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Classificações de enfermagem: mapeamento entre termos do foco da prática

Nursing classification: cross-mapping between focus axis terms

Clasificaciones de enfermería: mapeamento entre los términos del foco de la práctica

Resumos

Devido às mudanças estruturais das classificações: CIPE®beta 2, versão 1.0 e CIPESC®, este estudo descritivo tem como objetivo construir um mapeamento entre os termos do foco da prática, identificando semelhanças e diferenças. A CIPE® 1.0 em relação à beta 2 apresenta: 41% dos termos novos; 33% idênticos; 4% com conceito ampliado; 12% modificados; 8% diferentes; e 2% conceituados apenas na beta 2. A CIPE® 1.0 em relação à CIPESC® apresenta: 79% são novos; 8% idênticos; 1% ampliado; 5% modificados; 4% diferentes; e 3% sem conceito. Houve dificuldades oriundas do processo de tradução e editoração da CIPE® 1.0 e da inexistência de conceitos em alguns termos da CIPESC®. Este trabalho desencadeará um processo de validação dos termos não equivalentes.

Classificação; Enfermagem; Vocabulário controlado


Due to structural changes of classifications: ICNP® beta-2, version 1.0 and CIPESC®, this descriptive study aims to identify similarities and differences by building a map between the terms of the focus of practice. The ICNP® 1.0 on the beta-2 shows: 41% are new terms, 33% identical, 4% with expanded concepts, 12% modified; 8% different and 2% there are concepts only in beta-2. The ICNP® 1.0 in relation to CIPESC® presents: 79% are new; 8% identical; 1% extended; 5% modified; 4% different and 3% without concept. There were difficulties from the process of Brazilian translating and publishing of ICNP® 1.0 and the absence of some concepts in terms of CIPESC®. This work will trigger the validation process for non equivalent terms.

Classification; Nursing; Vocabulary, controlled


Debido a los cambios estructurales de las clasificaciones: CIPE® beta-2, versión 1.0 y CIPESC®, este estudio descriptivo tiene como objetivo construir un mapeamiento entre los términos del foco de la práctica, identificando semblenzas y diferencias. La CIPE® 1.0 en relación a beta-2 presenta: 41% de los términos nuevos; 33% idénticos; 4% con el concepto ampliado; 12% modificados; 8% diferentes y 2% conceptuados solamente en la versión beta-2. La CIPE® 1.0 en relación a CIPESC® presenta: 79% son nuevos; 8% idéntico, 1% ampliado; 5% modificados; 4% diferentes y 3% sin concepto. Hubieron dificultades provenientes del proceso brasileiro de traducción y editoración de la CIPE® 1.0 y de la ausencia de algunos conceptos en términos de CIPESC®. Este trabajo va a iniciar un proceso de validación de los términos no equivalentes.

Clasificación; Enfermería; Vocabulario controlado


PESQUISA

Classificações de enfermagem: mapeamento entre termos do foco da prática

Nursing classification: cross-mapping between focus axis terms

Clasificaciones de enfermería: mapeamento entre los términos del foco de la práctica

Romana Reis da Silva; Andreia Malucelli; Márcia Regina Cubas

Pontifícia Universitária Católica do Paraná. Pós-Graduação em Tecnologia da Saúde. Curitiba, PR

Correspondência Correspondência: Romana Reis da Silva Av. Silva Jardim 314 AP 92. Bairro Rebouças CEP 8030-000. Curitiba, PR

RESUMO

Devido às mudanças estruturais das classificações: CIPE®beta 2, versão 1.0 e CIPESC®, este estudo descritivo tem como objetivo construir um mapeamento entre os termos do foco da prática, identificando semelhanças e diferenças. A CIPE® 1.0 em relação à beta 2 apresenta: 41% dos termos novos; 33% idênticos; 4% com conceito ampliado; 12% modificados; 8% diferentes; e 2% conceituados apenas na beta 2. A CIPE® 1.0 em relação à CIPESC® apresenta: 79% são novos; 8% idênticos; 1% ampliado; 5% modificados; 4% diferentes; e 3% sem conceito. Houve dificuldades oriundas do processo de tradução e editoração da CIPE® 1.0 e da inexistência de conceitos em alguns termos da CIPESC®. Este trabalho desencadeará um processo de validação dos termos não equivalentes.

