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O uso da prótese na correção das hérnias da parede abdominal é um avanço, mas o seu uso indiscriminado, um abuso

Prosthesis usage in abdominal wall hernia corretions is an advance, but the indiscriminate usage, is an abuse

Resumo

The objective is to alert the surgeon about the indiscriminate use of synthetic prosthesis in the correction of inguinal and incisional hernias. The authors provide a brief history of surgery on hernias and a review of the literature, showing the importance of classifying inguinal hernias to fit the type of surgical correction with the defect found, abstaining from treating all hernias, with the same type of surgical procedure. In our opinion, small indirect inguinal hernias (type 1 and 2 of Gilbert) and hernias in women must not, in general, be treated with prostheses. The synthetic material should be reserved for direct and large indirect hernias. Even so, this attitude, besides determining a higher cost for the procedure, can lead to important complications such as infection, rejection, fistula formation, chronic pain, alterations in spermatogenesis and the possibility of carcinogenesis, according to more recent reports. The physiology and anatomy of the abdominal wall should be considered when dealing with incisional hernia corrections, where the surgeon can choose among many techniques to correct those defects, and in selected cases, utilize synthetic material. We conclude that although the use of biomaterials has constituted a great advance in surgery for abdominal wall hernia corrections because they decrease recurrences, and permit treatment of large abdominal hernias, the indiscriminate prosthesis usage is an abuse, and it can determine many serious complications, certainly avoidable with a well indicated non mesh technique .

Abdominal wall; Surgical mesh; Hernia; ventral; Prostheses and implants


Abdominal wall; Surgical mesh; Hernia; ventral; Prostheses and implants

ATUALIZAÇÃO

O uso da prótese na correção das hérnias da parede abdominal é um avanço, mas o seu uso indiscriminado, um abuso

Prosthesis usage in abdominal wall hernia corretions is an advance, but the indiscriminate usage, is an abuse

José Guilherme Minossi, TCBC-SPI; Alcino Lázaro da Silva, ECBC-MGII; César Tadeu SpadellaIII

IProfessor Assistente; Doutor do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp;. Titular do CBCD E SOBRACIL

IIProfessor Titular de Cirurgia do Aparelho Digestivo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais; Titular do CBCD

IIIProfessor Adjunto do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: José Guilherme Minossi Praça Irmãos Ferreira, 171 18760-000 - CERQUEIRA CÉSAR - SP E-mail: jminossi@uol.com.br jminossi@fmb.unesp.br

ABSTRACT

The objective is to alert the surgeon about the indiscriminate use of synthetic prosthesis in the correction of inguinal and incisional hernias. The authors provide a brief history of surgery on hernias and a review of the literature, showing the importance of classifying inguinal hernias to fit the type of surgical correction with the defect found, abstaining from treating all hernias, with the same type of surgical procedure. In our opinion, small indirect inguinal hernias (type 1 and 2 of Gilbert) and hernias in women must not, in general, be treated with prostheses. The synthetic material should be reserved for direct and large indirect hernias. Even so, this attitude, besides determining a higher cost for the procedure, can lead to important complications such as infection, rejection, fistula formation, chronic pain, alterations in spermatogenesis and the possibility of carcinogenesis, according to more recent reports. The physiology and anatomy of the abdominal wall should be considered when dealing with incisional hernia corrections, where the surgeon can choose among many techniques to correct those defects, and in selected cases, utilize synthetic material. We conclude that although the use of biomaterials has constituted a great advance in surgery for abdominal wall hernia corrections because they decrease recurrences, and permit treatment of large abdominal hernias, the indiscriminate prosthesis usage is an abuse, and it can determine many serious complications, certainly avoidable with a well indicated non mesh technique .

Key words: Abdominal wall; Surgical mesh/complications; Hernia, ventral; Prostheses and implants/utilization.

INTRODUÇÃO

A hérnia da parede abdominal é uma entidade clínica de elevada prevalência, tanto na população adulta como infantil1, estimada entre 3% a 8%, sendo cinco a seis vezes mais comum no sexo masculino. Cerca de 75% de todas as hérnias ocorrem na região inguinal. As hérnias incisionais e ventrais representam aproximadamente 10% de todas as hérnias e as femorais, apenas 3%. As hérnias incomuns são responsáveis por 5% a 10% dos casos restantes.

A hérnia e seu reparo cirúrgico são um capítulo extensamente estudado e de profundo interesse por parte dos cirurgiões2. As correções estão muito distantes de um consenso entre os cirurgiões, havendo muitas divergências mesmo entre as grandes escolas médicas.

