivo realizado em instituição financeira nacional, na regional Rio Grande do Sul, no ano de 2017. Os dados foram coletados por questionário enviado ao funcionário PcD sobre acessibilidade e adequação do posto de trabalho. Algumas informações foram coletadas no prontuário de saúde ocupacional e nas análises ergonômicas do trabalho (AET). O armazenamento dos dados e sua análise foram realizados em Programa Excel 2016. Resultados: Os formulários foram enviados aos 82 funcionários enquadrados como PCD, sendo que 55 responderam e 27 não responderam ao questionário. Três alegaram que o local de trabalho não garantia a acessibilidade e dois informaram que o posto de trabalho não era adequado as suas necessidades. Ressalta-se que, na Análise Ergonômica do Trabalho destes funcionários, na data de sua posse, não havia recomendações de necessidade de adaptação do local/posto de trabalho. Informamos que estes apontamentos serão verificados nas visitas de renovação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), realizadas pela segurança do trabalho no ano de 2018 e as providências necessárias serão apontadas à empresa para que sejam implantadas. Atualmente, entre os 82 funcionários PcD, há 9% de funcionários enquadrados como deficiente auditivo, 2% enquadrados via processo de reabilitação previdenciária, 26% como deficientes visuais e 63% como deficientes físicos. Conclusão: A implantação do programa de acompanhamento realizado pela equipe do SESMT demonstra a preocupação, por parte da empresa de identificar necessidades de adaptações e acessibilidade adicionais àquelas apontadas na admissão do funcionário enquadrado como deficiente.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P16

P16 – PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA DE EQUIPE MULTIDISCIPLINAR EM ATENDIMENTO SETORIAL DO SERVIÇO DE MEDICINA OCUPACIONAL DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE (HCPA)

Sheila de Castro Cardoso Toniasso1, Maria Carlota Borba Brum1, Karen Gomes D'Avila1, Fábio Fernandes Dantas Filho1, Eunice Beatriz Martin Chaves2, Francisco Arsego de Oliveira1,3

1Serviço de Medicina Ocupacional, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre (RS), Brasil 2Unidade de Saúde dos Funcionários, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre (RS), Brasil 3Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (RS), Brasil

Introdução: O Serviço de Medicina Ocupacional (SMO) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) criou um Programa de Assistência Setorial com equipes multidisciplinares para melhorar a qualidade do atendimento prestado, visando o cuidado integral do trabalhador. Trata-se de um programa de caráter clínico e ocupacional com atividades de promoção de saúde. O Programa oportuniza uma avaliação do estado de saúde dos funcionários da área analisada e fornece subsídio para o planejamento de intervenções que visam à preservação da saúde e da segurança do trabalhador. O programa prevê análise e discussão do setor com reuniões mensais com médico do trabalho, médico clínico geral, técnico de enfermagem do trabalho, técnico de segurança do trabalho, assistente administrativo do serviço de medicina ocupacional e do enfermeiro vinculado ao setor em análise (atualmente seis setores). Caso seja necessário, poderá ser realizada consultoria com profissional da psiquiatria e da ortopedia que estão vinculados ao serviço e que atendem demandas dos seis setores. Objetivo: Relatar a experiência profissional desenvolvida pelo SMO do HCPA. Resultados: Foi confeccionado um plano de ação a ser desenvolvido ao longo de 2018 com a realização de visitas no setor, com atividades de promoção de saúde, denominados diálogos de saúde. Nestas visitas, também é realizado a escuta dos funcionários, que expõem suas dúvidas de saúde clínica e ocupacional, e de segurança no trabalho, direcionando os assuntos que deverão ser tratados nos próximos encontros. Dessa forma, é possível realizar um acompanhamento epidemiológico do setor, com dados de indicadores clínicos e ocupacionais, analisando as principais causas de adoecimento e de insatisfação no trabalho. Também possibilita a identificação de necessidades de melhorias no ambiente laboral. Conclusão: O Programa de Assistência Setorial com equipe multidisciplinar do Hospital de Clínicas de Porto Alegre demonstra a preocupação da instituição com a promoção da saúde de seu trabalhador, com enfoque na preservação do bem-estar. Além disso, o Programa reforça a importância do atendimento integral do trabalhador, com acompanhamento adequado das diferentes áreas do HCPA, na tentativa de evitar o adoecimento, promovendo melhoria das condições de trabalho.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P17

P17 – PROGRAMA DE FISIOTERAPIA IN COMPANY EM UMA EMPRESA METALÚRGICA: QUEM GANHA, EMPREGADO OU EMPREGADOR?

Lucio Mauro Alves1, Deise Cardoso Candido1, Nathalia de Almeida Veiga1, Mariana Perucio Batista Sant'Ana1, Izis Machado1, Olavo Guilherme Marassi Filho1

1Primetals Technologies

Introdução: A gestão institucional dos Programas de Promoção à Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho (PPS&QVT) tem apresentado um crescente interesse nas últimas décadas1 e o número de empresas que a praticam tem aumentado2. Toda empresa necessita de colaboradores saudáveis e produtivos e os empresários estão conscientes que a saúde e o bem estar dos seus empregados estão diretamente relacionados à produtividade/competitividade corporativa3. Objetivo: Evidenciar como uma gestão corporativa dos PPS&QVT bem estruturada proporcionou uma redução significativa nos índices de absenteísmo por problemas osteomusculares, contribuindo para elevação da produtividade e reduzindo custos de saúde atuando-se focado nas demandas de cada colaborador, identificando suas necessidade, (re)incluindo-os em funções compatíveis com suas limitações e adequando ao ambiente de trabalho. Métodos: Para elaboração deste trabalho foi utilizado o estudo de caso. Resultados: Em 2015, após constatarse um aumento de 64,4% no número de dias perdidos por problemas osteomusculares e fisioterapia a empresa implantou o Programa de Gestão de Doenças Osteomusculares, inserido nos PPS&QVT. Houve a inclusão da fisioterapia in company estruturada por uma equipe multidisciplinar (fisioterapia, ginástica laboral, medicina e enfermagem do trabalho e área psicossocial) sustentada pela ergonomia. Após a implantação do Programa, gerou-se um retorno financeiro de R$ 487.364,00 em seu primeiro ano. Observou-se redução de mais de 85% nos indicadores de absenteísmo por doenças osteomusculares e fisioterapia. Discussão: O estudo demonstra que quando se proporciona melhorias na qualidade de vida dos funcionários, além dos ganhos para estes, ganham também as empresas pela diminuição no absenteísmo, rotatividade, presenteísmo, acidentes de trabalho, custos com saúde, retenção de talentos e maior produtividade. Estes dados ratificam os estudos científicos que evidenciam o retorno financeiro em cerca de quatro vezes o valor investido em PPS&QVT. Assim, o conjunto de ações de promoção, proteção e recuperação à saúde, são fundamentais para a construção de um novo modelo de gestão de saúde corporativa. Conclusão: No que diz respeito ao bem-estar diário, nossa experiência ratifica que uma boa gestão de saúde corporativa ajuda a melhorá-lo. Apesar das inúmeras vantagens advindas de programas semelhantes já terem sido comprovadas, muitos empresários ainda relutam em implantar programas que atuem na qualidade de vida de seus trabalhadores devido ao elevado custo inicial, embora esses investimentos possam proporcionar saving ou até gerar lucros. Diante dos resultados obtidos fica evidente que o mais importante é que empregadores e empregados estejam cientes que o investimento em PPS&QVT é diretamente proporcional ao lucro, seja este medido financeiramente ou em melhorias na qualidade de vida dos empregados.

 

REFERÊNCIAS

1. Bandini M. Impactos das ações de Promoção da Saúde incluídas no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional de empresas do ramo alimentício [Tese de Doutorado]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2006.

2. Caldwell B. Work sites lag behind healthy 2000 goals. Employee Benefit Plan Review. 2000;55:16-17.

3. Mendes R. Patologia do Trabalho. 2 ed. São Paulo: Atheneu; 2003.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P20

P20 – ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS ACIDENTES DE TRAJETO RELACIONADOS AO TRABALHO NO BRASIL (2007 A 2016)

Arthur Arantes da Cunha1, Danielle Gonçalves da Silva1, Rodolfo Antonio Corona1, Rosilene Ferreira Cardoso1, Fabrízio do Amaral Mendes1, Rafael Henrique de Andrade Rodrigues1, Júlia Terra Molisani1

1Universidade Federal do Amapá - UNIFAP.

Introdução: Muitos casos de agravos à saúde do trabalhador são decorrentes dos acidentes de trabalho, que podem ser classificados em acidentes de trajeto (ATJ), acidentes típicos (AT) e acidentes devidos à doença do trabalho (ADDT). Apenas em 2014 o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou aproximadamente R$ 244 milhões com acidentes de transportes terrestres. Parte desses casos são ATJ, que ocorrem no trânsito domicílio-trabalho e vice-versa. Assim, fica evidente a importância epidemiológica desses agravos para a Medicina do Trabalho, em razão do impacto nos serviços de saúde e na vida dos trabalhadores. Objetivos: Calcular a incidência e a sua respectiva taxa de variação, quanto aos acidentes de trajeto relacionados ao trabalho no Brasil, durante o período de 2007 a 2016, destacando a razão entre os ATJ e outras variáveis estudadas, como ADDT, AT e total de acidentes de trabalho com Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT) registrada. Métodos: Este é um estudo quantitativo retrospectivo descritivo baseado em dados públicos secundários relativos ao período entre os anos de 2007 a 2016. As informações referentes aos números de acidentes de trabalho foram extraídas de Anuários Estatísticos da Previdência Social brasileira, publicados pelo Ministério da Fazenda/Secretaria de Previdência. Foram utilizados apenas dados de acidentes com CAT registrada, que correspondem aos acidentes cuja CAT foi cadastrada no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pois, embora notificados, acidentes sem CAT registrada não possuem classificação (ATJ, AT e ADDT). Os dados da População Economicamente Ativa, utilizados para calcular as incidências anuais, foram retirados de levantamentos produzidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O cálculo da taxa de frequência foi realizado a divisão do número de acidentes por 100.000 pessoas economicamente ativas. Resultados: A taxa de frequência de acidentes de trajeto relacionados ao trabalho aumentou de 79,9, em 2007, para 105,4, em 2016, representando uma variação positiva de 32%. De 2007 a 2016, o número de ADDT reduziu 44,1%, o de ATJ aumentou 36,9% e o de AT decresceu 15,1%. A razão ATJ/AT variou (61,3%) de 0,189 para 0,305, a razão ATJ/ADDT alterou (145%) de 3,53 para 8,65 e a razão ATJ/Acidentes Totais com CAT Registrada teve uma variação (49,3%) de 0,152 para 0,227. Conclusões: Os resultados desse estudo permitem verificar o aumento dos ATJ notificados. Possivelmente, isso implica em um problema nacional, devido ao considerável comprometimento orçamentário do Estado pelos elevados gastos da Previdência Social brasileira e do SUS, além dos males à saúde do trabalhador.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P21

