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Adaptação de produtos para mercados diferenciados a partir da engenharia reversa

Resumos

Um dos maiores desafios das empresas exportadoras está na identificação e atendimento, de forma dinâmica, às exigências de mercados externos. Neste artigo, propõe-se uma metodologia para melhoria e adaptação de produtos destinados a mercados diferenciados. A metodologia, implementada em oito passos estruturados, parte de conceitos da Engenharia Reversa e seus habilitadores, bem como de ferramentas para melhoria de processos, tais como QFD - Quality Function Deployment, Cartas de Processo e FMEA - Failure Mode and Effects Analysis. A metodologia proposta é aplicada em um caso prático, onde o objetivo é adaptar um pincel brasileiro às demandas de um distribuidor alemão de ferramentas manuais.

Engenharia Reversa; Melhoria de produtos; Desenvolvimento de produtos


Rapid identification and compliance to customized market demands are among the top challenges faced by companies targeting at foreign markets, in this paper we propose an eight-step method for the adaptation and improvement of industrialized products driven by customer demands. The method we propose is grounded on Reverse Engineering principles and process improvement techniques, such as Quality Function Deployment, Process Mapping and Failure Mode and Effects Analysis. The method steps are illustrated by a case example, where the objective is to adapt a paintbrush manufactured by a Brazilian company to the demands of a German distributor of manual tools.

Reverse Engineering; Product improvement; Product development


Adaptação de produtos para mercados diferenciados a partir da engenharia reversa

Luiz Gilberto Monclaro Mury, M.Sc; Flávio S. Fogliatto, Ph.D

Programa de Pós-Graduaçáo em Engenharia de Produção - PPGEP. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Praça Argentina, 9 - sala LOPP - CEP 90040-020 - Porto Alegre - RS - Brasil, luiz@portia.coin.br, ffogliatto@ppgep.ufrgs.br

RESUMO

Um dos maiores desafios das empresas exportadoras está na identificação e atendimento, de forma dinâmica, às exigências de mercados externos. Neste artigo, propõe-se uma metodologia para melhoria e adaptação de produtos destinados a mercados diferenciados. A metodologia, implementada em oito passos estruturados, parte de conceitos da Engenharia Reversa e seus habilitadores, bem como de ferramentas para melhoria de processos, tais como QFD - Quality Function Deployment, Cartas de Processo e FMEA - Failure Mode and Effects Analysis. A metodologia proposta é aplicada em um caso prático, onde o objetivo é adaptar um pincel brasileiro às demandas de um distribuidor alemão de ferramentas manuais.

Palavras-Chave: Engenharia Reversa, Melhoria de produtos, Desenvolvimento de produtos.

ABSTRACT

Rapid identification and compliance to customized market demands are among the top challenges faced by companies targeting at foreign markets, in this paper we propose an eight-step method for the adaptation and improvement of industrialized products driven by customer demands. The method we propose is grounded on Reverse Engineering principles and process improvement techniques, such as Quality Function Deployment, Process Mapping and Failure Mode and Effects Analysis. The method steps are illustrated by a case example, where the objective is to adapt a paintbrush manufactured by a Brazilian company to the demands of a German distributor of manual tools.

Keywords: Reverse Engineering, Product improvement, Product development.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE

O QFD (Quality Function Deployment - Desdobramento da Função Qualidade) é um método de desenvolvimento de novos produtos desenvolvido no Japão na década de 60 (Cohen, 1995; Akao, 1996). Sua implementação ocorre através do desdobramento de matrizes para identificação de pontos críticos para a garantia da qualidade de produtos ao longo de todas as etapas do projeto e manufatura. Existem duas abordagens principais para utilização do QFD: o Modelo ASI, desenvolvido por Don Clausing (Cohen, 1995), e o modelo concebido por Akao (1996), apresentado na sequência.