O marco na correção das hérnias deve ser atribuído a Edoardo Bassini (1844 - 1924) que, em 1884, na Itália, lançou as bases consideradas, até recentemente, as mais racionais para o tratamento das hérnias inguinais3.

Outros cirurgiões como Marcy (1837 - 1924), discípulo norte americano de Lister, Halsted (1852 - 1922), Mc Vay (1911 - 1987) e outros cirurgiões do final do século 19, e começo do século 20, definiram a anatomia patológica e as principais técnicas operatórias, usadas até hoje.

Mc Vay-Anson marcaram época na evolução do tratamento da herniorrafia inguinocrural por terem utilizado o ligamento iliopectíneo ou de Cooper para ancorar a parede parietal medial. A primeira utilização do ligamento de Cooper, em preferência ao ligamento de Poupart, foi atribuída a Georg Lotheissen (1898).

Coube também a Mc Vay a observação de que as hérnias inguinais indireta volumosa e a direta e a hérnia crural representavam importantíssimos defeitos da parede inguinal posterior. O reparo proposto por este cirurgião, o qual excluía as pequenas hérnias inguinais indiretas, não só foi bem sucedido, como veio a substituir a operação de Bassini. Esta cirurgia recebeu, a seguir, o epônimo de "reparo de Mac Vay" 4.

A técnica de Shouldice foi, na verdade, um ressurgimento aperfeiçoado do procedimento original de Bassini5: aproximação e sutura, em tripla camada, do músculo oblíquo interno, transverso e fáscia transversal ao ligamento inguinal. Bassini já realizava abertura ampla da fáscia transversal em toda sua extensão, antes de se efetuar a sutura do assoalho inguinal6. Shouldice apenas disciplinou a técnica original de Bassini, ao realizar a sutura estratificada em vários planos.

Mais recentemente, se popularizou a abordagem posterior pré-peritoneal das hérnias inguinais, revivida e preconizada por Nyhus (epônimo: operação de Nyhus7).

Na década de 90, houve modificações revolucionárias no tratamento das hérnias inguinais. A introdução do conceito de herniorrafia com livre tensão deu espaço aos reparos baseados na colocação de telas (Lichtenstein, "Mesh Plug", Nyhus e reparo laparoscópico).

A partir de 1946, após estudos experimentais, foi introduzido na prática médica o uso de próteses metálicas, como o tântalo e, posteriormente, o aço inoxidável. A fragmentação destes materiais, no entanto, com risco de penetração em vasos e nervos, e a eventual migração destes para outras partes do organismo, limitou o uso desta técnica, encorajando pesquisas com outros materiais, como o náilon, o polietileno, o polivinil, o dácron e o téflon. Esses materiais, todavia, associaram-se a um maior índice de infecção e rejeição. O polipropileno monofilamentar, material inerte com baixo índice de infecção e fistulização, é o material preferido pela maioria dos cirurgiões.

As próteses, tanto biológicas como artificiais, foram inicialmente utilizadas para apoiar um reforço realizado pela técnica convencional. O cirurgião, ao não se convencer da resistência do reforço, optava por complementá-lo usando uma prótese. Esta conduta, portanto, era excepcional8.

Na década de 60, chamava-se à atenção para o risco de recidiva da hérnia, caso a sutura fosse feita sob muita tensão, mesmo com o uso de prótese. Para eliminar a tensão local, Usher et al., 1960, preconizaram a utilização da prótese, em substituição ao assoalho do canal inguinal, como ponte e não reforço9. O seu uso foi progressivamente se estendendo, passando a ser indicado sempre que o enfraquecimento do assoalho do canal inguinal estivesse presente10.

Mais recentemente, com o objetivo de propiciar ao paciente a menor dor pós-operatória e o seu retorno precoce às atividades, o uso de próteses tem sido quase que sistemático por muitos autores11.

Há pouco mais de vinte anos, a correção das hérnias inguinais também passou a ser feita por videolaparoscopia. Diversos tipos de procedimentos foram descritos, como o fechamento simples do anel inguinal interno nas hérnias indiretas12 e a oclusão do anel inguinal interno com tampão ("plug") de tela13. Foram abandonados devido ao elevado índice de recidiva14, muito superior à correção pela via convencional, cujos índices não ultrapassam 2%.

Posteriormente, procedeu-se à colocação de uma tela de polipropileno para reforçar o assoalho inguinal, tanto pela via transabdominal (TAPP) como por acesso extraperitoneal (TEP), que são os procedimentos mais utilizados no momento15. A análise crítica deste novo método necessita de um tempo mais longo de observação.