P21 – O PAPEL DO MÉDICO DO TRABALHO COMO GESTOR DE SAÚDE

Alexandre Ralph Flores de Queiroz

Instituto Oscar Freire, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil

Introdução: A Medicina do Trabalho iniciou com a Medicina Industrial, passando pela Saúde Ocupacional, Saúde do Trabalhador até incorporar os conceitos de Medicina Preventiva e Social. O processo de globalização e as mudanças no processo de trabalho levaram ao deslocamento do perfil de morbidade causada pelo trabalho, das doenças relacionadas ao trabalho para doenças crônicas. Além disso, no contexto atual da especialidade, os exames ocupacionais e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) são mera rotina e/ou formalidade legal, aliados a inúmeras alterações rotineiras nos instrumentos jurídico-institucionais. Toda essa evolução e o cenário contemporâneo exigem novas competências para o exercício do trabalho, especialmente vinculado aos conceitos de Gestão de Saúde. Objetivo: Identificar as principais competências do médico do trabalho atuando como gestor de saúde, como as ferramentas que o auxiliam na coleta de informações de saúde, e avaliar como a gestão de informação permite o planejamento de saúde. Método: Revisão bibliográfica de textos editoriais e institucionais, artigos e teses sobre o referido tema, encontrados nas principais bases de dados e revistas das áreas temáticas. Foram critérios de seleção que os artigos fossem em português e/ou inglês, publicados de 2000 a 2017. Resultados: Foram localizados 1.388 artigos, sendo que 10 foram selecionados. O papel do médico do trabalho está atrelado ao diagnóstico e proteção da saúde do trabalhador, devendo possuir uma visão estratégica da saúde populacional da empresa. A utilização de PCSMO como ferramenta de gestão, os exames ocupacionais como oportunidade de promoção de saúde e prevenção de doenças e o uso de sistemas de informação para reunião de informação de saúde se tornam recursos indispensáveis para sua atuação como gestor de saúde. Ainda, deve possuir a atribuição de fazer a mediação e ter um bom relacionamento corporativo entre os diversos setores da empresa. O uso de modelos de gestão (admissões, riscos, afastamentos de longo prazo, período de benefício previdenciário, retorno para empresa a partir da Previdência, avaliação dos empregados com restrição e demissões) para se criar um alinhamento estratégico entre as necessidades da área de saúde e o interesse das áreas de negócio da empresa, com a geração de indicadores de saúde, permite o entendimento e intervenções necessárias para processo de tomada de decisão. Conclusão: O médico do trabalho precisa de habilidades gerenciais e administrativas, na qual se insere o papel de liderança e mediação com os setores, difusão dos conhecimentos, visão ampliada da saúde populacional da empresa e utilização de ferramentas adequadas para a produção de indicadores de saúde, agregando os conceitos de medicina preventiva e social à especialidade, devendo estar em processo contínuo de capacitação.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P22

P22 – INCIDÊNCIA DE DOENÇAS OCUPACIONAIS NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DO ESTADO DO AMAZONAS EM 2016

Evandro Carlos Miola

Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, Manaus (AM), Brasil

Introdução: Os números do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT) mostram que o Amazonas foi o estado brasileiro com a maior incidência de doenças ocupacionais nos anos de 2013 a 20161. Objetivo: Identificar no grupo de atividades econômicas da indústria de transformação aquelas com maior incidência de doenças ocupacionais. Métodos: Foram extraídos dados do AEAT referentes à incidência de doenças ocupacionais/1.000 vínculos, que foram notificadas por Comunicação de Acidente do Trabalho por empresas cujas atividades econômicas estão incluídas na Seção "C" (indústrias de transformação) da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2016. O resultado do indicador das classes/CNAE das empresas instaladas no Amazonas foi comparado com valor apurado no Brasil para o mesmo segmento econômico. Resultados: Consideradas todas as atividades econômicas, a incidência de doenças ocupacionais/1.000 vínculos foi de 0,57 no Amazonas e 0,30 no Brasil. No Amazonas, as maiores incidências de doenças ocupacionais/1.000 vínculos foram registradas nos seguintes ramos econômicos: fabricação de pilhas, baterias e acumuladores elétricos, exceto para veículos (15,02); fabricação de artefatos de material plástico não especificados (7,04); fabricação de equipamentos de transporte não especificados (5,05); fabricação de motocicletas (4,26); fabricação de peças e acessórios para os sistemas de marcha e transmissão de veículos automotores (4,22). Nas mesmas atividades foram apuradas no Brasil, respectivamente, as seguintes incidências/1.000 vínculos: 4,12; 0,56; 1,93; 3,15; 4,37. Discussão: A denominação "indústria de transformação" engloba empresas que executam a transformação física, química e biológica de materiais, substâncias e componentes com a finalidade de se obterem produtos novos. O Polo Industrial de Manaus (PIM) é uma das principais fontes de emprego e renda no Amazonas. Em determinados setores, como na fabricação de motocicletas, o PIM produz parcela significativa do total de alguns tipos de bens feitos no Brasil. Esta concentração de algumas atividades industriais na capital amazonense pode influenciar na análise do indicador. A incidência de doenças ocupacionais/1.000 vínculos no Amazonas, considerando todas as atividades econômicas, foi 90% maior que a verificada no Brasil. Das cinco atividades econômicas com as maiores incidências de doenças/1.000 vínculos no Amazonas, as quatro primeiras apresentaram resultados significativamente maiores que os apurados no Brasil no mesmo segmento: na fabricação de pilhas e acumuladores a taxas de frequência foi 264% maior; na fabricação de artefatos de material plástico não especificados superou em 1.161%; na fabricação de equipamentos de transporte não especificados foi 161% superior; na fabricação de motocicletas foi 35% maior. Na fabricação de peças e acessórios para os sistemas de marcha e transmissão de veículos automotores a incidência foi 3,4% menor. Em todos os cinco os ramos de atividade mencionados a incidência de doenças superou a registrada para o total de trabalhadores do Amazonas nas seguintes proporções: 2.513,1%; 1.124,7%; 778,7%%; 641,1%; 633,8%. Conclusão: Os números indicam a necessidade premente de intervenções conjuntas do Poder Público, empresas e trabalhadores visando à melhoria das condições de saúde e segurança nas indústrias de transformação do Amazonas.

 

REFERÊNCIA

1. Brasil. Ministério da Fazenda. Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho: AEAT 2016. Brasília: MF, 2016. 992 p.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P23

P23 – INDICADORES DE ACIDENTES DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DO ESTADO DO AMAZONAS EM 2016

Evandro Carlos Miola

Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, Manaus (AM), Brasil

Introdução: Acidentes do trabalho ocorrem com grande frequência na construção civil, muitas vezes gerando consequências graves para os trabalhadores. Objetivo: O Analisar os indicadores de acidentes do trabalho da construção civil no Amazonas em 2016, comparando com os do Brasil. Métodos: Foram extraídos do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho do Ministério da Fazenda do Brasil dados secundários referentes a três indicadores de acidentes registrados por empresas ligadas à Seção F (construção) da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do ano de 2016: incidência de acidentes/1.000 vínculos; taxa de mortalidade/100.000 vínculos e taxa de letalidade/1000 acidentes. Foram identificadas as três classes/CNAE com os maiores registros por indicador. O resultado do indicador da classe/CNAE no Amazonas foi comparado com o apurado no Brasil para o mesmo segmento econômico. Resultados: No Amazonas, as maiores incidências de acidentes/1.000 vínculos foram registradas nas atividades de incorporação de empreendimentos imobiliários (61,02), nas obras de fundações (59,41) e construção de rodovias e ferrovias (29,37). Nas mesmas atividades foram apuradas no Brasil, respectivamente, as seguintes incidências/1.000 vínculos: 21,83, 18,61, 20,63. Consideradas todas as atividades econômicas, no Amazonas a incidência foi de 16 acidentes/1.000 vínculos e no Brasil foi 14,11 acidentes/1.000 vínculos. As maiores taxas de mortalidade/100.000 vínculos no Amazonas foram observadas nos ramos de incorporação de empreendimentos imobiliários (107,05), instalações elétricas (78,77) e serviços especializados para construção não especificados (43,51). Nas mesmas atividades econômicas foram apuradas, no Brasil, respectivamente, as seguintes taxas: 15,23, 14,54 e 13,99. A taxa de mortalidade, para todos os ramos econômicos, no Amazonas foi 4,75 e no Brasil 5,52. No Amazonas a maior taxa de letalidade/1.000 acidentes (50) foi registrada em obras de serviços especializados para construção não especificados. As obras em instalações elétricas registraram taxa de 29,85 e obras de construção de edifícios apresentaram taxa de 26,09. No Brasil, nas mesmas atividades econômicas, foram registradas, respectivamente, as seguintes taxas: 10,75; 11,81; e 6,98. A taxa de letalidade, em todas as atividades econômicas, no Amazonas alcançou 2,97 e no Brasil 3,91. Conclusão: Os progressos tecnológicos no segmento da construção civil, no caso do Amazonas, não foram acompanhados de melhorias nas condições de saúde e segurança no trabalho. A incidência de acidentes/1.000 vínculos na incorporação de empreendimentos imobiliários foi seis vezes maior que a do total de trabalhadores e 179% superior à do mesmo ramo no Brasil. O risco de morte por acidentes na incorporação de empreendimentos imobiliários no Amazonas foi 21 vezes maior que a do total de trabalhadores e seis vezes maior que a do mesmo segmento econômico no país. A letalidade dos acidentes registrados no Amazonas em serviços especializados para construção foi 15 vezes maior que a do total de trabalhadores. Comparada com a taxa do mesmo segmento econômico do Brasil, foi 3,6 vezes maior. Os números indicam a necessidade premente de intervenções conjuntas do Poder Público, empresas e trabalhadores visando à melhoria das condições de saúde e segurança no segmento da construção civil do Amazonas.

 

REFERÊNCIA

1. Brasil. Ministério da Fazenda. Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho: AEAT 2016. Brasília: MF, 2016. 992 p.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P24

P24 – GESTÃO AMBIENTAL DE RESÍDUOS: MAIS QUE UMA OPORTUNIDADE, UMA ESTRATÉGIA INSTITUCIONAL PARA A SUSTENTABILIDADE

Lucio Mauro Alves1, Flávia Carneiro do Nascimento1, Wanderson Carvalho Carreira Silva1

Primetals Technologies

Introdução: No contexto macroeconômico atual, onde a sustentabilidade pode trazer maior visibilidade e produtividade para as organizações, as empresas passaram a se preocupar cada vez mais com as externalidades de suas atividades e vêm se adequando a essa nova realidade. A implementação de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) institucionais têm apresentado um crescente interesse das empresas devido aos ganhos proporcionados pelas ações inseridas neste cenário. Certas áreas econômicas descrevem a produtividade como "a arma secreta do capitalismo". O aumento da produtividade com preservação ambiental é a força propulsora para as empresas melhorarem sua performance e adquirir vantagens competitivas, condição indispensável para a sobrevida das empresas no mundo globalizado. Objetivo: Evidenciar a importância da sustentabilidade com ganhos para a empresa e sociedade. Métodos: Para elaboração do presente trabalho, suportado por pesquisas bibliográficas, foi utilizado um estudo de caso de uma reestruturação do SGA de empresa multinacional metalúrgica. Resultados: Em 2014, a empresa iniciou essa reestruturação, motivada pelas oportunidades identificadas a partir das práticas da ISO 14.001. Foram reforçados os processos de melhoria contínua, que permitiu observar novas formas de segregação e destinação final de resíduos no Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Houve a incorporação do "Meio Ambiente", dentro da estratégia de negócio da empresa. Esta reestruturação proporcionou uma melhoria de 51% na eficiência do PGRS, saindo de um cenário onde 78,5% dos resíduos gerados em 2015 foram destinados a aterros, reduzindo os descartes para 38,8% em 2018. Os dados evidenciam que em 2015, 68 toneladas de resíduos foram destinadas, mensalmente, a aterros sanitários, caindo para 35,32 toneladas em 2018. Em 2016 o saldo entre destinação de resíduos versus reaproveitamento somou gastos de mais de R$ 500 mil, ante quase o dobro no ano anterior. Em 2017 reduziu para cerca de R$ 170 mil e em 2018 há um superávit de cerca de R$ 61 mil. Conclusão: A casuística demonstra que quando se proporciona melhorias no SGA pode haver ganhos para as empresas com a transformação de resíduos em insumos para outros processo e com vendas de resíduos reaproveitáveis. Este trabalho conscientiza a todos para repensar suas atitudes em relação ao consumo consciente. O momento atual exige que as empresas sejam ambientalmente responsáveis e que, além de produzir bens e serviços, realizem atividades que contribuam para criação de uma sociedade melhor. As organizações devem assumir de forma proativa e coerente, além das suas obrigações legais, compromissos de caráter moral, mesmo que não diretamente vinculadas às suas atividades, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das comunidades em seu entorno. A empresa, desde a sua criação, possui em seu compromisso ambiental diretrizes sobre a destinação de todos os resíduos gerados nas sua operações. Apesar de já ter alcançado uma taxa de reciclagem de mais de 61% dos resíduos produzidos, um dos principais desafios é aumentar esse reaproveitamento e buscar, continuamente, o desperdício zero, trabalhando focado em cumprir muito além dos requisitos legais, e assim, reafirmar seu compromisso com a sustentabilidade.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P25

P25 – A UTILIZAÇÃO DO QUESTIONÁRIO NO NÓRDICO DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES E A PRÁTICA DA GINÁSTICA LABORAL