Descritores: Classificação; Enfermagem; Vocabulário controlado.

ABSTRACT

Due to structural changes of classifications: ICNP® beta-2, version 1.0 and CIPESC®, this descriptive study aims to identify similarities and differences by building a map between the terms of the focus of practice. The ICNP® 1.0 on the beta-2 shows: 41% are new terms, 33% identical, 4% with expanded concepts, 12% modified; 8% different and 2% there are concepts only in beta-2. The ICNP® 1.0 in relation to CIPESC® presents: 79% are new; 8% identical; 1% extended; 5% modified; 4% different and 3% without concept. There were difficulties from the process of Brazilian translating and publishing of ICNP® 1.0 and the absence of some concepts in terms of CIPESC®. This work will trigger the validation process for non equivalent terms.

Descriptors: Classification; Nursing; Vocabulary, controlled.

RESUMEN

Debido a los cambios estructurales de las clasificaciones: CIPE® beta-2, versión 1.0 y CIPESC®, este estudio descriptivo tiene como objetivo construir un mapeamiento entre los términos del foco de la práctica, identificando semblenzas y diferencias. La CIPE® 1.0 en relación a beta-2 presenta: 41% de los términos nuevos; 33% idénticos; 4% con el concepto ampliado; 12% modificados; 8% diferentes y 2% conceptuados solamente en la versión beta-2. La CIPE® 1.0 en relación a CIPESC® presenta: 79% son nuevos; 8% idéntico, 1% ampliado; 5% modificados; 4% diferentes y 3% sin concepto. Hubieron dificultades provenientes del proceso brasileiro de traducción y editoración de la CIPE® 1.0 y de la ausencia de algunos conceptos en términos de CIPESC®. Este trabajo va a iniciar un proceso de validación de los términos no equivalentes.

Descriptores: Clasificación; Enfermería; Vocabulario controlado.

INTRODUÇÃO

A prática da enfermagem faz uso de uma vasta quantidade de informações que constam no prontuário do paciente: suas queixas, dados clínicos, diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem. No entanto, essas informações não estão estruturadas ou documentadas, de modo a sistematizar o cuidado e demonstrar a importância da Enfermagem nos serviços de saúde e, conseqüentemente, sua contribuição para a qualidade da assistência ao ser humano(1).

A sistematização do cuidado é um conjunto de ações que se inter-relacionam visando à assistência de Enfermagem. Esta interação é denominada "processo de enfermagem", que é um instrumento dinâmico que auxilia na construção do plano assistencial e, para Wanda Horta(2), é composto de 6 fases: histórico do paciente, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, prescrições de enfermagem, evolução e prognóstico.

A organização da assistência ao ser humano é de suma importância, pois influencia diretamente na qualidade de atendimento, na segurança dos cuidados prestados, na descrição da prática de enfermagem, na comunicação entre os enfermeiros e entre estes e outros profissionais(3).

Uma das dificuldades da sistematização do cuidado e da visibilidade da profissão é que a linguagem usada para descrever as atividades realizadas pelo enfermeiro muda no decorrer dos tempos e nos diferentes contextos culturais, resultando em diferentes compreensões de um mesmo fenômeno(4).

Os esforços para mudar esta realidade culminaram a partir da década de 1950, em escala mundial, com intuito de desenvolver modelos conceituais e teorias, a fim de identificar conceitos específicos da profissão e seu emprego na prática; porém, eram movimentos isolados. A partir da década de 1970, os movimentos começaram a unificar-se e, nos anos de 1990, este assunto ganhou força(5).

Atualmente, existem várias classificações, cada uma se diferenciando em determinadas fases do processo de enfermagem. Este estudo deter-se-á nas classificações CIPE®(Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem) e CIPESC®(Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem em Saúde Coletiva), que caracterizam o diagnóstico, intervenção e resultado de enfermagem, os quais, em conjunto, determinam o plano de cuidados, direcionando assim a assistência(6).