Inovando o tratamento cirúrgico das hérnias inguinais o saco herniário foi melhor estudado em laboratório, onde se mostrou que o mesmo é rico em musculatura lisa e colágeno, podendo, por isso, ser usado como reforço durante as intervenções, com as vantagens de não acarretar reação do tipo corpo estranho e nem aumentar o índice de complicações locais16-18.

Como se pode observar, o tratamento cirúrgico das hérnias, particularmente das hérnias inguinais, foi e continua sendo um desafio para o cirurgião e a recidiva um fato tão certo quanto a própria existência da hérnia, obviamente, motivo de grande frustração para pacientes e cirurgiões. Não se pode dizer que haja um consenso a respeito da melhor técnica a ser utilizada nos diferentes defeitos herniários que acometem a região inguinal. O que observamos é a existência de um grande número de técnicas e opiniões contraditórias, as quais justificam plenamente, tanto a procura de novos métodos para o tratamento desta afecção, como a publicação de casuísticas individuais ou de grupos que lidam com as operações da parede abdominal.

Complicações das Próteses

Um biomaterial ideal deveria ter as seguintes características: resistência mecânica semelhante a dos tecidos regionais; não propiciar infecção, o que implicaria na sua retirada; ser rapidamente incorporado pelo organismo; não estimular a fibrose excessiva; não promover reações de corpo estranho; não ser carcinogênico; ser esterilizável, sem alteração de suas qualidades e ser economicamente viável. Infelizmente nenhum dos materiais existentes até o momento, preenche todos os requisitos19,20.

As complicações possíveis com o uso de próteses são: infecção, rejeição do material, deformação da prótese, formação de coleções serosas e sangüíneas, aderências peritoneais, fistulização em vísceras ôcas, alterações da espermatogênese, formação de tumor (carcinogênese), e inguinodinia.

Infecção

A prótese, como um material sintético estranho ao organismo, tem a capacidade de agravar, potencializar ou prolongar a infecção21.

Admite-se que as telas monofilamentares (como a de polipropileno) tolerariam melhor a infecção do que as multifilamentares (como a de poliéster). Com a tela de politetrafluoroetileno expandido (PTEFe) a infecção é de mais difícil controle. A sua arquitetura interna apresenta fendas e poros nos quais as bactérias podem se multiplicar. Os neutrófilos, com diâmetros superiores aos das bactérias, não conseguem chegar a estes patógenos que se escondem em seus orifícios22.

Nas hérnias incisionais, as correções com próteses apresentam índices de infecção de parede que variam entre 6% a 12%; índices estes maiores que os encontrados nos reparos sem prótese (3%).

Rejeição

É uma complicação rara que ocorre, na maioria dos casos, associada à infecção. Uma prótese não incorporada ou rejeitada habitualmente é envolvida em secreção estéril. Há reação de corpo estranho, formada por células gigantes. Coleções líquidas encistadas podem se manifestar na pele cicatrizada e no sítio da cicatriz cirúrgica. Com o tempo, a coleção líquida drena para a pele, através de um "sinus", com eliminação de líquido seroso, que posteriormente torna-se purulento, podendo haver exposição parcial ou total da prótese, caracterizando a extrusão20,23.

Deformação da Prótese

As próteses de polipropileno não fixadas costumam se deformar pela retração do tecido cicatricial. As margens da tela se curvam e se enrolam sobre si mesmas, razão pela qual sempre devem ser fixadas ou colocadas entre duas camadas mioaponeuróticas24. Já a tela multifilamentar de poliéster, por ser flexível e se adaptar com facilidade aos tecidos, não necessita ser fixada, como demonstra Stoppa (1995)25. As próteses de PTEFe, independentemente de seu tamanho, devem ser fixadas, pois sua integração é demorada26.

Coleções serosas ou sangüíneas

O acúmulo de coleções serosas ou sangüíneas ao redor das telas é observado com freqüência, especialmente quando as próteses são de grandes dimensões e as áreas de descolamento extensas. Estes líquidos retardam a sua integração e impedem a chegada de hematócitos e de antibióticos, funcionando como meio de cultura. Com o passar do tempo, é relativamente comum que estas coleções serosas e assépticas se tornem purulentas. Nestes casos, a retirada total ou parcial das partes seqüestradas da prótese, freqüentemente é necessária, pois é pouco provável que a integração da prótese tenha ocorrido27.

Da mesma forma que as próteses planas, que estimulam a fibroplasia e a incorporação tecidual, os tampões ("plugs"), sejam maciços ou em forma de cones, podem também criar, ao seu redor, um espaço preenchido por serosidade. Na melhor das hipóteses, estas coleções permanecem estéreis, cuja evolução é incerta mas que, meses ou anos após, sofrem o mesmo processo já descrito, vindo a se exteriorizar pela cicatrização cirúrgica, através de trajetos fistulosos, que se mantêm enquanto persistir a presença do corpo estranho28.