Cristiane Fialho Ferreira da Silva1, Carolina de Mendonça Brandão Pinto2,3, Thaisy Alves Amorim3, Áurea Maria Resende de Freitas3, Fábio Francisco de Castro2, Débora do Val de Souza3, Carlos David Cacemiro2, Maria Alice Lopes Coelho Bressan2,3, Paulo Lanes Lobato4

1Departamento de Medicina e Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa (MG), Brasil
2Serviço de Segurança e Higiene no Trabalho da Divisão de Segurança, Saúde Ocupacional e Qualidade de Vida - Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas da UFV, Viçosa (MG), Brasil
3Serviço de Saúde Ocupacional e Qualidade de Vida da Divisão de Segurança, Saúde Ocupacional e Qualidade de Vida - Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas da UFV, Viçosa (MG), Brasil
4Departamento de Educação Física da UFV, Viçosa (MG), Brasil

Introdução: Diante da alta prevalência de sintomas músculos esqueléticos relacionados ao trabalho são necessárias ações que possam promover qualidade de vida no trabalho. A Ginástica Laboral (GL) é uma intervenção de fácil e rápida aplicação, custo baixo e eficiente, quando bem direcionada. Realizada dentro do Projeto de Qualidade de Vida de uma universidade federal, o programa "Superação", promoveu novo direcionamento dado à prática da ginástica laboral durante o ano de 2016. Objetivos: Descrever a frequência de sintomas osteomusculares em participantes do projeto. Métodos: Participaram 60 trabalhadores lotados em universidade federal, no ano de 2016. Responderam ao Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares para identificar a frequência de acometimentos de sintomas nos 12 meses anteriores e nos 7 dias próximos à aplicação do questionário. Resultados: Dos 60 trabalhadores, 90% são servidores públicos federais, com idade média de 42 anos (desvio padrão – dp ±11,34 anos), 65% do sexo masculino, 56% com nível de escolaridade em pós-graduação. O tipo de sobrecarga muscular exigida pelo cargo de trabalho exercido foi de 77% para trabalho predominantemente estático, 11,5% dinâmico e 11,5% misto. No mapeamento das desordens nos últimos 12 meses, a análise das regiões corporais apontadas para sintomas positivos, quando avaliado no somatório de locais apontados, não apresentam padrão de repetição. Porém, quando avaliados de forma individualizada, observou-se a presença de sintoma no pescoço em 24 servidores, ombros em 23, na parte superior das costas em 24, cotovelos em 5, punhos e mãos em 20, na parte inferior das costas 32, no quadril e coxas em 15, nos joelhos em 15 e nos pés e tornozelos em 7 servidores. Na análise da presença de sintomas nos últimos sete dias, quando avaliados de forma individualizada, observou-se a presença de dor no pescoço em 9 servidores, ombros em 6, parte superior das costas em 6, cotovelos em 1, punhos e mãos em 5, parte inferior das costas 13, quadril e coxas em 4, nos joelhos em 3 e nos pés e tornozelos em 3 servidores. Dentre os servidores, 15% não relataram sintomas nos últimos 12 meses e 58% não apresentaram sintomas nos últimos sete dias. Conclusão: Desta forma conclui-se que o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares foi instrumento útil na reformulação da prática da ginástica compensatória para mapeamento das desordens osteomusculares, sendo facilitador no direcionamento da prescrição dos exercícios utilizados da GL.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P26

P26 – ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DE DESEMBARQUES PREMATUROS EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO EM USO DE SISTEMA DE TELECONSULTORIA MÉDICA

Cristiano Cardoso Motta Lima

Introdução: Plataformas de petróleo são locais remotos e de recursos médicos limitados, comparados aos disponível nas cidades. As unidades dispõem de profissionais de saúde para o tratamento dos agravos que ocorram com a tripulação e, progressivamente, vem adotando o suporte através de telemedicina (teleconsultoria). Muitos países, como o Brasil, já tornaram obrigatório este tipo de suporte. Objetivo: Analisar as causas de desembarques prematuros em amostra de trabalhadores de 3 plataformas de petróleo em uso de recursos de telemedicina e sistema de teleconsultoria. Métodos: Estudo transversal realizado para determinar a prevalência de doenças que motivaram desembarque antecipado de trabalhadores de três plataformas de petróleo localizadas na Bacia de Campos (RJ) entre os anos de 2013 e 2017. Os dados foram coletados dos prontuários eletrônicos individuais armazenados no software utilizado para gestão de saúde das unidades em estudo. As análises dos dados foram realizadas com o uso do programa Microsoft Excel. Resultados: As três unidades ("A", "B" e "C") têm tripulação variável (100 a 150 trabalhadores simultaneamente), que podem ser empregados da operadora ou terceirizados. Médicos são responsáveis pelo atendimento e contam com recursos de telemedicina e teleconsultoria. Foram avaliados 10.555 atendimentos médicos no período. Foi necessário promover o desembarque antecipado em 0,85% dos casos. Destes, 20,7% foram desembarques emergenciais e 79,3% desembarques não emergenciais. Os diagnósticos mais prevalentes nos desembarques emergenciais foram doenças cardiovasculares (30%), trauma (26%) e doenças psiquiátricas (13%). Os diagnósticos mais prevalentes nos desembarques não emergenciais foram doenças oftalmológicas (16%), distúrbios odontológicos (15%) e doenças do aparelho geniturinário (13%). Os desembarques relacionados ao trabalho corresponderam a 18%. A maior prevalência foi de traumas (56%), seguido de distúrbios oftalmológicos (19%) e ortopédicos (13%). Dos desembarques não relacionados ao trabalho (82%), a maior prevalência foi de doenças cardiovasculares (16%), seguido de distúrbios odontológicos (14%) e do aparelho geniturinário (12%). O sistema de teleconsultoria foi utilizado em 7% do total de casos atendidos. Destes, em 92% não foi necessário prosseguir com desembarque. Dos desembarcados, o seu uso foi empregado em 78% dos casos. Verificou-se ainda que a teleconsultoria foi utilizada em 91% dos casos de desembarque emergencial. Os diagnósticos mais prevalentes nos casos de uso da teleconsultoria que culminaram em desembarque foram traumas (16%), doenças cardiovasculares (13%) e do aparelho geniturinário (13%), e casos oftalmológicos (11%). Conclusões: A complexidade das operações em plataformas de petróleo, associado ao ambiente remoto e restrito, faz com que os riscos à saúde precisem ser gerenciados com recursos que ofereçam qualidade e agilidade aos atendimentos médicos. A telemedicina tem sido recurso progressivamente utilizado para este fim, no sentido de prover suporte médico para atendimento continuado e de emergência aos trabalhadores desta indústria.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P27

P27 – TRABALHO DOMICILIADO EXPERIÊNCIA DA ATENÇÃO BÁSICA NO ESTUDO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DE UMA SERRALHERIA INFORMAL

FilipeTerzis1, Marcia Bandini2

1Programa de Residência em Medicina do Trabalho, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas (SP), Brasil 2Área de Saúde do Trabalhador, Departamento de Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências Médicas, UNICAMP, Campinas (SP), Brasil

Introdução: Previstas na Lei Orgânica da Saúde1, as ações de saúde do trabalhador na atenção básica ainda são um desafio no acolhimento dos trabalhadores, vigilância ou reconhecimento das situações de trabalho. A recessão e redução de vagas de trabalho formal no país tem levado a um aumento do trabalho domiciliado, precário e informal2,3, o que transfere riscos ocupacionais para dentro dos lares. Os agentes comunitários de saúde (ACS) têm um importante papel na identificação das atividades produtivas desenvolvidas no domicílio e peridomicílio do território, e os possíveis fatores de risco para a saúde dos trabalhadores4. A parceria entre uma universidade pública e a Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Campinas possibilitou a implantação de um Programa de Saúde do Trabalhador (PST) em um Centro de Saúde, apoiado na assistência aos trabalhadores, reconhecimento das condições de trabalho e suas melhorias. Objetivos: a) Avaliar o trabalho domiciliado, visando identificar fatores de riscos e potenciais agravos à saúde dos trabalhadores; b) Propor possíveis melhorias das condições e; c) Pactuar ações com trabalhadores. Métodos: Relato de caso identificado pelo ACS de uma serralheria domiciliada com potencial risco à saúde com solicitação de visita técnica ao PST. Após visita realizada pelo residente de Medicina do Trabalho, preceptor do programa e ACS, foi aplicado um roteiro de avaliação de riscos a partir da observação do trabalho e de entrevista com o trabalhador. Informações sobre produtos e matérias-primas utilizados foram levantadas junto aos fabricantes. Um relatório foi elaborado pela equipe, incluindo recomendações nas condições de trabalho, que foi discutido e pactuado com o trabalhador e o ACS. Dois meses depois, foi realizada visita de seguimento. Resultados: Após perda do emprego como metalúrgico dois anos antes, o trabalhador decidiu abrir uma serralheira para produzir portões de ferro. As instalações foram improvisadas em sua garagem. Foram identificados os seguintes fatores de risco: ruído (emitido por máquina de corte e lixadeira); poeira metálica; fumos metálicos de solda (manganês, níquel, ferro e silicatos); solventes aromáticos alifáticos; tintas com pigmentos orgânicos e inorgânicos; trabalho em pé e postura inadequada. Máquinas desprotegidas, piso irregular e instalações elétricas sem isolamento representaram risco de acidentes. Referido uso de protetor auditivo e máscara para poeiras. Trabalhador desconhecia riscos químicos e potenciais agravos à sua saúde. Recomendações incluíram: melhoria de máquinas e equipamentos, substituição de eletrodo de solda, proteção respiratória adequada, melhoria da ventilação. Em nova visita técnica, foram identificadas a adoção de várias recomendações e mudança do local de trabalho. Discussão e Conclusões: Condições socioeconômicas e desemprego levam ao aumento do trabalho domiciliado5 e informal, com potenciais riscos. Arranjos improvisados no domicílio podem introduzir riscos à saúde dos trabalhadores, suas famílias e comunidade. A análise coletiva com o ACS, apoiada por ferramentas e profissionais da saúde do trabalhador, propicia um melhor reconhecimento dos riscos. Melhorias podem ser adotadas por intervenções simples e, frequentemente, com baixo custo, o que pode reduzir o risco de adoecimento. A participação dos trabalhadores é fundamental e ações de saúde, integradas à atenção básica, podem contribuir para um trabalho mais seguro e saudável e para empoderar trabalhadores e ACS.

 

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de set. de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União.

2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE/PNAD). População economicamente ativa (PEA) - Brasil (anos selecionados). Brasília: IBGE/PNAD, 2015a.

3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE/PNAD). Taxa de Desemprego (TD). Brasília: IBGE/PNAD, 2015b.

4. Silva TL, Dias EC, Ribeiro ECO. Saberes e práticas do agente comunitário de saúde na atenção à saúde do trabalhador. Interface - Comunic Saude Educ. 2011;15(38):859-70.

5. Reis M, Aguas M. Duração do desemprego e transições para o emprego formal, a inatividade e a informalidade. Econ Apl. 2014;18(1):35-50.


 

 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P28

P28 – COMO OS MÉDICOS DO TRABALHO USAM SEUS SMARTPHONES?

