cadernos ARTIVISTAS/ Livros colaborativos

cadernos ARTIVISTAS/Livros colaborativos

Teresa Torres de Eça e Angela Saldanha

DOI: 10.24981/978-989-20-5401-9-PT-TE.AS

O Projeto Livros colaborativos/ cadernos artivistas, como proposta de investigação artística iniciou-se pelo grupo C3, em 2012 com a chamada para durante o congresso da International Society for Education through Art – InSEA em junho de 2012. Nesse congresso Teresa Eça; Maria Jesus Agra Pardiñas; Cristina Trigo e Emilia Lopes realizaram um workshop onde desenvolveram a ideia de ‘Livro colaborativos’ para fomentar o inquérito e a pratica artística em contextos educativos. Como ponto de partida as facilitadoras usaram como exemplos o livro de artista colaborativo realizado por Teresa ; Emília Lopes; Ana Bela Lacerda; Mag Lutz e Petra Weignart durante 2005-2007 e a experiência dos cadernos desenvolvidos por Maria Jesus Agra Pardinas no curso de formação de professores que ministrava na Universidade de Santiago de Compostela. Maria Jesus e Cristina Trigo tinham apresentado os cadernos como ferramenta de acção pedagógica e processo de investigação no congresso da rede IberoAmericana de Educação artística em 2008 em Beja, Portugal. Na confluência destas experiências nasceu um programa bastante ambicioso que, com a colaboração de Pancho Matias da Oficina de encadernação da ASSOL ‘Devegarseencadernalonge’ levou, pela mão de educadoras artísticas, a experiência dos cadernos partilhados a várias comunidades durante vários anos. O projeto desenvolveu-se em comunidades alargadas e define-se no âmbito de praticas artísticas participatórias, porque tal como Manning (2016, p.24) o descreve celebram formas complexas de conhecimento não porque são realizadas por várias pessoas mas porque trabalham com conhecimento coletivo, integrando múltiplos modos de pensamento .

To think multiply is to think in the register of the hyphen, of the differential, in the complex field of study opened up by the undercommons… ( Manning, 2016 p.24)

.

No projeto, tínhamos bem claro que queríamos trabalhar com conceitos ativistas, com praticas artísticas participativas em comunidades locais e em rede, ligando várias comunidades pelo fazer artístico, que neste caso seriam livros ou cadernos colaborativos.

Cuando estamos en las aulas, o en asociaciones, o… trabajamos con un montón de gente que no se definen como artistas, y es ahí cuando se abre un espacio donde todo el mundo siente su potencial creativo, su propia habilidad para ser creativo y crítico.Y que una idea, un proyecto, una historia se convierta en algo que un montón de gente asumimos como propio. No se trata de crear un mundo nuevo, significa sencillamente reapropiarte de tu vida, abrir una ventana, que tu vida signifique otra cosa hoy, ahora, en este momento.

Maria Jesus Agra Pardinas ( Crearte, Viseu, 28/29 de Maio)

Dos Livros aos Cadernos

Uma primeira edição com 40 livros foi realizada na oficina de Pancho Matias em 2012 e em 2016 seguiu-se outra edição de 40 exemplares.

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Entrega da segunda edição dos livros colaborativos, Quinta da Cruz, Viseu , Portugal, 2016

Nestas duas primeiras edições adotou-se o conceito de livro colaborativo , porque se tratava de um livro de viagem, que passava de mão em mão , definido à partida por uma encadernação própria que continha um manual de instruções. O objecto livro era uma condição primária, como um livro em branco aberto às narrações diversas que pudessem aí caber nas mais variadas formas escritas e visuais. 

A primeira edição foi inaugurada num workshop para educadores artísticos realizado na conferência Europeia da InSEA em Limassol, no dia 25 de junho de 2012 (Sharing artist books for arts education practice and inquire).

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Fabricando os livros na Devegarseencadernalonge. ASSOÇL, Oliveira de Frades, Portugal

Durante seis anos os oitenta livros viajaram por vários países pela mão de artistas ou de professores de artes. Os que voltaram traziam textos escritos; desenhos, pinturas, colagens e recortes. Na sua maioria as páginas tinham sido criadas em contextos educativos; familiares ou círculos de amigos. Os livros apareciam como uma oferta vinda de um outro lugar e eram apresentados como uma proposta artística colaborativa, pedia-se uma continuação das narrativas que eram totalmente diferentes. Cada um juntava algo de seu ao todo. A narrativa era, portanto, plural, mas sem encadeamento.