Aderências e fistulização em vísceras ocas

O processo inflamatório provocado pela prótese promove aderência aos tecidos circunjacentes23, podendo levar à obstrução intestinal29, granuloma espermático30 e a formação de fístulas intestinais31,32. O primeiro estágio para a formação de uma fístula é representado pela aderência do material sintético à víscera adjacente22.

Nos métodos que utilizam o acesso pré-peritoneal, seja este realizado por via aberta ou laparoscópica, caso o processo inflamatório se propague até as estruturas viscerais, como o intestino delgado, o cólon ou a bexiga urinária, o mesmo provocará, inicialmente, aderências que mais tarde evoluirão com erosão das paredes viscerais e fistulização32-34.

A fragmentação da prótese pode ocorrer por causa da recorrência da hérnia, ou devido à obesidade e ao esforço físico do paciente, levando à tensão que excede a resistência da tela em sua porção central, no reparo da hérnia incisional35-37. Um fragmento da prótese provoca um abscesso e a subseqüente fístula38. O risco de fistulização não desaparece com o tempo, podendo se manifestar entre 14 a 20 anos após a cirurgia39,40.

A incidência de aderências e fistulizações varia de 0,3% a 23% quando se usa a tela de polipropileno41.

As próteses de PTEFe apresentam menor reação tecidual, mas na prática também determinam aderências, embora em menor quantidade21.

A prótese inabsorvível, que contém uma camada absorvível em contato com o peritônio, para evitar aderências, é ineficaz, pois as mesmas se manifestam logo após a sua completa absorção22.

Alterações da espermatogênese

Existe no momento um estudo experimental que mostra que a tela de polipropileno em contato com o funículo espermático de cães provoca alterações histológicas com redução da espermatogênese42.

Clinicamente, oito instituições americanas reportaram um total de 14 casos de azoospermia secundária à obstrução do deferente por tela de polipropileno43.

Formação de tumor (carcinogênese)

O destino em longo prazo das próteses e suas interrelações com os tecidos circunjacentes é motivo de preocupação para muitos estudiosos do assunto19,44. Nyhus e Langer et al. alertaram para o risco em potencial de a persistente reação tecidual desencadear a transformação tumoral maligna local - fato observado em experimentos animais45, 46,41.

Inguinodinia

A dor inguinal crônica após herniorrafia inguinal tem sido descrita como uma nova síndrome: "inguinodinia por tela"47. Embora a maioria dos casos ocorra em pacientes que receberam prótese, a inguinodinia também pode acontecer nas operações convencionais, devendo-se, portanto, ser evitado o termo "inguinodinia por tela".

Ela decorre da presença de pontos, clipes, prótese junto ao tubérculo púbico (dor somática) ou devido à lesão dos nervos sensitivos da região inguinal (dor neuropática). Esta última pode ser primária, isto é, decorrente do trauma operatório, por secção parcial, estiramento, esmagamento, eletrocoagulação ou compressão do nervo. É secundária quando há envolvimento por cicatriz ou irritação por granuloma. As próteses sintéticas, de um modo geral, estimulam a fibroplasia de uma forma desorganizada, envolvendo estruturas que, provavelmente, após a sua retração, provocam a compressão cicatricial de nervos sensitivos.

É importante definir-se o tipo de dor, se neuropática (neurálgica) ou somática, pois têm fisiopatologia e tratamento diferentes.

A freqüência da inguinodinia é muito variável na literatura, de 0 a 37%48,49, e atinge marcas alarmantes nas correções cirúrgicas livres de tensão que usam prótese sintética45. A restrição das atividades, física ou esportiva pode chegar a 18% dos casos50,51.

A inguinodinia parece ocorrer numa freqüência um pouco menor nas operações por via laparoscópica, estimada em 2% a 2,5% dos reparos52-54, do que naquelas realizadas por via anterior, de 2,1 a 37%49,55-57.

Pelo fato desta síndrome ser potencialmente incapacitante e de difícil tratamento, a sua prevenção merece cuidado especial58. Uma série de medidas deve ser utilizada59, inclusive o uso criterioso de próteses, que embora não seja a causa exclusiva desta condição, dificulta em muito um eventual tratamento cirúrgico da dor crônica, uma vez que o uso de próteses aumenta a fibrose e a aderência dos tecidos.

Hérnias Inguinais

Achamos que o passo inicial mais importante no tratamento das hérnias inguinais é a adoção de uma classificação. Se bem reconhecida, poderia funcionar tanto como orientação para a dissecção do canal inguinal e femoral, como também na avaliação dos vários reparos cirúrgicos e também diferenciar claramente os problemas anatômicos existentes.