Pedro Fernandez Fernandes de Oliveira1, Maria Nilde Plutarco Couto Bem1, Jadson de Braga Chaves2, Edilson Lopes de Oliveira Junior2, Lília Sousa Martins de Alcântara Meireles2, Luana Camelo Oliveira2, Ana Roberta Silveira Castro2

1Pós-Graduação em Medicina do Trabalho, Universidade de Fortaleza, Fortaleza (CE), Brasil 2Graduação em Medicina, Universidade de Fortaleza, Fortaleza (CE), Brasil

Introdução: O uso dos smartphones está amplamente difundido em nosso meio e serve como ferramenta na área da saúde para comunicação, aprendizado e atualização profissional. Ao mesmo tempo, está associado a diversas formas de sofrimento, comportamentos de adição, transtornos de personalidade, alterações do sono e humor. Objetivos: Levantar o perfil do uso de smartphone entre médicos do trabalho. Métodos: Foi aplicado um questionário estruturado com seis perguntas de múltipla escolha on-line via Google Forms, com link distribuído em grupos de Telegram e Whatsapp relacionados à Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional. Foram considerados nesse trabalho exclusivamente os questionários respondidos por médicos do trabalho residentes e atuantes no Brasil. Resultados: O questionário foi respondido por 44 médicos do trabalho de sete Estados (20 do Ceará, 11 de São Paulo, 7 do Rio Grande do Sul, 1 do Piauí, 1 de Pernambuco e 1 da Bahia). Informaram exercer sua atuação profissional exclusivamente no setor privado 59,1%, 6,8% exclusivamente no setor público e 34,1% em ambos. Dentre os respondentes, 95,5% informaram considerar seu telefone celular como um instrumento de trabalho. Quando questionados sobre a quantidade de grupos de Whatsapp e/ou Telegram e/ou Facebook relacionados à sua profissão, área de atuação/especialidade, trabalho, empresa, discussão de casos ou discussão científica (profissional) participavam no momento da pesquisa, nenhum entrevistado informou participar de apenas um grupo. A maioria (61,4%) participa de mais de mais de cinco grupos. 27 dos respondentes (61,4%) referiram ter sua conta de correio eletrônico (e-mail) profissional/corporativo configurada em seu telefone celular. Entre aqueles que tinham alguma atuação no setor privado, 63,4% fazem uso de correio eletrônico profissional no smartphone. Enquanto que entre os que trabalham exclusivamente no setor público foram 33,3%. Quando questionados sobre quanto tempo após despertar costumam checar seu telefone para mensagens ou e-mail, 29,5% informaram que o fazem imediatamente ao acordar e 40,9% checam ainda na primeira meia hora após acordar. Somente 15,9% costumam checar o telefone após a primeira hora do despertar, ou não costumam checar. Sobre o costume de checar o telefone antes de dormir, 43,2% costumam checar o telefone imediatamente antes de dormir e outros 34,1% checam na última meia hora antes. 25% dos entrevistados checam o celular imediatamente ao acordar e antes de dormir. Discussão: Em geral, o smartphone é utilizado como instrumento de trabalho pelos médicos do trabalho do estudo, do momento que acordam ao que dormem. Conclusões: Apesar de limitado no potencial de suas conclusões, o estudo chama atenção para diversas situações que merecem outras pesquisas com melhores desenhos metodológicos. Como o smartphone, suas mídias sociais e aplicativos de mensagens podem ser utilizados na formação e atualização dos médicos do trabalho? Há excesso de trabalho ou sobrejornada frequente entre esses profissionais? Há consequências no sono ou humor dos médicos do trabalho consequente a isso? Há vício ou dependência de smartphones entre os médicos do trabalho?

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P31

P31 – PROGRAMA DE OBSERVAÇÃO DE DESVIOS VERSUS GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA EM UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE DO RAMO DA METALURGIA: UMA ABORDAGEM POR INDICADORES DE PERFORMANCE

Lucio Mauro Alves, Wanderson Carvalho Carreira Silva, Matheus Caetano Benedito

Primetals Technologies

Introdução: As organizações estão em um ambiente dinâmico no atual cenário econômico mundial, que exige adaptações constantes, principalmente na forma de gestão do negócio. Nas últimas décadas, o conceito de melhoria contínua foi sendo sedimentado progressivamente, de forma estruturada e sistemática, permitindo melhor abordagem dos problemas organizacionais. Este conceito foi inserido em uma empresa, buscando soluções definitivas para os problemas de segurança. Foram introduzidas novas ferramentas de controle de processos e definidos novos indicadores de performance para o Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho (SGSST). Objetivo: Avaliar a contribuição da restruturação do SGSST para melhoria dos indicadores de performance operacionais, no que tange a melhorias nos processos de segurança dentro de uma atividade empresarial e sua contribuição para a produtividade. Métodos: Para elaboração deste trabalho, foi utilizado um estudo de caso de uma reestruturação do SGSST em empresa multinacional metalúrgica. Resultados: A reestruturação foi motivada pela alto número de acidentes e a alta taxa de gravidade. Em 2012 ocorreram 34 acidentes, com uma taxa de frequência (TF) total de 1,66 e de 0,87 de TF de acidentes com afastamento. Este novo modelo de gestão do SGSST foi suportado por indicadores de performance, permitindo a introdução de ações corretivas durante a implantação das novas ferramentas de gestão, métodos de monitorização, medição, análise e avaliação de riscos. A reestruturação do SGSST proporcionou várias melhorias onde se destacam a redução drástica do número total de acidentes em mais de 82% de 2012 para 2017, bem como a redução de mais de 85% número de acidentes com afastamento. A TF de acidentes de trabalho total reduziu mais de 92% e a TF de acidentes com afastamento apresentou uma redução de 93,15%. Outro resultado positivo foi a redução de 98,6% da taxa de gravidade de 2013 para 2017. Os ganhos por um sistema de gestão de SSGST eficaz vão muito além do seu principal objetivo que é a preservação da integridade dos colaboradores. Em 2010, além dos custos diretos com ocorrências, gastouse aproximadamente R$ 3,75 milhões com Seguro Acidente de Trabalho (SAT). Os resultados conquistados permitiram uma redução do SAT para R$ 1,25 milhões em 2017, ou seja, redução superior a 66%. Conclusão: Os resultados apresentados evidenciam que as a adoção de um sistema de SSGST para alcançar uma cultura em segurança do trabalho trouxe benefícios não só para seus empregados, mas também é possível revertê-lo em ganhos financeiros para as empresas. Assim, este trabalho contribui para que as empresas compreendam que a área de saúde e segurança devem ser tratadas como áreas estratégicas para o seu próprio negócio.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P33

P33 – CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR AGROTÓXICOS E OS AGRAVOS À SAÚDE DOS FUMICULTORES DO SUL DO BRASIL

Deise Lisboa Riquinho, Fernando Mainard Fan, Marilise Oliveira Mesquita, Vilma Constancia Fioravante dos Santos, Lucia Helena Souto

Introdução: Os fumicultores são caracterizados por realizarem um trabalho manual árduo e de intenso uso de agrotóxicos. O cultivo do tabaco necessita desde o semeio à colheita a aplicação de grande volume e variedade de produtos químicos. A exposição diária e os efeitos nocivos do uso de agrotóxicos podem gerar agravos na saúde destes trabalhadores rurais. Objetivo: Descrever os agravos de saúde prevalentes dos fumicultores devido à exposição aos componentes químicos disseminados no solo e na água das propriedades rurais, no município de Candelária, Rio Grande do Sul, Brasil. Métodos: Foi desenvolvido um estudo transversal em pequenas propriedades rurais no município de Candelária/RS, atendidas pela Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS). A amostra foi selecionada considerando as localidades com atendimento de EACS, o cultivo do tabaco para o sustento e o abastecimento doméstico por águas profundas, como poços artesianos. A coleta de dados foi realizada em março de 2014 e dezembro de 2015 com aplicação de questionário para avaliação das unidades produtivas e dos agricultores, e as coletas ambientais do solo da lavoura de fumo, da horta e de água do poço de abastecimento. A análise descritiva foi utilizada para as informações das unidades produtivas e dos agricultores. Já as amostras ambientais ocorreram pela detecção e quantificação multiclasse de agrotóxicos por cromatografia líquida de ultraeficiência. O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob o número 18647813.5.0000.5347. Resultados: A análise das amostras de água e solo demonstrou a presença de resíduos de agrotóxicos, em níveis de traço. Os principais compostos detectados amostrados foram: Carbaril, Carbofurano, Clomazone, Clorpirifós etílico, Flumetralina, Fluroxipir, Imidacloprido, e Mevinfós. Tais compostos encontrados podem causar reações agudas como náuseas, vômitos, dores de cabeça, irritações na pele e nas vias aéreas superiores. Os agravos mais prevalentes entre os produtores de fumo foram: doença da folha verde do tabaco, depressão, hipertensão arterial sistêmica e transtornos psiquiátricos menores. Conclusões: Os compostos encontrados na água e solo tem potencial de impactar a saúde humana e ambiental. Evidenciou-se a necessidade de pesquisas com delineamentos longitudinais para ampliar o conhecimento produzido sobre as repercussões dos agrotóxicos na saúde dos trabalhadores rurais. Embora os agrotóxicos tenham sido encontrados em nível de traços na água e no solo, devido à exposição prolongada, interroga-se quais os efeitos crônicos à saúde do trabalhador.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P35

P35 – ACIDENTES DE TRABALHO: UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO SOBRE A OCORRÊNCIA DOS ACIDENTES DE TRAJETO POR REGIÃO BRASILEIRA

Danielle Gonçalves da Silva1, Arthur Arantes da Cunha2, Rodolfo Antonio Corona2, Rosilene Ferreira Cardoso2, Fabrízio do Amaral Mendes2, Rafael Henrique de Andrade Rodrigues2, Júlia Terra Molisani2

1Curso de Graduação em Direito, Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá (AP), Brasil. 2Curso de Graduação em Medicina, UNIFAP, Macapá (AP), Brasil.

Introdução: Os acidentes de trabalho (AT) decorrem da exposição do trabalhador aos riscos suscetíveis à atividade laboral. Têm-se como categoria acidentária os agravos ocorridos no percurso de ida ou volta ao trabalho, denominados acidentes de trajeto (ATJ). Ressalta-se a relevância epidemiológica dos ATJ, pela repercussão nos serviços de saúde e na produtividade do trabalhador. Objetivos: Calcular o total de acidentes de trajeto relacionados ao trabalho, por região brasileira, durante o período de 2007 a 2016. , destacando a razão porcentual, em todos os anos estudados, entre os ATJ e o Total de Acidentes de Trabalho com Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT) registrada. Métodos: Este é um estudo quantitativo descritivo baseado em dados públicos secundários do número de acidentes de trabalho publicados no Anuários Estatísticos da Previdência Social brasileira, do Ministério da Fazenda/Secretaria de Previdência, elaborados entre os anos de 2007 a 2016. Foram utilizados apenas dados de acidentes com Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) registrada, que correspondem aos acidentes cuja CAT foi cadastrada no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Resultados: Entre 2007 e 2016, ocorreram 1.000.468 ATJ com CAT registrada, sendo 37.685 (3,8%) na região Norte, 78.826 (7,9%) na região Centro-Oeste, 111.068 (11,1%) na região Nordeste, 187.167 (18,7%) na região Sul e 585.722 na região Sudeste (58,6%). A razão ATJ/Total de acidentes de trabalho com CAT registrada, aumentou em todas as regiões, entre 2007 e 2016, sendo de 13,1% para 22,9% no Norte, de 16,5% para 23,5% no Centro-Oeste, de 14,1% para 26,47 no Nordeste, de 14,24 para 20,05 no Sul e de 15,81 para 23,05 no Sudeste, resultando nas respectivas taxas de variação das razões: 74,2%, 42,2%, 87,7%, 40,8% e 45,8%. Conclusões: A realização deste estudo evidenciou o aumento, em todas as regiões brasileiras, dos ATJ com CAT registrada. Entre as possíveis causas, o fluxo intenso de pessoas e veículos refletem no maior volume de tráfego e de acidentes, principalmente em regiões que apresentam melhor produto interno bruto (PIB). Assim, os agravos decorrentes dos ATJ influenciam nos custos sociais, de saúde e econômicos.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P36

P36 – MALÁRIA NO ESTADO BRASILEIRO DO AMAPÁ: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DO GARIMPO DO LOURENÇO E DO MUNICÍPIO DE CALÇOENE (2012 A 2017)

Arthur Arantes da Cunha1, Danielle Gonçalves da Silva2, Rodolfo Antonio Corona1, Rosilene Ferreira Cardoso1, Yan de Oliveira Castro e Cunha3, Fabrízio do Amaral Mendes1, Rafael Henrique de Andrade Rodrigues1

1Curso de Graduação em Medicina, Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá (AP), Brasil 2Curso de Graduação em Direito, UNIFAP, Macapá (AP), Brasil 3Curso de Graduação em Medicina, Faculdade de Medicina do Vale do Aço (FAMEVAÇO), Ipatinga (MG), Brasil

