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Processos fonológicos na fala de sujeitos com síndrome de down: uma interpretação via geometria de traços e teoria métrica da sílaba
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Palavras-chave

Geometria de traços. Processos fonológicos. Teoria métrica da sílaba. Síndrome de Down.

Como Citar

OLIVEIRA, Marian; PACHECO, Vera; PEREIRA-SOUZA, Luana Porto. Processos fonológicos na fala de sujeitos com síndrome de down: uma interpretação via geometria de traços e teoria métrica da sílaba. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 59, n. 2, p. 461–480, 2017. DOI: 10.20396/cel.v59i2.8649883. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8649883. Acesso em: 14 maio. 2024.

Resumo

Entre as várias descrições que a literatura especializada registra sobre as características da pessoa com síndrome de Down (SD), destacam-se o déficit cognitivo, o atraso no desenvolvimento linguístico e a fala um tanto peculiar com omissões e trocas de segmentos. Na produção oral, essas modificações comprometem o desempenho fonético e podem, em certa medida, comprometer a inteligibilidade da fala dessas pessoas. Considerando a importância desse aspecto para a comunicação, foi realizado o presente estudo sobre os processos fonológicos (PFs) na fala de pessoas com SD, à luz da Teoria da Geometria de Traços, delineada por Clements e Hume (1995), e da Teoria Métrica da Sílaba, proposta em Selkirk (1982), estabelecendo-se as seguintes hipóteses: a) que as trocas e omissões encontradas na fala configuram processos fonológicos tanto de substituição quanto de estrutura silábica, e ; b) que os modelos teóricos citados podem auxiliar na compreensão do PFs que eventualmente ocorrem na fala de sujeitos com SD. A pesquisa se desenvolveu a partir da análise de oitiva e transcrição fonética da produção oral de 12 sujeitos com SD, na faixa etária entre 10 e 30 anos, posterior identificação, catalogação e análise dos processos fonológicos detectados em tais produções. Por meio do estudo feito, foi constatado que: i) com exceção de dois sujeitos que apresentaram apenas PFs de estrutura silábica, todos apresentam PFs, tanto de substituição quanto de estrutura silábica, ii) na produção oral dos sujeitos participantes, há uma tendência à simplificação de segmentos e de estruturas mais complexas, à semelhança do que ocorre durante a aquisição oral mesmo entre indivíduos adultos pesquisados; iii) há indícios de não especificação fonológica do valor de traços na fala de alguns sujeitos.Entre as várias descrições que a literatura especializada registra sobre as características da pessoa com síndrome de Down (SD), destacam-se o déficit cognitivo, o atraso no desenvolvimento linguístico e a fala um tanto peculiar com omissões e trocas de segmentos. Na produção oral, essas modificações comprometem o desempenho fonético e podem, em certa medida, comprometer a inteligibilidade da fala dessas pessoas. Considerando a importância desse aspecto para a comunicação, foi realizado o presente estudo sobre os processos fonológicos (PFs) na fala de pessoas com SD, à luz da Teoria da Geometria de Traços, delineada por Clements e Hume (1995), e da Teoria Métrica da Sílaba, proposta em Selkirk (1982), estabelecendo-se as seguintes hipóteses: a) que as trocas e omissões encontradas na fala configuram processos fonológicos tanto de substituição quanto de estrutura silábica, e ; b) que os modelos teóricos citados podem auxiliar na compreensão do PFs que eventualmente ocorrem na fala de sujeitos com SD. A pesquisa se desenvolveu a partir da análise de oitiva e transcrição fonética da produção oral de 12 sujeitos com SD, na faixa etária entre 10 e 30 anos, posterior identificação, catalogação e análise dos processos fonológicos detectados em tais produções. Por meio do estudo feito, foi constatado que: i) com exceção de dois sujeitos que apresentaram apenas PFs de estrutura silábica, todos apresentam PFs, tanto de substituição quanto de estrutura silábica, ii) na produção oral dos sujeitos participantes, há uma tendência à simplificação de segmentos e de estruturas mais complexas, à semelhança do que ocorre durante a aquisição oral mesmo entre indivíduos adultos pesquisados; iii) há indícios de não especificação fonológica do valor de traços na fala de alguns sujeitos.
https://doi.org/10.20396/cel.v59i2.8649883
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