Em 1967, Casten apresentou um esquema de classificação das hérnias inguinocrurais baseado em sua anatomia funcional e tratamento operatório60.

Em 1970, Halverson e McVay classificaram as hérnias em quatro grupos com base em defeitos anatômicos e nas técnicas de reparo61.

Nyhus descreveu um esquema de classificação que se baseia na anatomia do espaço pré-peritoneal, utilizando como critérios, além do anatômico, o tamanho do anel herniário e as condições da parede posterior do canal inguinal62.

Em 1986, Gilbert estabeleceu um esquema de classificação com base nos defeitos anatômicos e funcionais identificados no intraoperatório63. Os tipos 1, 2 e 3 são indiretos, enquanto os tipos 4 e 5 são diretos. Rutkow e Robbin, em 1993, acrescentaram um tipo 6 para as hérnias mistas, que apresentam um componente tanto direto, como indireto, e o tipo 7 para as hérnias femorais64.

O tipo 1 possui um anel interno de diâmetro normal (não superior a 2cm), através do qual passa um saco peritoneal de qualquer tamanho. O tipo 2 possui um anel interno moderadamente aumentado, que não mede mais que 4cm. O tipo 3 possui um anel interno aumentado com mais de 4cm, sendo que o saco desliza freqüentemente para o escroto e os músculos oblíquo interno e transverso estão deslocados superiormente, expondo a fáscia transversal. No tipo 4, todo o assoalho do canal iguinal é defeituoso (hérnia direta de colo largo). O tipo 5 apresenta um defeito diverticular da parede posterior do canal inguinal.

Preferimos a classificação de Gilbert por ser mais didática e incluir as hérnias mistas e os defeitos diverticulares, não contemplados na classificação de Nyhus. A crítica à classificação de Gilbert seria o fato de não incluir as hérnias recidivadas, que podem ser classificadas à parte ou num grupo 8.

Procuramos obedecer ao conceito de que para cada tipo de hérnia deve ser realizado um tipo de correção, conduta que também é compartilhada por outros serviços65,66, evitando-se o tratamento único para diferentes defeitos67.

Entendemos que os defeitos herniários do tipo 1 e 2 de Gilbert devam ser tratados por técnicas convencionais, sem o uso de prótese, sendo de fundamental importância a ligadura alta do saco herniário, junto ao anel inguinal profundo.

Nas hérnias tipo 1, isto é, indiretas com anel interno normal, não há motivo para a operação progredir além do tratamento do saco herniário, onde este procedimento leva à cura sem nenhuma recidiva em nossa casuística55.

Quando a hérnia é indireta, com pequeno aumento do anel inguinal interno (Gilbert 2), sem defeito posterior, o tratamento do saco e um reforço pela técnica de Bassini modificado apresentou 1,8% de recidiva55.

Vários outros estudos demonstram a eficácia de técnicas convencionais quanto ao índice de recidivas e outras complicações. Kingsnorth et al., após 24 meses de seguimento, observaram sete recidivas (3,1%) pela técnica de Shouldice, e quatro (1,7%) nos operados pela técnica de Bassini modificada68.

Kuy et al., pelo contrário, comparando as técnicas de Bassini e de Shouldice modificada (dois planos apenas) em um grande número de casos, concluíram que o índice de recidiva após dois anos era de 8,7% no primeiro grupo e de 2,3% no segundo69. Outro estudo também casualizado, comparando essas duas técnicas, foi realizado por Paul et al., que após seguimento médio de 3,3 anos, obtiveram um resultado que favorece a operação pela técnica de Shouldice, que apresentou índice de recidiva de 1,7% contra 9,6% na operação de Bassini modificada70.

A comparação das técnicas de Bassini, Shouldice e de Lotheinsen - Mc Vay foi realizada por Mittelstaedt et al.. Em estudo randomizado, com 119 pacientes portadores de 136 hérnias, divididos em grupos equivalentes quanto ao número e tipo de hérnias (diretas ou indiretas), obtiveram taxas de recidivas projetadas (teste de Kaplan-Mayer) de 35,7% para a técnica de Bassini, 23,7% para a de Shouldice e 8,5% para a de Mc Vay. A incidência elevada na técnica de Bassini variou com o tipo de hérnia (29% nas diretas e 16% nas indiretas) e levou os autores a interromper o estudo com esta técnica71. Os índices de recidiva com as técnicas de Shouldice e de Mc Vay, projetadas atuarialmente para quatro anos, foram, respectivamente, de 23,7% e 8,5%.