No caderno, no livro de artista registamos pequenas intimidades e grandes sonhos. Refletimos sobre eventos, situações e emoções.

Teresa Torres de Eça, notas de campo

O livro final resultava na soma das experiências registadas por cada um dos autores. Os registos dos livros integravam imagens abstratas e figurativas com reflexões pessoais que contavam emoções, sentimentos, perceções do mundo, de experiências, de momentos, de relações. Enfim falavam de modos de ver e de estar no mundo.

Experimentamos… O caderno é também instrumento de investigação e pode ser  ferramenta de ação   como registo e partilha de memórias dos participantes. No caderno que passa de mão em mão deixamos uma mensagem, um pedaço de discurso que será continuado por outros. O caderno, objeto de arte e portanto de comunicação e de ação comunitária, faz-se e refaz-se na cadeia de autores, revelando discursos visuais e poéticos que se situam no espaço intersticial das relações entre as pessoas.

Teresa Torres de Eça, notas de campo

Da correspondência mantida com os portadores dos livros ficou claro que o que tinha sido mais representativo na experiência do livro foi o facto de poder fazer parte de um relato visual coletivo, usar a expressão artística para exprimir pensamentos e vivências sem medo numa obra colaborativa. Quase todos os livros da primeira edição foram elaborados em contextos pedagógicos com estudantes e professores na Finlândia; Espanha; França; Portugal; Croácia; Chipre, Austrália; Alemanha, Taiwan; Escócia. Na segunda edição as comunidades foram mais diversificadas por exemplo um dos livros foi elaborado apenas por artistas de Portugal e Itália, outro na Alemanha numa comunidade por refugiados sírios de várias idades. Nos cadernos artivistas as comunidades foram muito diversas como veremos adiante.

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A professora Li-Yan Wang apresentando o livro colaborativo aos seus alunos, futuros professores de Arte; Changhua, Taiwan, 2015

Os livros tinham um prazo de realização ilimitado. Para ver até que ponto o livro poderia ter uma dinâmica diferente em condições mais controladas em 2014, realizamos um experimento limitado no tempo, durante um workshop de 3 dias na Universidade Julius Maximilian de Wurzburg, na Alemanha, durante uma conferência sobre o programa Learning Through the Arts organizada por Petra Weignart . Nessa oficina as pessoas podiam livremente fazer uma página solta do livro, a que chamamos o livro de Wurzburg durante o tempo que achassem necessário. As folhas foram depois encadernadas e os dois livros resultantes ficaram em Wurzburg. O resultado foi muito similar, as folhas não se encadearam e as narrativas continuaram a ser muito pessoais. Os participantes relataram que tinham apreciado sobretudo a oportunidade de se exprimirem visualmente e apelidaram a oficina como um espaço de liberdade e um espaço íntimo de reflexão pessoal não verbal. Começamos a pensar que o livro colaborativo se podia definir como um espaço comum onde relatos muito diversos se podiam juntar sem, no entanto, precisar de uma narrativa sequencial. A experiência não estava num produto linear mas num processo de pertença onde o livro aparecia como meio de registo e como fim, o livro como expositor das várias narrativas visuais. Não havia realmente uma comunidade, mas sim um espaço de registo comum, onde cada narrativa singular se podia visualizar. O que era bastante diferente da nossa experiência anterior dos livros de artista onde vários artistas se agrupavam porque pertenciam a um grupo com ideias ou vivências partilhadas e que de um modo geral se influenciavam uns aos outros no processo de execução das páginas. Aqui, o livro aparecia como um espaço de ação, uma oportunidade para deixar o registo de uma situação. vivência ou emoção- o livro como Ação. o conceito de ativismo começou a ganhar forma no projeto, na medida em que o livro era o somatório de várias perceções, um espaço de visibilidade.

Na descrição da oficina que se realizou durante o congresso  LTTA na Universidade  Julius Maximilian,  Würzburg , na Alemanha, escrevíamos:

Drawing and other visual arts practices may be a lonely activity, a very personal thinking process . But they also provide channels for communication . Silent communication. Through images people can share ideas and thoughts difficult to express by words. Sharing those images with others makes us to expose ourselves to the unknown: to the other. Breaking limits.

Experiencing the gapes and fissures between pages. So, by sharing sketchbooks we aim another possibility for art education: the possibility of exposure to the otherness.

Because art educators are concerned with the others. Because we live inside the other and we aim to help people to built and rebuilt identities through visual arts. Because the other is inside us. Because we are the other and in the sum of all the others , collaboratively, we are constructing our book, the book of our memories, thoughts and dreams .

