Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação

Vol. , June 2016 Go to Journal


Ultrajantes, inevitáveis? Debatendo analogias históricas na cobertura do conflito israelo-palestino

Jérôme Bourdon;
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Resumo

Este artigo explora o debate que envolveu o uso de analogias na cobertura do conflito israelo-palestino, analisando, em profundidade, dois “casos de analogias” baseados no corpus pesquisado no Lexis-Nexis: o caso de Auschwitz-Saramago, 2002, (55 artigos), e o caso de Apartheid-Carter, 2006-2010, (144 artigos). Usando a tripartição clássica Aristotélica de logos, ethos e pathos, o artigo se desdobra sobre a estrutura argumentativa de controvérsias. Carter e Saramago usaram a combinação do próprio status e a essência controversa de suas analogias para estimular um debate. Os comentaristas centraram muito mais no ethos (argumentos em torno da autoridade e do caráter dos autores) e no pathos e tenderam a ignorar o logos (a verdadeira importância da analogia). Opositores, que constituíam a maior parte dos comentaristas, consideravam as analogias um meio de transmitir e mobilizar julgamento contra um dos envolvidos no conflito (no nosso caso, Israel). Esta análise sugere que, apesar do apelo para um uso mais cauteloso das analogias discutidas (ou mesmo sua proibição), os participantes no debate sobre os conflitos israelo-palestinos são obrigados a recorrer a elas, ainda que apenas para condená-las.