O que chama à atenção é a não classificação dos tipos de hérnias e, conseqüentemente, a aplicação de uma técnica muitas vezes não adequada ao tipo de defeito, como por exemplo, tratar as hérnias diretas ou indiretas grandes com a operação de Bassini, em que certamente a recidiva atingirá índices proibitivos.

Em nossa casuística observamos que alguns pacientes com hérnias dos tipos 3, 4, 5 e 6 de Gilbert foram eventualmente tratados pela técnica de Bassini, procedimento não recomendado para este defeito. Como esperado, o índice de recidiva nestes casos foi elevado (41%). Este tipo de defeito, em nossa padronização, deveria ter sido tratado pela técnica de Mc Vay ou com o uso de tela de polipropileno, conforme descrito por Falci-Lichtenstein. Em nossa experiência, critérios para o uso ou não de prótese foram baseados principalmente nas condições das estruturas anatômicas, tais como: boa consistência da área conjunta (arco aponeurótico do transverso) com inserção no arco púbico, triângulo inguinal de dimensões não muito aumentadas e fáscia transversal de consistência razoável. Nessas condições, optou-se pela técnica convencional, caso contrário foi utilizada a prótese. Em 253 hernioplastias realizadas pela técnica de Mc Vay, 24 apresentaram recidiva (9,5%). Em 95 casos de defeitos posteriores e de hérnias recidivadas a preferência foi pela utilização de prótese de polipropileno. Nesses casos observamos apenas dois casos de recidiva (2,1%)55.

Früs e Lindahl (1996) realizaram um estudo casualizado comparando a técnica sem tensão de Lichtenstein, realizada em hérnias diretas e indiretas, com a de Mc Vay, em hérnias diretas. Após seguimento de dois anos, observaram índices de recidiva em 7% nas hérnias diretas pela técnica de Falci-Lichtenstein e de 30% nas de Mc Vay. O elevado número de recidivas após a operação tipo Falci-Lichtenstein (7%) e, principalmente, após a operação de Mc Vay (30%), superiores aos índices relatados na literatura, foi atribuído ao fato de as cirurgias serem realizadas por cirurgiões em fase de treinamento72. Em nosso serviço, por se tratar de hospital universitário, o nosso índice de recidiva acha-se um pouco mais elevado que o habitual, principalmente por se manifestar já no primeiro ano de correção (57% das recidivas ocorreram nesse período), sugerindo serem decorrentes de erros técnicos. Este fato tem sido observado em inúmeras outras casuísticas73,74.

O nosso estudo mostra que para as hérnias inguinais com anel interno normal (tipo 1), não há motivos para que o tratamento se estenda além do tratamento do saco herniário, pois a recidiva foi nula. Nas hérnias indiretas pequenas, em que o anel inguinal interno encontra-se pouco aumentado, e a anatomia da parede posterior do canal inguinal encontra-se preservada, o tratamento pode ser feito de maneira muito conservadora, com correções convencionais como a operação de Bassini clássica ou modificada, ou ainda com outro tipo de reforço que o cirurgião esteja mais familiarizado. Deve-se evitar, nesses casos, a utilização de técnicas de correção, como Mc Vay e Shouldice, as quais, além de serem mais elaboradas, têm execução mais difícil, alteram mais intensamente a fáscia transversal, uma estrutura importante que se encontra normal nesses tipos de defeitos. Não seria indicado o uso de prótese, bem como a abordagem laparoscópica nessas circunstâncias, principalmente pelo maior custo e alguns inconvenientes, como aumento do risco de infecção, rejeição, aderências, obstruções intestinais, fistulização e inguinodinia75-77.

Achamos também que as mulheres, pelo fato de apresentarem, na maioria das vezes, hérnias indiretas, e possuírem a fáscia transversal mais firme e resistente, devam se beneficiar de uma conduta mais conservadora.

Certamente, as maiores dificuldades que o cirurgião enfrenta ficam por conta das hérnias inguinais indiretas grandes, diretas e mistas. Nestes tipos de hérnias, fatores anatômicos, como a inserção alta dos músculos oblíquo interno e transverso, que ocasionam um aumento da área do trígono inguinal (Hessert), associados a fatores biológicos, como o menor conteúdo de colágeno e de fibras elásticas na fáscia transversal, podem comprometer o êxito do procedimento cirúrgico, quando não muito bem analisados.

Nessas eventualidades o cirurgião deve escolher uma entre as diversas técnicas convencionais que ofereçam um bom reforço posterior, como as técnicas de Shouldice e Mc Vay, ou então optar pela utilização de uma prótese, individualizando assim, a correção das hérnias inguino-crurais78-80.