The book is just a pathway, a portal and an invitation .

To go beyond …

The Würzburg book is calling you, to enter in these sharing process and replicate the collaborative book experience in your surroundings, with your friends, with your students , with your family enlarging our arts education communities of practice.

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Würzburg book, February 2014

Nesta oficina  Teresa Eça; Emília Lopes e Barbara Maher, Julia Glock estiveram durante dois dias numa sala recebendo as pessoas que queriam participar criando uma página para o livro colaborativo .  O livro, que desta vez se conformava em páginas soltas pretendia ser um convite para participar trazendo um contributo pessoal. Queríamos demonstrar como era fácil utilizar narrativas visuais para dar visibilidade à pluralidade à compreensão do outro num espaço de Edição/publicação colaborativo.

No verão de 2014, foi realizada pelo C3 uma primeira mostra dos livros colaborativos, durante o congresso Europeu da InSEA em Canterbury, na Inglaterra com um poster explicativo desenhado por Raquel Balsa. A mostra foi extremamente discreta e pouco interesse levantou para a maioria dos participantes do congresso, na sua maioria professores de educação artística de universidades europeias. 

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No entanto, alguns  artistas/professoras acercaram-se da exposição e quiseram integrar o projeto nesta fase. Olhando para trás, verificamos como este tipo de ações que integram o fazer artístico são pouco notadas pelos chamados académicos de educação artística, que preferem debater textos a ações, mesmo quando nos seus discursos apelam para a investigação baseada nas artes ou investigação artística, como foi o caso em Canterbury. Na verdade, continua a existir um grande fosso entre o falar sobre investigação e o fazer artístico como investigação. Parece que a investigação só se valida como tal a partir de textos escritos em estilo académico. 

 

canterbury 032The exhibition   was settled in a very discrete corner in the coffee- breake room in The Church University of Canterbury during the InSEA Congress, between Intellect and NSEAD stands.  We exhibited the seven books which  were returned and a poster with images  that were sent by the sketchbooks coordinators.
We also made a new book, The Canterbury book , I left it in the Church University .
Teresa, 2013/7/2 , email para os participantes do projecto

cadernos artivistas 

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Numa terceira fase o grupo experimentou o caderno como suporte, não o livro encadernado à priori, mas sim um grupo de folhas soltas que se poderiam agrupar num caderno. Os cadernos artivistas exploraram as potencialidades do caderno partilhado como objeto artístico e estratégia pedagógica em contextos activistas , isto é com o propósito de revelar opiniões, vozes que de outro modo não poderiam ser materializadas. Utilizámos a justaposição das palavras arte e ativismo articulando propósitos artísticos e políticos, tal como definido por para estimular ações de resistência e de subversão, através da pluralidade das narrativas visuais produzidas por várias pessoas. Por resistência e subversão entendíamos a oportunidade de se poder exprimir independentemente por um registo gráfico durante um tempo indeterminado em condições não controladas. Apesar de não querermos restringir condições foi necessário criar um modus operandi através do qual as ações fossem possíveis. Lançamos um convite a vários investigadores/artistas/professores para criarem uma comunidade, que poderia ser de amigos, conhecidos, ou de trabalho e que nessa comunidade construíssem um caderno colaborativo.

 

Cada folha provoca a necessidade de intervir, de dizer algo através da palavra e da imagem , ou só da imagem , ou só da palavra.

O caderno, humilde suporte!

Caderno de contas, onde fazemos contas à vida; caderno de dívidas, de dúvidas.

Caderno de marcar o ponto, estar em algum lugar num tempo determinado.

Caderno de letras, de anotar, de memorizar , de planear, de criar, de sonhar….O caderno, sem encargos, anda de mão em mão, misterioso e hospitaleiro, convidando o outro a entrar, a folhear desvendando segredos, construindo histórias, histórias que se entrelaçam na tangência dos desenhos e na sequência das folhas. Sequências erráticas ou de um tempo outro. O tempo do tempo em que as pessoas contavam histórias umas às outras .

