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Hemangioma laríngeo

RELATO DE CASO

Hemangioma laríngeo

Regina Helena Garcia MartinsI; Arlindo Cardoso Lima NetoII; Graziela SemenzateIII; Renan LapateIV

IProfessora Assistente, Doutora em Cirurgia pela Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp. Responsável pelo ambulatório de foniatria e voz. Docente da Disciplina de Otorrinolaringologia da Universidade Estadual Paulista-Unesp, Campus de Botucatu

IIMédico residente da disciplina de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP

IIIMédica residente da disciplina de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP

IVAcadêmico do curso de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Botucatu

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Regina Helena Garcia Martins Disciplina de Otorrinolaringologia Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina de Botucatu Distrito de Rubião Junior Botucatu (SP). 18618-970 Fone/Fax: (0xx14) 3811-6256 E-mail: rmartins@fmb.unesp.br

Palavras-chave: disfonia, hemangioma, laringe.

INTRODUÇÃO

Hemangioma é o tumor vascular mais comum, acomete a região da cabeça e pescoço em 60% dos casos, sendo raro na laringe. Na criança, é mais freqüente na subglote, ocasionando estridor e dispnéia1,2. No adulto, a região supraglica é o local mais acometido e os sintomas estão ausentes ou restritos aos quadros leves de disfonia ou disfagia. Muitas vezes o hemangioma supraglótico é achado endoscópico3,4.

APRESENTAÇÃO DOS CASOS

Os pacientes deste estudo pertenciam ao HC da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp).

Caso 1

29 anos, feminina, rouca desce criança. Apresentava voz áspera, baixa, soprosa e diplofônica. À telescopia observou-se a presença de um tumor violáceo e séssil na prega ariepiglótica esquerda, de 2,5cm de diâmetro, pregas vocais atróficas e fenda fusiforme à fonação. (Figura 1a e b).



Caso 2

34 anos, masculino, rouco em situações de abuso vocal há cinco anos. Há um mês, durante exame de endoscopia digestiva alta, verificou-se uma "mancha azulada na laringe". À telescopia, observou-se a presença de um tumor azulado, séssil, envolvendo a prega vestibular esquerda, a prega vocal e a base de língua. A prega vocal esquerda encontrava-se irregular e atrófica (Figura 1c e d).

Em ambos os casos apresentados acima, os pacientes não referiam sintomas respiratórios, adotando-se a conduta expectante.

DISCUSSÃO

Quando assintomáticos, os hemangiomas laríngeos podem ser diagnosticados por outros especialistas, durante exames endoscópicos, como ocorreu no caso 2 deste texto, sem que o paciente apresentasse sintomas vocais relevantes nas atividades diárias.

Tanto no caso 1 como no 2, as pregas vocais apresentavam-se alteradas. No caso 1 encontravam-se atróficas, com diminuição da onda glótica e com fenda fusiforme, sinais estes indicativos de provável sulco vocal. Pontes et al.5, ao descreverem as lesões estruturais mínimas, ressaltaram a possibilidade de associação destas em um mesmo paciente, devido às peculiaridades embriogênicas da laringe. Neste caso, a confirmação do diagnóstico seria conseguida por meio da laringoscopia direta, procedimento este rejeitado pelo paciente.

A endoscopia quase sempre é suficiente para o diagnóstico de hemangioma, reservando-se os exames complementares, como ressonância nuclear magnética contrastada e angiografia aos tumores volumosos e aos pacientes cirúrgicos, com sintomas respiratórios. A biópsia é contra-indicada devido ao risco de grave sangramento2,3,4,6.

COMENTÁRIOS FINAIS

O hemangioma laríngeo pode ou não causar sintomas e, pela possível extensão às estruturas adjacentes e associação com outras lesões laríngeas, o exame endoscópico deverá ser minucioso e realizado com cautela.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Gontijo B, Silva CMR, Pereira LB: Hemangioma da infância. An Bras Dermatol 2003;86:651-73.

2. Van Aalst JA, Bhuller A, Sadove AM: Pediatric vascular lesions - J Craniofac Surg 2003;14:566-83.

3. Shpitzer T, Noyek AM, Witterick I, Kassel T, Ichise M, Gullane P, Neligan P, Freeman J: Noncutaneous hemangiomas of the head and neck. Am J Otolaryngol 1997;18:367-74.

4. Gutiérrez HA, Dias MAD, Nieto S, Arzadun AH: Hemangioma cavernoso laríngeo del adulto. ORL-DIPS 2003;30:142-4.

5. Pontes P, Behlau M, Gonçalves J. Alterações estruturais mínimas da laringe: considerações básicas. Acta Awho 1994;13:2-6.

6. Rahbar R, Nicollas R, Roger G, Triglia JM, Garabedian EN, McGill TJ, Healy GB: The biology and management of subglottic hemangioma: past, present, future. Laryngoscope 2004;114:1880-91.

Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBORL em 2 de setembro de 2005.

Artigo aceito em 11 de maio de 2006.

Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP).

  • Endereço para correspondência:
    Regina Helena Garcia Martins
    Disciplina de Otorrinolaringologia
    Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina de Botucatu
    Distrito de Rubião Junior
    Botucatu (SP). 18618-970
    Fone/Fax: (0xx14) 3811-6256
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Dez 2006
    • Data do Fascículo
      Ago 2006
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