Esta pesquisa é parte integrante do projeto de pesquisa denominado "Compondo uma Nova Geração de Sistemas Classificatórios para as Práticas de Enfermagem", do Programa de Pós-graduação em Tecnologia em Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, que tem como objetivo geral avaliar a aplicabilidade de um sistema computacional para auxílio ao raciocínio diagnóstico individual e coletivo com uso da CIPE® / CIPESC®.

A CIPE® representa uma ferramenta que produz informações para a tomada de decisão do enfermeiro, através de uma linguagem de enfermagem unificada e universal. Trata-se de uma terminologia combinatória que permite formular um diagnóstico de enfermagem, delinear intervenções e identificar resultados aos cuidados prescritos. Estas ações desencadeiam informações que contribuirão na formulação de políticas de saúde, na contenção de custos, na informatização dos serviços de saúde, no controle do próprio trabalho de enfermagem e nos avanços da profissão(7).

A CIPE® é um instrumento dinâmico e mutável e, para sua manutenção, é preciso uma constante avaliação, bem como revisão e validação dos termos, para reduzir a ambigüidade e redundância(8). O fruto deste constante aperfeiçoamento resultou em quatro versões: CIPE® versão alpha(9) (1996), versão beta (1999), beta-2(10)(2001) e versão 1.0(11)(2005). Esta última aponta para a construção de uma ontologia, a partir da inferência hierárquica entre os termos. Entende-se por ontologia a maneira de representar o conhecimento de forma organizada, a fim de facilitar a compreensão, permitir o compartilhamento das informações e construir uma base de conhecimento(12).

Faz-se necessário a atualização da CIPESC®, bem como a compreensão e adequação da nova estrutura da CIPE®, uma vez que a CIPESC®(13) teve como base para sua estruturação a CIPE® versão beta.

Neste contexto, o propósito deste estudo é construir um mapeamento entre os termos do foco da prática da CIPE®beta-2, da CIPE®1.0 e da CIPESC®, identificando semelhanças e diferenças entre os mesmos.

REVISÃO DA LITERATURA

CIPE®

O surgimento da CIPE® ocorreu em resposta às necessidades reconhecidas da profissão, a partir de 1989. As associações-membro do Conselho Internacional de Enfermeiras (CIE) desencadearam estudos para viabilizar o projeto de desenvolver um vocábulo de termos estruturados para descrever e organizar a prática de enfermagem em uma linguagem universal(14).

O primeiro resultado deste projeto foi uma listagem de termos, em 1993, que se baseou em um levantamento internacional dos sistemas de classificação de enfermagem já em uso. Em 1996, foi lançada a CIPE® versão alpha, cuja estruturação foi realizada em três etapas: a identificação dos termos no âmbito internacional; a conceitualização destes termos e a estruturação dos termos, hierarquizando-os em três pirâmides ou modelos. A pirâmide inicial, construída como uma classificação monoaxial em cujo ápice encontra-se um único princípio geral de divisão, descreve 292 fenômenos de enfermagem, que representa o domínio do cliente (ser humano ou meio ambiente). A segunda pirâmide, construída como uma classificação multiaxial na qual o termo subdivide-se em seis eixos, descreve as intervenções de enfermagem, que representa o domínio das ações realizadas pelos enfermeiros. A terceira pirâmide não foi desenvolvida e visava descrever os resultados clínicos do trabalho da enfermagem(9,15).

Com a utilização da versão alpha, surgiram outras necessidades enviadas ao CIE, determinantes para a edição da versão beta, lançada em 1999. Nesta versão, o enfoque da classificação dos fenômenos de enfermagem passa a ser multiaxial e constituída por oito eixos. Isto permite mais de uma divisão do termo superior e também combinações de conceitos de diversas divisões e eixos, tornando assim o instrumento mais flexível e com maior liberdade para realizar combinações entre os termos, por exemplo: os conceitos simples como "sono" e "perturbado", se combinados, formam um conceito complexo, isto é, "sono perturbado". Em outros sistemas classificatórios, esta combinação de conceitos não acontece, pois já são existentes como conceitos pré-combinados(16).

Em 2001, foi lançada a versão beta-2, com alterações, correções e inclusão de alguns códigos, conceitos e termos. A mais nova versão da CIPE® - a versão 1.0, lançada em 2005, é resultado de mudanças de critérios para o estudo das classificações, almejando não apenas uma simples linguagem unificada, mas uma linguagem completa e sofisticada, apoiada na utilização de software de sistemas de informações, de modo a simplificar a representação da classificação e evitar redundância e ambigüidade entre os termos.