Teresa Torres de Eça, texto da exposição Cadernos Artivistas , Viseu, Portugal, Março de 2017

Com a conceito de caderno, em vez de livro ganhávamos uma maior liberdade e também maior humildade. O caderno implicava esquiço, esboço, rascunho, algo que nunca se acaba e que se pode sempre continuar. Como caderno escolar, é um espaço de ensaio e erro, de aprendizagem constante, como caderno de encargos, é um espaço de compromisso. Usávamos metáforas de mercearia, do caderno onde se anotavam as dívidas; de escola com o qual se aprendia; de ciências onde se anotam desenhos de observação, medidas e cálculos e, finalmente do caderno do artista, onde o caderno é um viajante e uma promessa de devir. No caderno ganhávamos a promessa do tempo de refletir, do tempo do processo. Como caderno entravamos num conceito de subversão e de resistência contra um mundo que idolatra produtos e prazos fixos e finalmente como caderno situávamos a investigação nos diários de campo, nas notas esparsas que se vão construindo singularmente e pouco a pouco numa procura colaborativa de conhecimentos sobre as realidades.

Considerações de margem de folha

O caderno como ferramenta de registo de ideias, de sentimentos, emoções , vivências é um espaço pessoal onde queremos anotar algo que nos toca, que de algum modo nos emociona, ou apenas algo que observamos atentamente e que desenhamos para melhor focarmos a nossa atenção. Porque no registo, no desenho, temos esse exercício de atenção cuidada , de procura e de inquérito. Procuramos compreender a forma, as cores, a textura de um objeto que nos intriga, tentamos captar um momento fugaz, uma personagem ou um grupo de personagens que nos parece notável e que nos parece que deve ser registado no caderno. O caderno é esse lugar onde guardamos a nossa atenção, as nossas observações, anotações do visível e do invisível, registos que também podem ser aleatórios, fruto de movimentos e de tensão. São cadernos de viagem, onde anotamos as impressões do percurso, de uma viagem pelo mundo que pode ser no tempo e no espaço, ou dentro de um espaço interior, ou por espaços do quotidiano ou por espaços amplos. A viagem pode ser no interior de nós próprios, pode cingir-se a um quotidiano banal ou não.

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Mas o caderno também é viagem. Neste projeto o caderno que viaja foi condição obrigatória. Como veiculo de exposição itinerante, o caderno passa de mão em mão, mostra-se em lugares diferentes. O Caderno é a viagem, e constrói-se coletivamente, outra condição necessária no projeto: a co-autoria dos cadernos. Claro que poderia ser de outro modo.

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Mas interessava-nos sobretudo investigar até que ponto essas duas condições: a da viagem e a da colaboração poderiam fazer deste meio um veiculo de aprendizagem de si e do outro numa perspetiva ativista da arte na educação. Como os cadernos colaborativos poderiam ser processos ativistas? Como os cadernos ou livros de teor artístico poderiam construir conhecimentos a partir das vivências registadas?

La idea que subyace detrás de todo esto reside en el interés por un saber compartido, un saber que fluye en lo interdisciplinario, y que se construye con el reconocimiento y la participación de lo diverso, lo extraño, y con la colaboración de muchos …

Maria Jesus Agra Pardinas ( Crearte, Viseu, 28/29 de Maio)

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O sentido do caderno que viaja introduzia um fator de conexão importante; não só pela mostra, ou seja pelo que se vê no caderno que foi criado por pessoas de outros lugares: um objeto expositivo. Mas porque o caderno pode ser continuado; alterado, transformado por outro. Curiosamente tal quase nunca aconteceu, os autores não alteraram as páginas anteriores, por respeito pela obra do outro. Os cadernos guardaram todas as singularidades respeitando a multiplicidade de registos. Esse respeito impediu que o caderno fosse trabalhado como um todo, a colaboração ficou assim restringida à sua forma mais simples: adicionar. Ninguém rasgou folhas anteriores, ninguém cortou ou colou no trabalho dos outros, Enfim, ninguém; ninguém ousou transformar folhas já realizadas, talvez que se tivéssemos dado instruções precisas sobre essa possibilidade, os cadernos tivessem sido diferentes. Trabalhar em cima das obras feitas pelos outros é um processo que pode parecer pouco ético.

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Mas será que a colaboração, no sentido artístico não seria mais interessante se tal tivesse acontecido? Mas, como superar o medo de invadir a autoria do outro? O projeto não nos deu respostas para esse problema. O sentido colaborativo que buscávamos não o encontramos no processo de elaboração das folhas, que foi sempre singular mas sim no processo de encadernação e de visualização onde se compunha a multiplicidade.