Introdução: A heterogeneidade das condições de trabalho da região amazônica representa um dos principais desafios no controle da malária. As áreas de extração de ouro têm sido os locais com maior prevalência dessa infecção na região amazônica, pois possuem características próprias da população garimpeira e da organização espacial. Tais locais representam um risco à saúde dos trabalhadores e à do restante da população, visto que essa atividade demanda um grande fluxo de garimpeiros oriundos de diversas localidades do país. Objetivos: Realizar uma análise epidemiológica, da malária no município brasileiro de Calçoene (AP) e no Garimpo do Lourenço, que está localizado nesse município, correlacionando com as normais climatológicas de temperatura e de precipitação, no período de 2012 a 2017. Métodos: Este é um estudo quantitativo retrospectivo descritivo baseado em dados secundários coletados entre os anos de 2012 a 2017. Foram avaliadas a mudança da incidência de malária no Garimpo do Lourenço e no município de Calçoene, assim como a preponderância das espécies infectantes. Analisou-se, ainda, o total de casos acumulados no período e em cada mês, comparando com as normais climatológicas de precipitação e de temperatura mensais. As informações referentes aos números de casos de malária e de população foram extraídas do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP-Malária, MS). Os dados climatológicos foram extraídos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Utilizou-se as normais climatológicas de Precipitação Acumulada (em mm) e de Temperatura Média Compensada - Bulbo Seco (em graus Celsius), de 1981-2010. As informações utilizadas foram obtidas pela estação do município de Serra do Navio (AP), município vizinho de Calçoene, visto essa não possui estação própria. Resultados: Entre 2012 e 2017, a Incidência Parasitária Anual (IPA) de malária variou de 647,5/1.000 habitantes para 887,2/1.000 habitantes no Garimpo do Lourenço e de 161,5/1.000 habitantes para 192,8/1.000 habitantes no município de Calçoene, com as respectivas taxas de variação de 37% e 19,4%. No período, foram registrados em Calçoene, que possui em seu território o Garimpo do Lourenço, 8.564 casos de infecção malárica por Plasmodium vivax, 1.148 casos por Plasmodium falciparum e 79 casos de malária mista pelas duas espécies. Notou-se que meses com maior índice pluviométrico tendem a ter menor incidência de casos, como exemplo os meses de março, de abril e de maio. Os meses de maior temperatura média aparentam ter maior incidência, como exemplo os meses de setembro, de outubro e de novembro. Conclusões: Nota-se que os fatores climatológicos podem relacionar-se com os períodos do ano de maior incidência de malária, por propiciar meio e temperatura adequada para a proliferação do vetor. Este fato, associado à ausência de planejamento na ocupação, saneamento e assistência à saúde, tem reflexo no universo garimpeiro, colocando em risco a vida do trabalhador, e tornando-o sítio de transmissão. Conhecer os fatores ambientais e sociais relacionados à prevalência da malária permite fornecer dados para o planejamento de políticas de controle da endemia.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P37

P37 – ESTUDO DO ABSENTEÍSMO POR RAZÕES MÉDICAS EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (2013-2017)

Solange Rita Bernardo dos Santos

Objetivo: Estimar a taxa de absenteísmo por atestado médico dos servidores de uma universidade pública federal de Mato Grosso do Sul, entre os anos de 2013 a 2017. Métodos: Estudo descritivo, retrospectivo e transversal, incluindo todos os servidores públicos da universidade que apresentaram atestado médico para abono de sua falta ao trabalho, no período de 2013 a 2017. Resultados: No ano de 2013 foram apresentados 1.905 atestados por 1.320 servidores. No ano de 2017 foram apresentados 1.482 atestados por 1.520 servidores, Ou seja, ocorreu uma diminuição de 22,0% no número total de atestados entre 2013 e 2017, enquanto houve um aumento de 13,2% no numero de servidores. A média do número de dias pelo número de atestados no ano de 2013 foi 14,97 dias/atestado, em 2014 foi de 15,11 dias/atestado e em 2015 foi de 17,16 dias/atestado. No ano de 2016 ocorreu uma diminuição da media para 11,10 dias/ atestado. Por fim, em 2017 a media teve um aumento para 15,86 dias/atestado. As classes do Código Internacional de Doenças (CID-10) mais incidentes foram: 2013 (F, M e J); 2014 (Z, F e J); 2015 (Z, F e J); 2016 (Z, F e J); e no ano de 2017 (Z, F e J). Conclusão: A situação epidemiológica, conhecida a partir da análise da série histórica entre 2013 e 2017, demonstra um elevado absenteísmo. Apesar do aumento no número de servidores (200) entre 2013 e 2017, houve uma diminuição na quantidade total de atestados (456) e consequentemente de dias de afastamento (5686). Essa dicotomia tem provável causa após medidas de melhora da divulgação das normas e de um programa de restrições de atividades para portadores de doenças crônicas, que retornam ao trabalho com restrições de algumas tarefas.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P39

P39 – LEUCEMIA EM AGENTES DE COMBATE AS ENDEMIAS EXPOSTOS A AGROTÓXICOS: UM RELATO DE CASO

Maria Luiza Almeida Bastos1,2,3, Francileudo Santos de Abreu2,3, Geraldo Bezerra da Silva Junior2,3

1Ministério da Saúde, Núcleo estadual do Ceará do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS). Fortaleza (CE), Brasil 2Instituto Federal de Educação, Ciencia e Tecnologia do Ceará, SIASS. Fortaleza (CE), Brasil 3Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Fortaleza. Fortaleza (CE), Brasil

Introdução: Os agentes de combate às endemias são trabalhadores que atuam na vigilância em saúde, no controle de vetores e nas atividades educativas de combate às doenças infecciosas. Essas atribuições conferem riscos ocupacionais com ênfase ao risco químico devido à exposição a diversos agrotóxicos utilizados no combate a vetores. Sendo estes capazes de provocar danos ao DNA e, consequentemente, estão inseridos na gênese do câncer ocupacional. Objetivo: Descrever um relato de caso para despertar o interesse dos médicos e demais profissionais de saúde para a anamnese ocupacional, observando a existência e subnotificação do câncer relacionado ao trabalho. Métodos: Trata-se de um relato de caso, onde um trabalhador da saúde pública, em atividades de combate às endemias, no controle de vetores, com longo período de exposição ocupacional a pesticidas, desenvolve leucemia mielóide crônica com várias mutações do cariótipo. O participante aceitou voluntariamente que sua história clínica ocupacional e exames fossem relatados, com preservação da sua identidade, e assinou Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: O paciente compareceu à perícia médica devido a diversos afastamentos por leucemia mielóide crônica. Em um dos exames periciais foram solicitados exames de cariotipagem devido tratamento refratário para a patologia. Observou-se a presença de outras mutações no DNA, além da translocação entre os cromossomas 9 e 22 (cromossomo Philadelphia). A partir da observação de outras mutações, investigou-se a exposição a agentes com potencial genotóxico, sendo que o paciente trabalhava há mais de 30 anos nas campanhas de combate a vetores, com exposição a agrotóxicos no tratamento com pulverização especial (hatsuda). O presente relato demostrou o nexo causal entre a doença hematológica com evidências de danos ao cariótipo, diversas do cromossomo philadelphia, e a exposição prolongada a agrotóxicos utilizados nas campanhas de combate a vetores. Discussão: A exposição a agrotóxicos tem sido associada ao aumento da incidência de neoplasias, entre eles câncer de pulmão, fígado e estômago, além de alterações hematopoiéticas e danos no DNA que contribuem para o surgimento de mielodisplasias, leucemias e linfomas. Conclusão: O nexo causal do câncer ocupacional é difícil de ser estabelecido devido a muitos fatores, principalmente o período de latência para o surgimento das neoplasias. No entanto, em vista ao longo período de exposição do trabalhador, assim como o surgimento de mutações no DNA diversas do cromossomo philadelphia, concluímos que o caso em questão se trata de uma neoplasia ocupacional.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P41

P41 – MUDANÇA DE FUNÇÃO PARA ATIVIDADE COMPATÍVEL DE UMA FUNCIONÁRIA COM RESTRIÇÃO: RELATO DE UM CASO DE NESIDIOBLASTOSE APÓS REALIZAÇÃO DE CIRURGIA BARIÁTRICA

Edmundo Di Giaimo Caboclo1, Moacyr Vergara de Godoy Moreira1,2

1Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil 2Programa de Pós-Graduação em Saúde e Segurança do Trabalho, FUNDACENTRO, São Paulo (SP), Brasil

Introdução: A cirurgia bariátrica tem sido um procedimento de escolha para o tratamento do diabetes mellitus do tipo 2 em pacientes com obesidade mórbida, com resultado de 80% de eficácia terapêutica. Porém, alguns pacientes desenvolvem um estado de hiperinsulinemia com hipoglicemia, após a recuperação pós-operatória. Isto ocorre devido a um crescimento patológico das células beta do pâncreas, estado denominado nesidioblastose. Uma das explicações para o quadro é a rápida apresentação dos nutrientes ao duodeno, o que estimula uma elevada liberação de GLP-1 (peptídeo glucagonóide 1), gerando hipertrofia, proliferação e neogênese das células beta do pâncreas. Objetivo: Descrever o caso de uma funcionária com nesidioblastose após cirurgia bariátrica. Métodos: Relato de caso de técnica de enfermagem no pronto-atendimento de um hospital de grande porte da cidade de São Paulo. Resultados: EDF, 41 anos, após realização de cirurgia bariátrica, passou a apresentar quadros repetidos de hipoglicemia. A equipe de endocrinologia que acompanha a trabalhadora, após exaustiva investigação chegou ao diagnóstico de nesidioblastose. O quadro passou a levar a episódios repentinos de hipoglicemia, comprometendo a segurança da trabalhadora e dificultando suas tarefas no pronto-atendimento. Após afastamento previdenciário, devido à incapacidade laboral temporária, a funcionária retornou ao trabalho, sem recomendação formal de readaptação profissional pelo órgão previdenciário. Porém, diante dos riscos para a saúde tanto da trabalhadora quanto dos pacientes por ela atendidos, o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) do hospital em que trabalha convocou o comitê de readaptação, o que envolve avaliação médica, psicológica, fisioterápica. O caso foi discutido junto aos gestores do setor e um representante da equipe de segurança do trabalho e da medicina do trabalho, tendo sido decidido pela mudança de setor e de atividades. Diante das restrições apresentadas, foi avaliada a capacidade laboral e oferecido um novo posto de trabalho, como auxiliar de atendimento, na central de transportes de paciente. A trabalhadora realizava na nova função tarefas de natureza administrativa, porém utilizando-se de seu conhecimento na área da enfermagem para discutir questões do dia-a-dia e tomadas de decisões técnicas. Discussão: Ressalta-se a importância da equipe de medicina do trabalho e engenharia de segurança na readequação profissional no caso em questão. O fluxo de restrições aplicado no SESMT passa por uma avaliação multidisciplinar e uma atuação multiprofissiona. Diante das restrições de cada funcionário, avalia-se inicialmente se o caso é de uma limitação temporária ou definitiva. A partir desta definição, a equipe discute as possibilidades de tarefas que podem ser realizadas, ou por período de terminado, ou definitivamente, e o trabalhador passa a exercer o novo cargo sob supervisão. As restrições, após concordância do trabalhador, são descritas de maneira formal e periodicamente reavaliadas, de forma a implantar adequações, quando necessário, para a melhor adaptação da trabalhadora. Conclusões: A partir de um caso readaptação após avaliação criteriosa do comitê de restrições, num hospital de grande porte da cidade de São Paulo houve preservação da saúde da trabalhadora e foi permitido que a mesma utilizasse seus conhecimentos técnicos no novo setor.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P42

P42 – HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES DE SAÚDE DOS CAMINHONEIROS DO DISTRITO FEDERAL

Dayana da Silva Pereira1, Luciana Zaranza Monteiro1,2, Núbia Coelho Braga1, Welson Pereira Santos2, Leandro Lima da Silva2, Francelino Braga Junior1, Juliana Oliveira de Toledo Nóbrega1

1Departamento de Enfermagem, Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), Brasília (DF), Brasil 2Departamento de Educação Física, UDF, Brasília (DF), Brasil