A CIPE®1.0 apresenta modificações na estrutura: na versão beta-2, havia um modelo de fenômenos de enfermagem e outro de ações, cada um deles com oito eixos e, na atual, os modelos foram unificados, formando apenas um modelo com sete eixos(7).

Este estudo analisa o primeiro eixo do novo modelo, o foco da prática, que contém 816 termos.

CIPESC®

Durante o desenvolvimento da CIPE®, o CIE identificou que a mesma não contemplava termos relacionados à atenção primária e à prática de enfermagem em serviços comunitários de saúde. Neste sentido, o conselho propôs aos países da América Latina a organização e identificação de termos característicos de cada realidade e região. A contribuição brasileira a esta proposta foi o projeto CIPESC, elaborado e desenvolvido pela ABEn (Associação Brasileira de Enfermagem), sob orientação do CIE e apoio financeiro da Fundação Kellogg(17).

O principal objetivo do CIPESC foi descrever as diferenças culturais, revelando a dimensão, a diversidade e a amplitude das práticas de enfermagem no contexto do Sistema Único de Saúde – SUS(18). Para viabilizar a descrição do processo de trabalho da enfermagem, o Brasil foi dividido em cenários. O material produzido foi analisado em duas etapas e, como resultado obtiveram-se um inventário vocabular e, posteriormente, uma classificação denominada CIPESC®.

A CIPESC® teve como base a CIPE®versão beta e, na sua publicação oficial(9), não apresenta conceito junto ao termo. Os termos específicos desta classificação estão parcialmente conceituados na publicação de Garcia, Nóbrega e Sousa(19).

METODOLOGIA

Esta investigação configura-se em um estudo descritivo documental de abordagem quantitativa.

As bases empíricas utilizadas foram: a versão beta-2 e versão 1.0 da CIPE® (edição Portuguesa e Brasileira), a CIPESC®, um trabalho de equivalência semântica(19), um dicionário de termos de enfermagem(20) e dicionários da língua portuguesa(21,22).

Primeiramente, o mapeamento consistiu em localizar os termos da CIPESC®e da CIPE®beta-2 na CIPE® 1.0. Concluída a localização dos termos, os mesmos foram classificados como: termo novo; termo com conceito idêntico; termo com conceito ampliado; termo com conceito diminuído; termo com conceito diferente; termo modificado; termo com conceito na beta 2 e sem conceito na versão 1.0. Os resultados são apresentados por freqüência absoluta e percentual simples.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Gráfico 1 representa o mapeamento dos termos da CIPE® 1.0 em relação aos da beta-2.


O eixo, foco da prática na CIPE® 1.0, apresenta 816 termos; destes, 41% são termos novos, 33% são termos idênticos entre as versões. Os termos restantes estão divididos em: 4% dos termos com conceito ampliado; 3% dos termos com conceito diminuído; 8% dos termos com conceito diferente, 9% dos termos modificados e 2% dos termos com conceito na beta-2 e sem conceito na versão 1.0.

A organização dos resultados está exemplificada nos Quadros 1, 2, 3 e 4. As alterações dos conceitos estão destacadas em negrito e sublinhadas. O enquadramento dos termos foi realizado, primariamente, pelas modificações em negrito. As palavras sublinhadas podem apresentar mais de uma categorização e, por constituírem ambigüidades, serão submetidas à posterior análise e validação por especialistas.





O Quadro 1 representa os termos com conceito ampliado, considerados àqueles com acréscimo de uma ou mais palavras ao conceito dos termos.

Nota-se que qualquer mudança de palavra pode influenciar no sentido do termo, como visualizado no termo 2 do Quadro 1. Inicialmente, abuso conjugal foi classificado como conceito igual; no entanto, o sentido da palavra conjugal é maior do que da palavra esposo(a)(21,22), portanto ampliado.

O Quadro 2 apresenta os termos classificados como diminuídos, de cuja definição foram retiradas uma ou mais palavras.