Espaços de visualização/ espaços de ação

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Oficina com Angela Saldanha, Quinta Da Cruz, Viseu, Portugal)
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Oficina com Patricia Zabalza, Quinta Da Cruz, Viseu, Portugal)

Apelidamos de Cadernos Artivistas a terceira edição dos cadernos, que porque tínhamos adquirido consciência da capacidade dos cadernos de gerar ações de grupo, e da sua capacidade de mostrar modos diferentes de ver o mundo e as sociedades. Estes cadernos foram construídos com o auxilio de facilitadores, artistas e professores que realizaram cadernos com grupos de pessoas, jovens, crianças ou adultos. O processo de execução foi muito variado, mas dum modo geral todos partiram de folhas soltas que foram distribuídas aos autores durante um certo período de tempo, a folhas foram depois encadernadas pelos facilitadores.

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Oficina com Paulo Emílio, Quinta Dacruz, Viseu, Portugal)

Esta parte do projeto decorreu durante o ano de 2017 e nesse ano fizemos três reuniões com os investigadores para irmos acompanhando o processo.   Nessas reuniões observamos como cada facilitador organizava as ações com as suas comunidades. A partir do processo de fazer um caderno de modo participativo criavam-se narrativas plurais. O processo em si nada tinha de novo. Apenas revisitávamos as potencialidades de um objeto analógico de expressão estética e de comunicação que pela ambivalência entre o intimo e o social era capaz de criar relações entre pessoas e criar significados novos.

Somos ACCIONISTAS, tenemos que resignificar de nuevo palabras de las que se han apropiado despiadadamente!Somos hacedores de sueños, de objetos, de ideas, …

Maria Jesus Agra Pardinas ( Crearte, Viseu, 28/29 de Maio)

A primeira exposição que decorreu na Quinta da Cruz entre Janeiro e Março de 2017, foi mais um laboratório do que um exposição, na medida em que as obras se iam produzindo ao longo da permanência da exposição. Os facilitadores enviaram os cadernos com os quais se montou uma instalação de partida.

Algumas das facilitadoras , Angela Saldanha; Lorena Cueva; Paulo Emilio & Dori Negro ; Rita Antunes & Raquel Balsa; Patricia Zabalba e Estrella Luna fizeram oficinas paralelas ou dentro da exposição e os cadernos resultantes ficaram a fazer parte da mostra. A própria exposição era um espaço de fazer artístico onde os visitantes eram convidados a realizar uma folha para um livro coletivo que foi encadernado no final da exposição. Ao propormos este conceito de mostra participativa e em progresso, aliávamos ao espaço de apreciação um espaço de fazer artístico. Sendo que a experiência dos participantes se completava com um contributo pessoal utilizando os materiais e suportes dos cadernos expostos. Muitos visitantes relataram que essa oportunidade lhes tinha dado um grande prazer na medida em que os tinha convidado a refletir sobre a vida, lhes tinha aberto uma janela onde era possível encontrar novos significados. A experiência da exposição tinha sido uma vivência artística verdadeiramente inclusiva.

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Exposição Quinta da Cruz, Viseu, Portugal, Janeiro-Março de 2017
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Exposição na Biblioteca de Bragança, Portugal, maio 2017
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Cartaz da exposição em Lisboa, Portugal, julho 2017
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Exposição na Biblioteca Publica de Leiria, Portugal, 2017
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Loli Soto Exposição Florida Universitaria, Valencia, Espanha, Dezembro 2017

As exposições dos Cadernos Artivistas  que se seguiram durante 2017 , em Bragança;  Leiria, Santiago de Compostela e Valencia também reservaram espaços de produção artística integrada, continuando a produção de cadernos com a participação dos visitantes.  As exposições , quando feitas em Universidades geraram matéria para reflexão sobre o livro de artista, o livro colaborativo e a colagem como  matéria de educação e instrumento de reflexão pessoal. Quando realizadas nas  Bibliotecas de Leiria e de Bragança  e no Centro cultural da quinta da Cruz  para além de promoverewm oficinas de fazer artístico  também validaram as obras dos pasrticipasntes  num espaço de exposição condigno. 

Resta a questão se esta ação é artivista,  cremos que na medida em que foi capaz de fazer as pessoas construirem um grupo de narrativas plurais, de construirem um espaço íntimo e um espaço público , então sim será artivismo.

Referências

Erin Manning, Erin (2016) . The minor gesture: Thought in the art.Bogart, Georgia. Duke University Press.

Raposo, Paulo (201?) « “Artivismo”: articulando dissidências, criando insurgências », Cadernos de Arte e Antropologia, Vol. 4, No 2 | -1, 3-12.

Published by teresaeca

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