Introdução: O Brasil tem experimentado mudanças no perfil epidemiológico da população, com alterações relevantes no quadro de morbimortalidade. O trabalho do motorista de caminhão pode levar a prejuízos à saúde, pois acaba favorecendo a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, inadequados hábitos alimentares, sobrepeso, uso de álcool e tabaco, entre outros. A profissão também interfere na convivência familiar e vida social do motorista. Objetivo: Avaliar os hábitos de vida e condições de saúde dos caminhoneiros do Distrito Federal. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, com 1.223 caminhoneiros participantes do Comando de Saúde nas Rodovias de acesso à capital federal (BR40, BR50, BR60 e BR70) realizado em 2015. Todos os participantes foram submetidos a exames rápidos, como aferimento de pressão, verificação de peso, altura, massa corpórea, circunferência cervical e abdominal, acuidade visual e auditiva, frequência cardíaca e glicemia, triglicerídeos e colesterol. Todas as análises foram realizadas no programa STATA 12.0. Resultados: Os participantes tinham média de idade de 38,5 anos (desvio padrão – dp ±6,4 anos); casados (61,8%); nível superior incompleto (70,8%); classe econômica baixa (78,5%); fumante (35,6%) e consumo regular de álcool (54,3%). Sobre o estado nutricional, 42,6% dos caminhoneiros estavam com sobrepeso e 82,5% não praticavam atividade física. Dos 1.223, a média de horas que eles dirigiam por dia era 10,8 horas (dp ±5,2 horas); 23,6% alegaram já ter sofrido algum acidente na rodovia; 52,7% tinham risco elevado para doenças cardíacas, segundo medição da circunferência abdominal. Em relação à acuidade auditiva, 52,4% tinham perda auditiva de grau leve e na acuidade visual (78,2%) tinham visão normal. Sobre a presença de doenças crônicas, 12,5% eram diabéticos, 32,7% hipertensos e 42,4% apresentavam dislipidemia. Verificamos associação entre circunferência abdominal e níveis sanguíneos de glicemia e colesterol elevado (p=0,04). Aqueles que não praticam atividade física apresentaram associação entre os níveis altos de dislipidemia e circunferência abdominal (p=0,03), mostrando elevado fator de risco para doenças cardiovasculares. Conclusão: Os caminhoneiros possuem hábitos de vida nocivos à saúde, tais como falta de atividade física, comportamentos de risco para a saúde (consumo de cigarro e álcool), que são fatores de risco elevados para doenças crônicas não transmissíveis.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P43

P43 – ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO DE CONHECIMENTOS SOBRE A VIDA LABORAL DAS PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS

Laura Maria Campello Martins

Introdução: Afirma-se que 90% das pessoas que tenham contraído o vírus da imunodeficiência humana (HIV, do original em inglês) encontram-se na faixa etária capaz de integrar a população economicamente ativa. A partir da necessidade de maior conhecimento sobre a vida laboral deste grupo, foi construído instrumento de coleta de dados, submetido a diferentes etapas de validação. Objetivo: Elaborar e validar instrumento que possa traduzir as repercussões biopsicossociais sobre a vida laboral das pessoas após o diagnóstico de HIV/AIDS. Métodos: A elaboração e validação de um questionário perpassam pelas seguintes etapas: construção das dimensões e formulação das questões; aplicação do questionário aos profissionais da área de saúde considerados juízes; aplicação do questionário às pessoas que vivem com HIV/ AIDS; avaliação quanto à confiabilidade e dimensionalidade. No presente estudo foram realizadas as três primeiras etapas. O questionário elaborado foi aplicado a cinco juízes especialistas (amostra intencional de médicos escolhidos com expertise) e posteriormente a 30 pessoas que vivem com HIV/AIDS (amostra aleatória) e se encontravam em acompanhamento em ambulatório de HIV/AIDS no período de fevereiro a março de 2018. Coube aos juízes avaliar clareza, pertinência e abrangência das questões. Na etapa de aplicação do questionário aos juízes foram calculados a Porcentagemde Concordância, o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e o Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC). As pessoas que vivem com HIV/Aids avaliaram a clareza das questões. O questionário foi aplicado duas vezes (teste e reteste) ao mesmo grupo, em intervalo de 10 dias, a fim de verificar mudanças nas respostas e estabilidade temporal. Na etapa de aplicação do questionário às pessoas que vivem com HIV/Aids foram calculados os mesmos testes, acrescentados do Coeficiente de Kappa para avaliar a estabilidade temporal. Para a análise de concordância entre as respostas das pessoas que vivem com HIV/AIDS, entre as duas fases da aplicação do questionário (teste e reteste), foi utilizada a estatística Kappa. Resultados: Foi elaborado questionário tridimensional com 37 perguntas abordando aspectos biossociodemográficos, relações de trabalho e a capacidade laborativa. Foi utilizada uma escala Likert de um a quatro para avaliar o nível de adequação dos 37 itens do instrumento. Quanto à clareza do item: confuso, necessita grande revisão, necessita pequena revisão, ou claro. Quanto à pertinência e abrangência do item: não representativo, necessita de grande revisão, necessita de pequena revisão, ou representativo. Embora a concordância entre os dois momentos tenham sido alta, em cenários extremos de prevalência (baixa ou alta) o kappa não alcança valores de concordância considerados aceitáveis. Os valores de Kappa surpreendentemente indicaram um baixo nível de concordância para algumas questões, no entanto a concordância global foi considerada satisfatória. Conclusões: Os resultados alcançados foram considerados satisfatórios e ficou evidente que a clareza das perguntas e respostas é fundamental na elaboração de um questionário. A utilização de três métodos de validação de conteúdo contribuiu para o aprimoramento das questões. Apesar da popularidade da estatística Kappa como medida de concordância entre avaliadores, esta apresenta várias limitações e desvantagens. Uma alta concordância pode produzir um baixo valor para Kappa.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P44

P44 – A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA DO FÍSICO NUCLEAR COM O SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO (SESMT) QUANDO O ASSUNTO É RADIOPROTEÇÃO

Laura Maria Campello Martins

Introdução: A Portaria SVS/MS nº 453/981 exige Supervisor de Proteção Radiológica (SPR) nos serviços de radiodiagnóstico para verificação dos itens de segurança, monitoração da área, treinamento periódico da equipe, controle mensal da dose ocupacional, investigação de casos conhecidos ou suspeitos de exposição elevada à radiação, dentre outros. Portanto, é fundamental que o SPR tenha comprovada expertise em física do radiodiagnóstico. Entretanto, poucos estabelecimentos de saúde possuem em seu quadro funcional um físico especialista em radiodiagnóstico. Quando possuem, pouco interage com o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Objetivo: Discutir os benefícios da presença do físico especialista em radiologia diagnóstica e intervencionista, sua atuação como SPR e relevância do trabalho conjunto com o SESMT. Método: Trata-se de trabalho qualitativo, elaborado por grupo de especialistas em Física Médica, Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho num estabelecimento de saúde de cardiologia com serviço de radiologia diagnóstica e intervencionista. Visitas conjuntas ao local para avaliação das condições e processos de trabalho, com oitiva dos trabalhadores e discussão sobre os aspectos observados, acarretaram: a) Identificação dos indivíduos ocupacionalmente expostos (IOE's); b) Controle de dose ocupacional; c) Avaliação de equipamentos de proteção individual; d) Programa de garantia de qualidade; e) Treinamento em radioproteção. Resultados: O redimensionamento do quadro de IOE's demandou ajustes na dosimetria individual, no quantitativo e frequência de exames periódicos e na concessão de adicionais de periculosidade. O planejamento de mudanças estruturais foi pautado no programa de garantia da qualidade, permitindo adequação e modernização do serviço, com retirada de equipamentos sem condições de uso e reclassificação das áreas. Foi introduzido o treinamento de radioproteção nos setores, interativo, realizado durante os procedimentos intervencionistas, identificando erros e promovendo ajustes. Os procedimentos foram otimizados, reduzindo a exposição do paciente e equipe, principalmente no uso do arco em C, situação em que a maioria dos profissionais não tem prévia formação em radioproteção. Conclusão: O mapeamento de áreas e funções interferiu na convocação semestral para exames periódicos e na concessão dos adicionais de periculosidade. A interação do físico com o SESMT permitiu uma padronização de procedimentos, melhoria das condições e da organização do trabalho e melhor vigilância em saúde do trabalhador ocupacionalmente exposto à radiação ionizante.

 

REFERÊNCIA

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 453, de 1 de junho de 1998. Aprova o regulamento técnico que estabelece as Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico, dispõe sobre o uso dos raios-x diagnóstico em todo território nacional e dá outras providências. DOU, Brasília (DF), 1998 Jun 02.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P45

P45 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL NA COLANGIOPANCREATOGRAFIA RETRÓGADA ENDOSCÓPICA (CPRE)

Laura Maria Campello Martins

Introdução: A colangiopancreatografia retrógada endoscópica (CPRE), técnica intervencionista com raios-X, é empregada no diagnóstico e tratamento de doenças pancreatobiliares, demandando cuidados de proteção aos profissionais de saúde expostos à radiação, os indivíduos ocupacionalmente expostos (IOE). Objetivo: Verificar as condições de radioproteção existentes e propor medidas de correção e de melhoria face aos resultados encontrados. Método: Foi analisado o processo de trabalho, com oitiva dos trabalhadores, feito levantamento dos dados de 193 exames, acompanhados alguns exames e realizada medição radiométrica em simulação. A observação crítica da CPRE acompanhou o número de profissionais envolvidos, equipamentos de proteção individual utilizados por eles, localização e movimentação da equipe em sala, posicionamento do paciente na maca, dados fornecidos pelo raios-X arco em C e taxas de dose de radiação, com diálogo entre as partes envolvidas. Os dados armazenados no controle do arco em C foram recuperados e trabalhados no software matemático Maple, incluindo os registros de tensão e corrente (Kv e mA) dos exames. Para a base de dados ser representativa, o período analisado foi de 18 meses. Para a radiometria utilizou-se câmera de ionização, eletrômetro, simulador fantoma antropomórfico, trena e tripé. Obteve-se a taxa de exposição em 3 diferentes alturas e 5 eixos com ângulos distintos em relação ao cabeçote, 2 pontos em cada eixo, num total de 30 pontos e 93 medidas, sempre com proteção plumbífera adequada. Resultados: O levantamento radiométrico, contraposto à série histórica de exames, sinalizou a necessidade de adoção imediata de medidas para redução dos riscos ocupacionais. A análise do conjunto de dados e o diálogo com a equipe foi determinante para definir áreas supervisionadas, controladas e livres da sala de exames, mudar o leiaute para minimizar a exposição, limitar o acesso de profissionais, definir quem são os IOE, providenciar dosimetria individual, limitar o tempo mensal de exposição dos IOE em função do número máximo de exames que podem ser realizados, providenciar a compra de manta plumbífera protetora coletiva para o cabeçote do aparelho de raios-X, substituir os aventais pumblíferos por modelos adequados à exposição, conscientizar os profissionais quanto à sua vida laboral por exposição em outros estabelecimentos haja vista que a instituição não tem meios de estender extramuros a vigilância à saúde dos seus trabalhadores, programar curso de radioproteção aos trabalhadores, dentre outros. Conclusão: As medidas de radioproteção são necessárias para que a tecnologia que beneficia os pacientes não prejudique as equipes de saúde envolvidas nos procedimentos. A adoção de novas metodologias de controle, acompanhamento dos processos de trabalho e atualização das técnicas de radioproteção devem convergir com a evolução tecnológica da área médica. Treinamento e educação continuada são essenciais para conhecer os riscos dos raios-X e saber como reduzi-los. Os profissionais estão se expondo à radiação por desconhecimento dos riscos associados ou por negligência da própria instituição por não propiciar condições seguras a eles.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P46

P46 – MOTIVAÇÕES PARA A (IN) CAPACIDADE LABORATIVA: RELATO DE CASO DE TETRAPLEGIA COM RETORNO AO TRABALHO

Evandro Carlos Miola

Gerência-Executiva de Manaus, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Manaus (AM), Brasil