Esta conduta individualizada encontra respaldo na literatura médica, principalmente por ser o procedimento preconizado por vários autores (Falci, Lázado da Silva, Silva, Melo, Nyhus)79,80-83.

Outro aspecto é a tendência atual ao uso indiscriminado de prótese nas correções das hérnias inguinais, já que se tem criado uma jurisprudência perigosa para a atividade médica: a de que o uso desses materiais é o tratamento padrão. Neste caso, uma eventual recidiva da hérnia, sem o uso deste material sintético, poderia levar o médico a responder legalmente por este ato84. Há que se considerar, ainda, a influência insistente da indústria fabricante desses materiais, durante a comercialização dos seus produtos, nem sempre acompanhados de uma avaliação criteriosa do custo, risco e benefício para os pacientes. Lamentavelmente, porém, em muitos casos, com a conivência pretensiosa do médico.

A influência da indústria pode ser observada, por exemplo, através da Portaria Ministerial nº 2036/GM de 04 de novembro de 2002, que aprova e define valores dos procedimentos da tabela de órteses, próteses e materiais especiais, sob o código 93481390. Esta portaria autoriza o uso de "tela inorgânica de polipropileno com sistema duplo" para o procedimento "herniorrafia inguinal unilateral", sob o código 33011117.

O SUS remunera a indústria produtora do material em R$ 260,00, o hospital em R$ 217,12, o cirurgião em R$ 65,67, o anestesista em R$ 36,44 e o auxiliar em R$ 19,34. Percebe-se que o cirurgião está sendo considerado mais um técnico, que aplica o produto, do que propriamente um profissional que executa um ato altamente qualificado e de grande responsabilidade.

Hérnias Incisionais

A hérnia incisional, também chamada de eventração, laparocele e hérnia pós-operatória ou hérnia cicatricial, consiste na protrusão de vísceras abdominais, através de orifícios ou áreas da parede abdominal, anormalmente enfraquecidos por traumas e incisões cirúrgicas. Estes defeitos da parede abdominal são de natureza iatrogênica, diferindo das demais hérnias parietais, por não ocorrerem em pontos anatômicos débeis e naturais da parede do abdome. Ocorre em parede íntegra que se torna enfraquecida pela realização de incisões cirúrgicas. Ela representa, portanto, a falência da via de acesso empregada ou a síntese defeituosa dos planos anatômicos parietais, pressupondo, assim, a existência de uma lesão local, ou geral, que compromete a cicatrização85,86.

A maioria dos cirurgiões prefere a linha mediana para adentrar à cavidade abdominal, por ser o acesso mais rápido, menos hemorrágico e pela facilidade de ampliações. No segmento supra-umbilical, entretanto, a secção longitudinal da linha branca, condiciona maior incidência de eviscerações pósoperatórias e de eventrações, pois nela se concentram as linhas de forças resultantes da contração dos músculos largos do abdome. Esses músculos tracionam lateralmente a linha branca para ambos os lados, exercendo apreciável força de separação nas bordas da sutura aí praticada.

Sendo a linha branca supra-umbilical uma lâmina aponeurótica com irrigação sangüínea pobre, a cicatrização é demorada e precária; as fibras aponeuróticas, embora entrecruzadas, se deixam cortar ou cedem à penetração da agulha e dos fios pelo insuficiente apoio que oferecem.

Assim, a linha mediana supra-umbilical não se constitui em boa localização para a realização de uma incisão abdominal, pois é um local submetido à maior tensão, com apoio inseguro, oferecendo ainda más condições para a cicatrização87.

Já a linha mediana infra-umbilical, onde as forças que atuam são mais fracas devido ao apoio lateral das cristas ilíacas e da arcada crural, se constitui em um bom local para se praticar uma incisão cirúrgica. Há entre os músculos retos uma separação linear e não laminar, podendo a reconstituição da parede ser feita em três planos: na profundidade, o plano peritônio-aponeurótico (arcada de Douglas); no meio, o plano muscular, e na superfície a aponeurose de inserção dos músculos largos, bem vascularizada e firme.

É aceitável a incisão mediana infra-umbilical e condenável a incisão supra-umbilical; ao menos que nesta se proceda a abertura longitudinal sistemática das bainhas dos músculos retos abdominais, e se faça a reconstituição da parede em três planos. Dessa maneira, embora a incisão tenha se localizado na linha de maior tensão abdominal, os inconvenientes já referidos seriam compensados com a reconstituição reforçada em três planos.

Devem ser proscritas as incisões longitudinais pararretais externas ou laterais e, também, as subcostais, pois as mesmas seccionam os nervos intercostais, levando à desnervação dos músculos retos do abdome e ao enfraquecimento da parede abdominal. Essa complicação tem sido denominada ventre de abade88.

