IMAGINAÇÃO EM SARTRE E BACHELARD

Autores

  • Sandra Regina Simonis Richter Pesquisadora e professora adjunta do Departamento de Educação, atuando na Graduação, na Extensão e no Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul https://orcid.org/0000-0002-7902-5918
  • Felipe Augusto Kopp Mestrando em Lógica e Filosofía da Ciência pela Universidade de Salamanca. Professor de Língua Portuguesa e Literatura pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul https://orcid.org/0000-0002-8817-101X

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2019.v11.n30.04.p38

Palavras-chave:

Imaginação, Jean-Paul Sartre., Gaston Bachelard, Fenomenologia

Resumo

Este artigo contrasta as abordagens fenomenológicas de imaginação em Jean-Paul Sartre e em Gaston Bachelard para problematizar a longa tradição filosófica ocidental de desqualificação da imagem, a qual exclui do campo do conhecimento a dimensão do sensível. Ambos os filósofos contribuíram para negar a psicologização da imagem ao retirá-la da sujeição da percepção e da memória, porém, o realizaram com consequências opostas na relação entre a imaginação e o conhecimento. Se Sartre relaciona a imaginação a um ato de nadificação do conteúdo da percepção e descreve a intencionalidade da consciência imaginante a partir da referência do objeto sobre o fundo de sua ausência, Bachelard a descreve como dinamismo organizador da percepção ao afirmar a autonomia realizadora da imaginação como evento de linguagem. O que emerge, no contraste entre ambas as fenomenologias da imaginação, é a interrogação pela concepção de linguagem como representação dos aspectos observáveis e conhecidos do mundo, dada pelo privilégio da visão nas teorias do conhecimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARISTÓTELES. De anima: livros I, II e III. Trad. Maria Cecilia Gomes dos Reis. São Paulo: 34, 2006.

BACHELARD, G. [1934] O novo espírito científico. Trad. Juvenal Hahne Júnior. 3. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.

______. [1941] A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. Trad. Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

______. [1943] O ar e os sonhos: ensaio sobre a imaginação do movimento. Trad. Antonio de Pádua Danesi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009a.

______. [1948] A terra e os devaneios da vontade: ensaio sobre a imaginação das forças. Trad. Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.

______. [1953] Le matérialisme rationel. 3. ed. Paris: Presses Universitaires de France, 2007.

______. [1957] A poética do espaço. Trad. Antonio de Pádua Danesi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008b.

______. [1960] A poética do devaneio. Trad. Antonio de Pádua Danesi. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009b.

BARBOSA, E.; BULCÃO, M. Bachelard: pedagogia da razão, pedagogia da imaginação. Petrópolis: Vozes, 2004.

BERNIS, J. A imaginação: do sensualismo epicurista à psicanálise. Trad. ÁlvaroCabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987.

BULCÃO, M. A noção de imaginação: Bachelard crítico de Sartre. In: CESAR, C. M.; ______. (Org.). Sartre e seus contemporâneos: ética, racionalidade e imaginário. Idéias & Letras, 2008. p. 17-37.

CESAR, C. M. A hermenêutica francesa: Bachelard. Campinas: PUCCAMP, 1996.

CHAUÍ, M. O que é ser educador hoje? Da arte à ciência: a morte do educador. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). O educador: vida e morte. Ensaios sobre uma espécie em perigo. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1982. p.51-70.

CUMMING, R. D. Role-playing: Sartre’s transformation of Husserl’s phenomenology. In: HOWELLS, C. (Edit.). The Cambridge companion to Sartre. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. p. 39-66.

ELKAÏM-SARTRE, A. Historical introduction. In: SARTRE, Jean-Paul. The imaginary: a phenomenological psychology of the imagination. Trad. Jonathan Webber. New York: Routledge, 2004. p. vii-xii.

GRIMSLEY, R. Two philosophical views of the literary imagination: Sartre and Bachelard. Comparative Literature Studies, (S.l), v. 8, n. 1, p. 42-57, mar. 1971. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/40245930. Acesso em: 17 abr. 2019.

MORRIS, K. J. Sartre. Trad. Edgar da Rocha Marques. Porto Alegre: Artmed, 2009.

SARTRE, J. P. [1936] A imaginação. Trad. Luiz Roberto Salinas Fortes. 7. ed. São Paulo: DIFEL, 1985.

______. [1939] Esboço para uma teoria das emoções. Trad. Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2007.

______. [1939] Uma ideia fundamental da fenomenologia de Husserl: a intencionalidade. In: LOPES, Ricardo Leon. Tradução do texto de Jean-Paul Sartre: Une idée fondamentale de la phénoménologie de Husserl: l´intentionnalité. VEREDAS

FAVIP – Revista de Ciências e Cultura, Caruaru, v. 8, n. 1, p. 102-107, 2005.

______. [1940] O imaginário: psicologia fenomenológica da imaginação. Trad. Duda Machado. São Paulo: Ática, 1996.

STEINER, G. Gramáticas da criação. Baseado nas conferências Gifford de 1990. Trad. Sérgio Augusto de Andrade. São Paulo: Globo, 2003.

WEBBER, J. Philosophical introduction. In: SARTRE, Jean-Paul. The imaginary: a phenomenological psychology of the imagination. Trad. Jonathan Webber. New York: Routledge, 2004. p. xiii-xxvi.

WUNENBURGER, J. J. Philosophie des images. 2. ed. Paris: Presses Universitaires de France, 2001.

Downloads

Publicado

2019-12-31

Edição

Seção

Artigos