No Quadro 2, a exclusão de algumas palavras não influencia diretamente no significado do termo. Porém, quando se faz uma análise superficial dos termos sublinhados, é possível verificar que a troca de uma palavra por outra, teoricamente parecida, sugere cautela. À exemplo: nas expressões "animal manso" e "animal domesticado" (Quadro 2, termo 1) os adjetivos têm similaridade; no entanto, as palavras "violadas" e "atacadas" (Quadro 2, termo 3) não possuem o mesmo significado. Desta forma, o que determinou a inclusão do termo em uma ou outra classe foi a preservação do sentido do mesmo.

O Quadro 3 apresenta termos cujo sentido foi modificado.

Os termos 1 e 2 do Quadro 3 possuem alterações em palavras, as quais modificaram o conceito do termo. Os termos 3 e 4 do mesmo quadro apresentam conceitos divergentes.

Outro fato a ser considerado nesta organização diz respeito à hierarquia do termo: o termo "energia" (Quadro 3, termo 4), na versão beta-2, pertence ao "Ser humano" e, na versão 1.0, ao "Ambiente", o que pode revelar inconsistências nas combinações entre os mesmos pelo fato de serem termos idênticos, no entanto relacionados a taxonomias diferentes, o que muitas vezes passa despercebido para os profissionais não especialistas em classificações.

O Quadro 4 exemplifica termos cujo conceito possui palavras diferentes, mas com preservação de significado.

Para organização dos termos exemplificados no Quadro 4, foi considerada a relação direta de significado das palavras diferentes, cujos conceitos nos dicionários de língua pátria apresentaram equivalência.

Os resultados do mapeamento dos termos das classificações CIPE® 1.0 com CIPESC®são apresentados no Gráfico 2.


Identificou se que 79% dos termos não são encontrados na CIPESC® e 8% são termos idênticos. Os 13% restantes foram categorizados como: 1% termos com conceito ampliado; 2% termos com conceito diminuído; 4% termos com conceito diferente; 3% termos modificados com conceito equivalente; e 3% termos sem conceito.

Cabe ressaltar que, neste mapeamento, inicialmente foram identificados 11 termos na CIPE 1.0 que originalmente se situavam dentre os 131 termos específicos da CIPESC®. Estes serão submetidos à posterior validação por especialistas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca por uma classificação universal na enfermagem é processo em construção. A fim de alcançar este objetivo, revisões e inovações são incorporadas à CIPE® para reduzir a ambigüidade e redundância. Da mesma forma, para CIPESC® acompanhar a evolução da CIPE®, buscou-se neste trabalho construir um mapeamento entre os termos do foco da prática da CIPE®beta 2, versão 1.0 e da CIPESC®, identificando semelhanças e diferenças entre os mesmos.

O mapeamento de termos foi produto de trabalho minucioso. Dúvidas foram levantadas, pesquisas foram necessárias, bem como revisões constantes de todo o processo de localização e classificação dos mesmos.

Houve dificuldades operacionais derivadas da CIPE® versão 1.0 brasileira, que apresenta falhas no processo de tradução e editoração, o que pode levar o leitor e pesquisador a uma interpretação errônea do termo ou do próprio conceito.

Em relação à CIPESC®, o agravante foi o fato da mesma não possuir a totalidade de seus termos conceituados, dificultando a correspondência com outros termos.

Este trabalho possibilitou identificar correlações entre as classificações CIPE® e CIPESC®. Este resultado, em continuidade à pesquisa em que se insere, desencadeará um processo de validação para os termos não equivalentes. Posteriormente, esta equivalência será imprescindível para o aprimoramento da ferramenta CIPESC®com o desenvolvimento de uma ontologia, a qual, futuramente, será integrada a um sistema de informação, viabilizando não apenas o crescimento da classificação, mas também o apoio computacional ao diagnóstico de enfermagem.

Submissão: 29/08/2008

Aprovação: 22/11/2008

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  • Correspondência:

    Romana Reis da Silva
    Av. Silva Jardim 314 AP 92. Bairro Rebouças
    CEP 8030-000. Curitiba, PR
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Jan 2009
    • Data do Fascículo
      Dez 2008

    Histórico

    • Aceito
      22 Nov 2008
    • Recebido
      29 Ago 2008
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