As incisões paramedianas pararretais internas e as transversais são as melhores vias de acesso ao abdome, principalmente pelo maior respeito à anatomia e fisiologia da parede, assim como pelo menor número de eviscerações e eventrações.

Percebe-se, portanto, que a prevenção de possíveis eventrações da parede abdominal inicia-se com a escolha de uma incisão abdominal que respeite, ao máximo, a anatomia e a fisiologia da parede abdominal.

Esses princípios anatômicos da parede abdominal, ao nosso ver, podem e devem ser sempre usados por ocasião da correção das hérnias da parede abdominal, particularmente das eventrações.

As hérnias do andar superior do abdome apresentam uma maior dificuldade técnica do que as localizadas no andar inferior. As hérnias supra-umbilicais, de um modo geral, apresentam grandes separações dos músculos retos, particularmente devido a maior tensão na linha média, como já mencionado. Superiormente temos o gradil costal, que de um modo geral dificulta a correção desses defeitos, tanto por técnicas convencionais, quanto os realizados com a utilização de próteses.

Já nas hérnias infra-umbilicais, pela menor tensão da linha média, e pela possibilidade de se fechar a parede em três planos, torna-se mais fácil a correção dos defeitos herniários com a simples reconstituição anatômica da parede, desde que o defeito não seja excessivamente grande, e que o conteúdo do saco herniário seja possível de ser reduzido com facilidade para a cavidade abdominal.

Sendo assim, na correção das hérnias incisionais pode-se indicar inúmeros procedimentos cirúrgicos sem a utilização de próteses, particularmente naqueles com defeitos herniários pequenos e médios (diâmetro do defeito até 6cm). Nas hérnias grandes (=10cm), gigantes (=20cm) e monstruosas (>20cm), o cirurgião tem ainda a opção de realizar uma transposição peritônio-aponeurótica, técnica de correção desses defeitos que dispensa a prótese e com bons resultados tardios, além de respeitar a fisiologia da parede abdominal88,89.

A utilização de prótese na correção das eventrações deveria se restringir aos casos em que não foi possível a reconstrução anatômica da parede abdominal sem tensão, e nas situações em que o saco herniário não pôde ser usado como reforço.

Com base na experiência pessoal dos autores e na revisão da literatura, é possível concluir que:

1º) Embora as próteses se constituam em uma boa opção para corrigir hérnias da parede abdominal, principalmente pelo fato de poderem ser aplicadas quando não se consegue reconstituir o defeito de maneira anatômica, e sem tensão, elas podem determinar uma série de complicações, tais como: infecção, rejeição, deformação, coleções serosas ou sangüíneas, aderências e fistulização em vísceras ocas, alterações da espermatogênese, carcinogênese e dores crônicas na região inguinal (inguinodinia), o que faz com que o seu uso deva ser criterioso.

2º) Complicações como extrusão crônica da prótese e inguinodinia têm-se constituído em uma situação perturbadora para o paciente e freqüentemente de difícil tratamento.

3º) Os indícios recentemente aventados da possibilidade de alterações da espermatogênese e carcinogênese, fazem com que a indicação deste material seja muito cautelosa, principalmente em jovens.

4º) Não existe motivo para se utilizar próteses nas hérnias indiretas pequenas (tipo 1 e 2 de Gilbert), em que a simples ligadura do saco e o reforço à Bassini, respectivamente, apresentam recidiva nula ou muito baixa (<1%).

Da mesma maneira, a maioria das mulheres com hérnia inguinal não necessitam de prótese, pois as mesmas apresentam fáscia transversal firme e resistente, e quase que exclusivamente são portadoras de hérnias indiretas.

5º) Com relação às hérnias incisionais e as demais hérnias da parede abdominal, a sua correção deve ser baseada na compreensão da fisiologia e da anatomia da parede, não somente em seu tamanho, sendo a técnica a ser utilizada variável, indo desde a simples síntese da parede por planos, utilização do saco em grandes hérnias e, eventualmente, o uso de prótese sintética.

Recebido em 27/03/2008

Aceito para publicação em 20/05/2008

Conflito de interesses: nenhum

Fonte de financiamento: nenhuma

Trabalho realizado no Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp.

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  • Endereço para correspondência:
    José Guilherme Minossi
    Praça Irmãos Ferreira, 171
    18760-000 - CERQUEIRA CÉSAR - SP
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Fev 2009
    • Data do Fascículo
      Dez 2008

    Histórico

    • Aceito
      20 Maio 2008
    • Recebido
      27 Mar 2008
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