Introdução: As motivações do trabalhador para retornar à atividade, ou dela permanecer afastado, devem sempre ser objeto da análise pelos médicos do trabalho e peritos médicos. Métodos: Este trabalho parte de um estudo de caso por meio de análise documental. Resultados: O trabalhador exercia a atividade de analista de sistemas de forma autônoma. Aos 30 anos apresentou quadro de tetraparesia e disartria como sequela de doença cerebrovascular (rompimento de má-formação arteriovenosa no tronco encefálico até então desconhecida). Permaneceu em auxílio-doença por aproximadamente quatro anos. Neste tempo participou com sucesso de processo seletivo de uma empresa de tecnologia da informação para atuar como analista de sistemas. Solicitou a cessação do benefício, a despeito das sequelas motoras citadas, desempenhando atividade laboral por mais de dois anos. Foi afastado do trabalho após novo evento hemorrágico, do qual resultou o agravamento das limitações: quadriplegia e piora acentuada da disartria. Durante a fase de reabilitação funcional desenvolveu habilidades para utilizar tecnologias assistivas. A principal delas foi o uso de computador através de software de apoio, o qual permite deslocar o cursor a partir da movimentação da cabeça, além de cliques com o movimento dos lábios. Apesar de ser dependente de terceiros para atividades da vida diária, utilizou o software para solicitar por e-mail encaminhado à empresa sua reinserção no trabalho, destacando que sua cognição estava preservada. Enfatizou a importância do labor como parte de seu processo de reabilitação, especificando as atividades que poderia ou não desenvolver em sistema home office, considerando habilidades remanescentes e limitações. Após visita domiciliar, a área técnica da empresa manifestou-se favoravelmente ao pedido. Embasada no parecer dos profissionais de tecnologia da informação a empresa solicitou ao órgão de previdência a antecipação da data de cessação do benefício para a reinserção do trabalhador no processo produtivo, em sistema home office. Em perícia médica domiciliar verificou-se que o trabalhador apresentava as limitações motoras consecutivas ao último evento, sob atenção e assistência permanente de cuidador e equipe multiprofissional. Foram demonstradas as habilidades para o manuseio do software. Considerando as particularidades do caso concreto decidiu-se pela cessação do benefício e retorno ao trabalho. Entrevistado um ano após o retorno ao trabalho, o empregado manifestou satisfação por estar desempenhando normalmente as atividades para as quais estava adaptado. Discussão: Neste caso, o "fazer" tornou-se instrumento de reabilitação. De uma situação fática que ensejaria a concessão de aposentadoria por invalidez, tem-se o trabalhador desempenhando sua atividade profissional, contando com o apoio da família, da empresa e do órgão de previdência. O trabalho pericial serviu como facilitador no processo construído por iniciativa do próprio empregado visando o retorno à atividade laboral. Conclusão: É fundamental que o médico do trabalho e o perito médico considerem, em seus pareceres sobre a existência de incapacidade laborativa, todas as particularidades do caso concreto. Há que se considerar sempre a motivação do trabalhador, para que, quando possível o retorno ao trabalho em condições de segurança, esta possa ser respeitada.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P50

P50 – EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A AGROTÓXICOS E PNEUMONITE POR HIPERSENSIBILIDADE CRÔNICA: RELATO DE CASO

Tadeu Sartini Ferreira

Introdução: A pneumonite por hipersensibilidade é causada por uma resposta inflamatória contínua à inalação de antígeno sensibilizante1,2. Além dos alérgenos, este quadro também tem sido associado à exposição a pesticidas, incluindo piretróides3-5 e organoclorados5. Objetivos: Descrever um caso de trabalhador de 30 anos submetido a exposição sem proteção a pesticidas, levando a pneumonite de hipersensibilidade. Métodos: Foi realizada uma análise minuciosa do prontuário, além de uma revisão bibliográfica das publicações incluídas na base de dados PubMed. Resultados: Um homem de 72 anos trabalhou por mais de 30 anos como agente de saúde envolvido na fumigação de áreas rurais e urbanas. Ele foi avaliado por queixa de dispnéia aos esforços crônica e progressiva e tosse persistente nos últimos três anos. Não tinha história de alergias, tabagismo ou qualquer outra doença pulmonar prévia. A exposição química cessou em abril de 2017; e incluiu piretróides (deltametrina, cifenotrina), organofosfatos (malathion) e organoclorados (hexaclorobenzeno - BHC, diclorodifeniltricloroetano - DDT). Sem histórico de uso de equipamento de proteção individual (EPI). A tomografia computadorizada de alta resolução do tórax evidenciou inúmeras bandas parenquimatosas, imagens de favo de mel e áreas difusas de aprisionamento de ar bilaterais. A espirometria revelou um padrão restritivo grave. A biópsia pulmonar a céu aberto confirmou a presença de pneumonite intersticial com distribuição bronquiolocêntrica, áreas de fibrose antiga e cristais de colesterol circundados por células gigantes. A endoscopia não mostrou anormalidades. Um teste de pH esofágico de 24 horas foi indicado para realizar o diagnóstico diferencial com doença do refluxo gastroesofágico, apesar da ausência de pirose e dispepsia. Conclusões: Embora o conhecimento e o uso de EPI estejam amplamente disseminados, alguns trabalhadores ainda têm dificuldade para aderir aos protocolos básicos de segurança. Os danos da pneumonite por hipersensibilidade podem ser parcialmente ou totalmente revertidos em casos de diagnóstico precoce e interrupção da exposição. Como os pesticidas acima mencionados ainda são amplamente utilizados, este caso ilustra impactos contínuos na saúde pública e chama a atenção para a importância de medidas de proteção e diagnóstico precoce.

 

REFERÊNCIAS

1. Chandra D, Cherian SV. Hypersensitivity Pneumonitis. StatPearls Publishing; 2018.

Lacasse Y, Girard M, Cormier Y. Recent advances in hypersensitivity pneumonitis. Chest. 2012;142(1):208-17.

2. Bagatin E, Pereira CADC, Afiune JB. Doenças granulomatosas ocupacionais. J Bras Pneumol. 2006;32(Suppl 2):S69-S84.

3. u CY, Rasheed MR, Sekosan M, Sharma V. Pet Groomer's Lung: A novel occupation related hypersensitivity pneumonitis related to pyrethrin exposure in a pet groomer. Am J Ind Med. 2017;60(1):141-5.

4. Hoppin JA, Umbach DM, Kullman GJ, Henneberger PK, London SJ, Alavanja MCR, et al. Pesticides and other agricultural factors associated with self-reported farmer's lung among farm residents in the Agricultural Health Study. Occupational and Environmental Medicine. 2007;64(5):334-42.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P52

P52 – AVALIAÇÃO PREVENTIVA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E TRANSTORNOS MAIORES -DEPRESSÃO EM EXAME PERIÓDICO NUMA EMPRESA PÚBLICA DE GRANDE PORTE

Rosângela de O. Cruz, Adriana A. Arantes, Ana Paula P. Mendonça, Fernando A. C. Varzim, Karla G. Menezes, Valéria Pacheco, Denise C.S. Côrtes, Denise da R. Renzeti, Adriana F. de Carvalho, Anne A. Sant'Anna, Marcio F. Carvalho, Eduardo da C. Pinto, Oziel Tardin

Introdução: A depressão é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o principal fator contribuinte isolado de incapacidade em todo o mundo, com projeção para 2030 de segunda doença mais incidente em países de renda média e terceira em países de baixa renda. Ações tornam-se urgentes diante das estatísticas mundiais atuais e projeções. Em 2018, o departamento médico de uma empresa de grande porte definiu a abordagem do tema "Saúde Mental" como diferencial do exame periódico anual, por meio da aplicação de questionários cuja abordagem envolve a suspeição diagnóstica dos transtornos mentais comuns (TMC) e da depressão maior. Objetivo: Apresentar o mapeamento para transtornos psiquiátricos do corpo funcional de uma empresa pública e outra privada. Métodos: Estudo realizado em população vinculada a uma empresa pública e outra privada no ano de 2018. Os participantes responderam aos questionários SRQ-20 (Self-Reporting Questionnaire) e o PHQ-2 (Patient Health Questionnaire). O questionário SRQ-20 é uma ferramenta utilizada para o screening de TMC em nível de atenção primária. O Questionário PHQ-2 identifica portadores de transtornos depressivos (sensibilidade de 83%; especificidade de 90%). Resultados: Durante o primeiro semestre de 2018 foram respondidos 1.869 questionários, o que corresponde a 64% da população-alvo, sendo 1209 (65%) do sexo masculino e 660 (35%) do feminino, a maioria na faixa etária entre 30 e 49 anos (77%). O questionário SRQ-20 foi considerado positivo em 228 respondentes (12% da população avaliada), sendo mais frequente em mulheres (16,7%) do que em homens (9,8%). Para o questionário PHQ-2, 154 respondentes obtiveram resultados positivos (8% da população), sendo também mais frequente em mulheres (10,5%) do que em homens (7,0%). Ambos os questionários tiveram maior positividade na faixa entre 30 e 39 anos. Entretanto, o distúrbio está presente em todas as faixas etárias, com distribuição da frequência predominante nas faixas etárias produtivas (30-59 anos). A positividade em ambos os questionários abrange 6% dos respondentes. Discussão: Como o SRQ-20 foi desenvolvido para uso em atenção primária em saúde, pode ser aplicado visando à identificação e prevenção dos transtornos mentais comuns nos ambientes de trabalho. A positividade nas faixas etárias mais produtivas ratifica a necessidade de ações preventivas pelas empresas. Considerando a complexidade dos fatores envolvidos na fisiopatologia desses transtornos, a cronicidade e elevado impacto na vida laboral e social, bem como as dificuldades na abordagem terapêutica e na obtenção de resultados favoráveis, torna a iniciativa válida, principalmente no diagnóstico precoce. Desta forma, pode facilitar o manejo e o tratamento, trazendo benefícios para a saúde dos empregados e, consequentemente, para a instituição. Conclusões: Os dados analisados mostram resultados que justificam a importância da abordagem do tema no âmbito da saúde ocupacional, bem como a implementação de ações preventivas. Ações gerais e individuais contemplam o projeto em andamento, assim como o acompanhamento dos empregados portadores de possível transtorno mental identificado pelos questionários aplicados e que deverão ser foco de estudo quanto aos resultados.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P53

P53 – RESULTADOS DE UM PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS CARDIOVASCULARES EM UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE

Rosângela de O. Cruz, Adriana A. Arantes, Ana Paula P. Mendonça, Fernando A. C. Varzim, Karla G. Menezes, Valéria Pacheco, Denise C.S. Côrtes, Denise da R. Renzeti, Adriana F. de Carvalho, Anne A. Sant'Anna, Marcio F. Carvalho, Eduardo da C. Pinto, Oziel Tardin

Introdução: As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte por doença no Brasil. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 44% da epidemia de diabetes, 23% de doença cardíaca isquêmica e 7 a 41% de alguns tipos de câncer podem ser atribuídos ao excesso de peso. A obesidade também diminui qualidade e expectativa de vida. Objetivo: Avaliar os resultados de um programa de prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas, através da detecção precoce e controle dos riscos como sobrepeso/obesidade, altos níveis de colesterol e/ou triglicerídeos (dislipidemias), e glicemia em população de uma empresa de grande porte no âmbito de saúde coorporativa. Métodos: Identificar, através de consultas assistenciais e ocupacionais, empregados elegíveis ao programa. Foram critérios de elegibilidade: LDL>160 mg/dL; HDL: homens < 40 mg/dL ou mulheres < 50 mg/dL; Triglicerídeos > 170 mg/dL; glicemia de jejum > 100 mg/dL; ácido úrico > 8,0 mg/dL; IMC > 25 kg/m2; presença de qualquer outro fator de risco cardiovascular, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, esteatose hepática; disfunção tireoideana; pós-operatório de cirurgia bariátrica. Os empregados elegíveis foram encaminhados para consultas com endocrinologista e/ ou nutricionista (na dependência da estratificação individual de risco), de periodicidade mensal, com reavaliação semestral dos resultados pelo médico que encaminhou o empregado ao programa. Resultados: Participaram do programa 292 empregados no período de janeiro a dezembro de 2017. Avaliou-se, entre outros indicadores, a perda ponderal e a redução da circunferência abdominal (CA) no período. Dos 292 participantes, 142 (49%) apresentaram perda ponderal igual ou superior a 3% do peso inicial, 82 (29%) perda igual ou superior a 5% e 22 (8%) perda igual ou superior a 10%. Quanto à CA, 130 (45%) apresentaram redução de pelo menos 3 cm em relação a medida inicial, 81 (27%) redução de pelo menos 5cm e 35 (11%) de pelo menos 10cm. Discussão: A prevalência de sobrepeso/ obesidade na população envolvida é de 54%. Sabe-se pela literatura médica que a perda de 3% de peso já é o suficiente para promover efeitos positivos na redução de risco cardiovascular. Os resultados obtidos mostram que é possível modificar hábitos de vida através de um programa de prevenção de riscos cardiovasculares no âmbito ocupacional e, dessa forma, a redução da incidência de doenças relacionadas como hipertensão e diabetes, entre outras. Conclusões: O investimento em um programa de prevenção de riscos cardiovasculares deve ser considerado como de alta prioridade nas empresas, pois são quadros de prevalência expressiva na população mundial, com custo extremamente elevado para tratamento das patologias decorrentes, assim como os custos pelos afastamentos (absenteísmo) para o seu tratamento.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P54