A estrutura formulada por Akao (1996) inicia com a matriz denominada Casa da Qualidade e relaciona os itens de qualidade demandada pelo consumidor (QDs) com as características de qualidade (CQs) ou requisitos técnicos do produto necessários para atender aos itens demandados. A utilização das matrizes subseqüentes (de Produto, de Processo e de Defeitos) dependerão do modelo conceitual selecionado, do tipo de produto ou serviço estudado e da profundidade da aplicação do QFD. O relacionamento entre essas matrizes vem apresentado na Fig A.1. O esquema operacional do QFD é relativamente simples. Considere uma estrutura composta por 1 linhas (i = 1,..., I) e J colunas (j = 1,..., J) relacionáveis que formam, conseqüentemente, uma matriz, além de um número adicional de linhas e colunas que não se cruzam na estrutura. O objetivo é determinar valores numéricos ou pesos, designados por PiL , que permitam ordenar os elementos listados nas linhas conforme sua importância relativa. Para tanto, duas informações são usadas: (i) pesos de importância Pjc atribuídos aos elementos listados nas J colunas da matriz, e (ii) medições numéricas do relacionamento entre os elementos nas I linhas e J colunas da matriz, Rij, para todo i e j. A relação destes elementos na obtenção de PiL pode ser assim descrita:


Os pesos Pjc em (i) são, via de regra, informados em percentuais. As medições em (ii) normalmente são feitas utilizando uma escala com valores entre 0 (nenhum relacionamento) e 9 (relacionamento forte), ainda que outras escalas sejam sugeridas na literatura (Akao, 1996 e Fogiiatto & Guimarães, 1999).

As três primeiras matrizes na Figura A.1 podem ser aplicadas diretamente no desenvolvimento de novos produtos ou serviços; a última matriz, em contrapartida, tem sua aplicação restrita à projetos de melhoria de produtos já existentes. Essas matrizes se relacionam da seguinte forma: Na primeira matriz (casa da qualidade), cruzam-se informações sobre QDs e CQs, usando-se a estratégia delineada no parágrafo anterior. Como resultado, obtêm-se pesos de importância para as CQs; CQs e seus pesos de importância alimentam as colunas das duas matrizes seguintes do produto e do processo. Na matriz do produto CQs são relacionadas com as partes produto (PPs) passíveis de alteração em seu projeto; o objetivo é avaliar quais PPs permitem a mediação das CQS no produto em estudo. Como resultado das operações nesta matriz, obtém-se um conjunto de pesos de importância para as PPs. Na matriz de processo, CQs são relacionadas com o processo de obtenção do produto e suas etapas. Análogo à matriz do produto, o objetivo é avaliar a participação das etapas do processo na composição das CQs; o resultado final é um conjunto de pesos de importância para as etapas do processo. A última matriz, dos defeitos, opera de maneira relativamente independente das demais. O objetivo nesta matriz ê relacionar defeitos observados no produto com as etapas dos processos onde eles podem ser gerados. As entradas nessa matriz são os defeitos ponderados por sua frequência histórica de ocorrência (colunas da matriz) e a lista de etapas de processo utilizadas na matriz de processo (linhas da matriz). Como resultado final, priorizam-se as etapas do processo relativamente a seu potencial de promoção de defeitos (isto é, geram-se pesos de importância para as etapas).

Os pesos Pi1 e PJC nas matrizes do QFD podem ser modificados para refletir características relevantes do produto em estudo e seu processo de fabricação. Na casa da qualidade, por exemplo, os valores de Pic , que são os pesos de importância atribuídos pelos usuários do produto às QDs, podem ser modificados para refletir o quanto o atendimento aos QDs têm importância estratégica para o negócio da empresa. Assim, pode-se medir a importância estratégica do jésimo QD utilizando uma escala com valores entre 0 (nenhuma importância) e 2,0 (grande importância), corrigindo-se o peso Pic da expressão:

onde Pjc denota o peso corrigido. A escolha da escala para Ejc e seu formato na equação (2) segue considerações de caráter prático. Quaisquer pesos nas matrizes da Figura A.1 podem ser modificados de maneira similar à modificação apresentada acima; sugestões de modificações podem ser encontrados em Akao (1996), entre outros.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Out 2010
  • Data do Fascículo
    Dez 2001
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