P54 – ESTUDO DA OCORRÊNCIA DE TALCOSE EM ARTESÃOS DA PEDRASABÃO EM CACHOEIRA DO CAMPO, OURO PRETO (MG)

João Otávio Oliveira Silva

Introdução: O esteatito é uma rocha metamórfica encontrada na região do Quadrilátero Ferrífero (MG). É popularmente conhecido como "pedra sabão" sendo abundantemente utilizado pelos artesãos na região de Ouro Preto (MG), desde o século XVII. O principal componente do esteatito é o talco, um silicato de magnésio hidratado. Esse mineral é bastante empregado na indústria de tintas, têxtil, papel, farmacêutica e na indústria de cerâmicas. A exposição ocupacional à poeira de pedra-sabão pode levar ao desenvolvimento da talcose, uma pneumoconiose fibrosante e progressiva, sem possibilidade de tratamento eficaz, decorrente da inalação de talco puro (talcose pura) ou contaminado com sílica livre (talcosilicose) ou asbesto (talcoasbestose). Em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, ocorre grande produção de artesanatos em pedra-sabão, sendo um dos principais polos de produção do país. Muitos artesãos sobrevivem da atividade, expondose com grande frequência à inalação da poeira da rocha, por muitos anos ao longo da vida, sob risco de desenvolvimento da talcose. Objetivos: Identificar a ocorrência de talcose entre artesãos expostos à poeira da pedra-sabão em Cachoeira do Campo, Ouro Preto (MG). Métodos: Foi realizada busca ativa por artesãos por meio de visitas a pequenas fábricas de panelas de pedra-sabão, oficinas de peças ornamentais em pedra-sabão, residências de artesãos, lojas de artesanatos e à associação de artesãos existente no distrito. Os artesãos foram convidados a realizar propedêutica habitual para diagnóstico de pneumoconioses, que inclui: anamnese clínica e ocupacional, exame físico, pesquisa de sintomatologia respiratória, radiografia de tórax padrão OIT e espirometria. Foram realizadas visitas aos ambientes de trabalho e atividades educativas envolvendo exposições dialogadas e rodas de conversa, visando identificar os riscos e discutir alternativas de solução para redução da poeira ocupacional. Resultados: Nove artesãos concordaram em participar do estudo. Dois apresentaram alterações radiológicas, uma delas compatível com suspeita de talcose. A sintomatologia respiratória foi elevada, com destaque para tosse (55,5%) e expectoração (55,5%). Foram identificadas seis espirometrias alteradas (66,6%) e três normais (33,3%). Entre as alteradas, três (50%) apresentaram padrão restritivo, duas com padrão obstrutivo e uma com padrão inespecífico. A intensidade e o tempo de exposição (32,3% ± 19,1) à poeira foram considerados elevados, reforçando a possibilidade de ocorrência da talcose entre eles. As atividades educativas desenvolvidas tiveram boa participação dos artesãos. Conclusões: Os resultados encontrados indicam a necessidade de ampliação do estudo e do fortalecimento da vigilância epidemiológica da talcose no distrito de Cachoeira do Campo.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P55

P55 – SUICÍDIO NO TRABALHO ENTRE PILOTOS: UMA POPULAÇÃO POUCO ESTUDADA E DE POTENCIAL INTERESSE PARA A MEDICINA DO TRABALHO

Amelina Verazez Sampaio Oliveira

Introdução: Um grande desafio na Medicina Aeroespacial é identificar, precocemente, pilotos com distúrbios psiquiátricos que possam aumentar o risco de incidentes e acidentes. Dentre os eventos que fortemente se associam aos transtornos mentais, o suicídio está neste contexto. Apesar de evento raro, tem grande relevância social pelo seu impacto sobre terceiros e pela grande visibilidade midiática, a exemplo do caso da Germanwings em 2015. Portanto, é um tema relevante também para a Medicina do Trabalho. Objetivos: Apresentar uma revisão narrativa das publicações acerca do tema suicídio em pilotos. Métodos: Pesquisa bibliográfica em revistas científicas disponíveis na base Pubmed. Foram buscados artigos no período entre 1988 a 2018 que tivessem no título ou resumo os termos "pilots" e "suicidal", ou "pilots/air" e "suicide" disponíveis na base citada. No total, foram encontrados doze artigos. Foram excluídos resultados sem publicação completa e não relacionados ao tema. Resultados: Dentre os artigos selecionados, cinco eram do tipo revisão, um do tipo comentário e outro estudo descritivo transversal. Não foram localizadas publicações em revistas brasileiras nos critérios apontados. Dados coletados1 da "National Transportation Safety Board's accident" nos anos de 1982 – 2014 indicam que ocorreram 51 suicídios cometidos por pilotos utilizando aeronaves (aviação geral). Todos os suicidas eram homens, com idade média de 38 anos. Destes casos, 64,7% foram premeditados; 54,9% notificaram alguém antes do evento; 15,7% estavam em uso de medicação prescrita; exames toxicológicos post mortem identificaram que 3,9% estavam em uso de medicação não prescrita e 14% positivo para etílicos. Autores2 encontraram na literatura 17 acidentes/ incidentes na aviação comercial aos quais transtornos mentais e fatores negativos de vida poderiam ser atribuídos como causas. Estes acidentes envolveram 576 mortes. 29,4% dos eventos foram classificados como acidentes deliberados e 11,8% provavelmente deliberados. Apenas um artigo abordou ideação suicida neste grupo, indicando prevalência de 4% nas últimas duas semanas3. Conclusões: A investigação do suicídio entre pilotos em exercício profissional apresenta limitações metodológicas, tais como baixo número de publicações, necessidade de evidências incontestáveis para caracterizar o suicídio e a maioria das publicações é relacionada a eventos já ocorridos. São ínfimos os estudos sobre prevalência de ideação suicida. Somam-se a estes limitantes, peculiaridades da categoria, que podem influenciar a incidência de transtorno mentais/ideação suicida e a obtenção de dados fidedignos. Dentre estas peculiaridades, citamos: longas horas de voo, trabalho em turnos, isolamento da família e o maior estigma a ser enfrentado para assumir um transtorno mental. Isto decorre tanto por impedimentos para obtenção de certificação médica para voo, quanto por expectativas de personalidade resiliente em áreas que envolvem segurança de vida de terceiros. É necessário aprofundar os estudos do tema, para que uma melhor compreensão permita a criação de medidas de prevenção efetivas do adoecimento mental e do suicídio entre pilotos, especialmente durante o exercício profissional.

 

REFERÊNCIAS

1. Politano, P.M.; Walton, R.O. Analysis of NTSB Aircraft-Assisted Pilot Suicides: 1982–2014. Suicide Life Threat. Behav. 2016;46:234–238

2. Mulder S., de rooy d. Pilot mental health, negative life events, and improving safety with peer support and a just culture. Aerosp Med Hum perform. 2018; 89(1):41–51.

3. Wu et al. Airplane pilot mental health and suicidal thoughts: a cross-sectional descriptive study via anonymous web-based survey. Environ Health. 2016;15:121.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P56

P56 – PREVALÊNCIA DAS PRINCIPAIS DOENÇAS NOS ATESTADOS MÉDICOS APRESENTADOS EM UMA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL, DE 2013 A 2017

Solange Rita Bernardo dos Santos

Introdução: Quando há ausência ao trabalho por atestado médico em uma universidade federal de Mato Grosso do Sul o documento deve ser protocolado junto ao setor de saúde ocupacional. Objetivo: Determinar os diagnósticos mais prevalentes nos atestados médicos entregues por funcionários de uma universidade federal. Métodos: Os dados foram cedidos pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas relativo ao período de 2013 e 2017. Os atestados foram classificados conforme a CID-10 e divididos conforme dois grupos: hospital universitário e unidades I/II. Resultados: No que se refere ao diagnóstico, o número de atestados mais prevalentes foram as categorias F (transtornos mentais e comportamentais). No hospital universitário os atestados por CID F foram 117 em 2013 (3643 dias de afastamento); 147 em 2014 (4952 dias de afastamento); 143 em 2015 (4132 dias de afastamento); 80 em 2016 (2515 dias de afastamento); e 92 em 2017 (2786 dias de afastamento). Essa predominância do CID F também ocorreu nas unidades I/II: em 2014 (87 atestados e 2721 dias de afastamento); 2015 (60 atestados e 2419 dias de afastamento); 2016 (85 atestados e 2951 dias de afastamento) e 2017 (108 atestados e 4008 de afastamento). A única exceção encontrada nas unidades I/II foi em 2017, que o motivo de atestado mais frequente foi o CID Z (Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde) com 160 atestados e 4561 dias. Os atestados por CID F foram o segundo motivo mais frequente (108 atestados e 4008 dias de afastamento). Discussão: Tendo em vista a hegemonia da presença do CID F em quase todos os anos analisados, é notório que as doenças psiquiátricas são um dos fatores que mais levam os servidores ao afastamento e também são um dos principais responsáveis por mais dias de afastamento dos trabalhadores nessa universidade federal. Conclusão: Durante a série histórica 2013 até 2017, foi observado a maior prevalência de atestados por doenças psiquátricas. Esse resultado mostra o impacto de tais patologias para o referido serviço, como também para os servidos que estão suscetíveis a tais patologias, sendo necessário mais estudos, em outros cenários trabalhistas, para saber seu risco para a saúde dos trabalhadores do país.

 


 

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1P57

P57 – ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS AGRAVOS RECORRENTES À SAÚDE DO TRABALHADOR NO BRASIL (2012 A 2016)

Arthur Arantes da Cunha

Introdução: Os acidentes de trabalho (AT) decorrem dos riscos de cada atividade laboral, podendo ocorrer, também, no trajeto domicilio-trabalho e vice-versa. Assim, ressalta-se a relevância epidemiológica desses acidentes, mediante os danos à saúde do trabalhador e os elevados custos ao Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivos: Calcular, o total de AT e destacar os tipos de acidentes mais recorrentes, com base na Classificação Internacional de Doenças (CID), além de avaliar a variação do número de casos, no período de 2012 a 2016, no Brasil. Métodos: Este é um estudo quantitativo descritivo baseado em dados públicos secundários publicados nos Anuários Estatísticos da Previdência Social, do Ministério da Fazenda/Secretaria da Previdência, relativos aos anos de 2012 a 2016, sobre o número de acidentes de trabalho no Brasil. Foram utilizados os quantitativos totais de acidentes de trabalho, tendo sido, ou não, registrados por Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT). Resultados: Ocorreram, 3.353.264 AT, entre 2012 a 2016. Foram 332.042 (9,9%) ferimentos do punho e da mão – CID10 S61; 222.308 (6,6%) fraturas ao nível do punho e da mão – CID10S62; 157.453 (4,7%) traumatismos superficiais do punho e da mão – CID10 S60. Em 2012, foram registrados 713.984 AT e em 2016 ocorreram 578.935, resultando em uma redução de 18,9%. O quantitativo de S61 variou de 69.675 para 55.217, o de S62 alterou de 49.558 para 36.405 e o de S60 mudou de 34.030 para 26.075. Foram obtidas as seguintes taxas percentuais de variação negativa: -20,75%, -26,54% e -20,75%. Conclusões: A realização deste estudo evidenciou a redução dos AT, assim como a diminuição das principais doenças, classificadas pela CID, decorrentes desses acidentes. Porém, o número permanece alto e é, ainda, um desafio reduzi-lo, para diminuir despesas do governo brasileiro com a Previdência Social e com o SUS.


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