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Avaliação Psicológica

Print version ISSN 1677-0471On-line version ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.14 no.2 Itatiba Aug. 2015

 

 

Tarefas Preditoras de Otimismo em Crianças (TAPOC): construção e evidências de validade

 

Optimism Predictor Tasks in Children (TAPOC): construction and validity evidence

 

Tareas Predictoras de Optimismo en Niños (TAPOC): construcción y pruebas de validez

 

 

Cláudia de Moraes Bandeira1; Claudia Hofheinz Giacomoni; Claudio Simon Hutz

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi desenvolver a escala Tarefas Preditoras de Otimismo em Crianças (TAPOC). A escala TAPOC foi elaborada para avaliar o otimismo em crianças em processo de alfabetização por historietas e desenhos coloridos. Investigaram-se evidências de validade e fidedignidade e procurou-se avaliar o nível de otimismo das crianças dessa amostra, assim como verificar possíveis diferenças entre os sexos e diferentes faixas etárias. Participaram 190 crianças (51,1% meninos) entre quatro e oito anos de idade de escolas privadas da região Sul do Brasil. Foram realizadas análises fatoriais que apontaram para a solução unifatorial, e a versão final do instrumento contou com doze itens. A escala apresentou boas evidências de validade e confiabilidade. Os resultados não apontaram diferenças significativas nos níveis de otimismo entre as idades ou entre os sexos.

Palavras-chave: otimismo; avaliação psicológica; psicologia positiva.


ABSTRACT

This study aimed to develop a children’s optimism scale (Optimism Predictor Tasks in Children – TAPOC). The TAPOC consists of a series of illustrated scenarios that assess optimism in children who are in the literacy process. We investigate validity evidence and reliability, and seek to evaluate optimism among the participant sample, as well as to verify possible differences between gender and age. There were 190 children (51.1% boys) participating in the sample, aged four to eight, from private schools in southern Brazil. Factor analyses were conducted that pointed to the one-factor solution and the final version of the instrument had 12 items. The scale showed good validity evidence and reliability. The results did not show significant differences in optimism levels between ages or gender.

Keywords: optimism; psychological assessment; positive psychology.


RESUMEN

El objetivo de este estudio fue desarrollar una escala de optimismo para niños (Tareas Predictoras de Optimismo en niños – TAPOC). El TAPOC consiste en anécdotas y dibujos de colores que evalúan el optimismo en niños de entre cuatro y ocho años de edad, que estén en proceso de alfabetización. Además, se investigaron evidencias de validez y fiabilidad, y se evaluó el nivel de optimismo de los niños en esta muestra, así como las posibles diferencias entre el sexo y la edad. Participaron 190 niños (51,1% hombres) de entre cuatro y ocho años de escuelas privadas en el estado de Rio Grande do Sul. Análisis factoriales apuntaran a la solución de un solo factor y la versión final del instrumento incluyó 12 ítems. La escala mostró buenas evidencias de validez y fiabilidad. Los resultados no mostraron diferencias significativas en los niveles de optimismo entre edades o género.

Palabras-clave: optimismo; evaluación psicológica; psicología positiva.


 

 

Várias abordagens teóricas têm procurado definir os caminhos que conduzem a um funcionamento ótimo. O desenvolvimento positivo é uma nova abordagem que busca promover de forma proativa o desenvolvimento saudável das crianças e dos adolescentes. Essa perspectiva alinha as forças dos jovens aos recursos disponíveis na família e comunidade para maximizar as trajetórias saudáveis de desenvolvimento. Embora diferentes pesquisadores tenham enfatizado diferentes aspectos, o desenvolvimento positivo tem sido considerado um construto multidimensional formado por características individuais, relacionamentos interpessoais e trocas com o ambiente. Características pessoais como otimismo, autoestima, locus de controle interno, motivação e extroversão têm sido apontadas como preditoras de competência e bom funcionamento adaptativo (Mandleco & Craig, 2000).

O otimismo e o pessimismo são expectativas gerais e difusas em relação ao futuro (Scheier & Carver, 1985). As pessoas otimistas têm expectativas mais positivas em relação ao seu futuro em comparação com as pessimistas. Os otimistas persistem mais em seus objetivos, já que tendem a ver os resultados desejados como atingíveis, enquanto os pessimistas empenham-se menos e tornam- -se mais passivos diante do futuro (Carver, Scheier, & Segerstrom, 2010). Existe forte evidencia de que o otimismo promove a saúde mental e física, principalmente no enfrentamento de situações estressantes. Os otimistas tendem a se sair melhor do que os pessimistas na escola, nos esportes e no trabalho (Roberts, Brown, Johnson, & Reinke, 2005). O otimismo disposicional tem sido associado positivamente com bem-estar psicológico e físico e com satisfação de vida em adultos (Carver et al., 2010; Chang, 2002; Scheier & Carver, 1985).

O pessimismo apresenta efeitos contrários ao do otimismo quanto ao bem-estar. Os pessimistas apresentam maiores níveis de depressão, maiores conflitos interpessoais e piores prognósticos médicos do que os otimistas (Scheier & Carver, 1985; Scheier, Carver, & Bridges, 1994). Na fase adulta, as pessoas otimistas são mais saudáveis, vivem mais, apresentam melhor qualidade de vida e são mais motivadas e menos deprimidas (Carver et al., 2010; Chang, 2002; Roberts et al., 2005; Scheier & Carver, 1985). No período da adolescência, o otimismo está relacionado a melhores estratégias de coping, maior autoestima, melhor desempenho escolar e menores índices de depressão (Chang, 2002; Ey et al., 2005; Roberts et al., 2005; Scheier & Carver, 1985; Scheier et al., 1994).

O otimismo parece funcionar como uma importante fonte de resiliência em crianças, saudáveis ou doentes (Albery & Messer, 2005; Ey et al., 2005; Lockhart, Chang, & Story, 2002). Crianças e adolescentes que se apresentam mais otimistas em suas habilidades para superar dificuldades demonstram maior autovalor, maior competência e poucos sintomas depressivos. Na relação entre pares, as crianças otimistas são vistas mais positivamente por seus pares e apresentam menor probabilidade de serem rejeitadas ou vitimizadas por eles (Ey et al., 2005).

O otimismo é entendido como um traço relativamente estável ao longo do tempo, com correlações teste- -reteste consideravelmente altas, e sua herdabilidade é estimada em aproximadamente 25%. As experiências anteriores de sucesso e fracasso parecem influenciar parcialmente no otimismo-pessimismo (Carver et al., 2010), o que confere importância à investigação do construto nos diferentes períodos do desenvolvimento. Embora a maioria dos estudos envolvendo otimismo tenha sido realizada com adultos, o construto tem sido investigado sob uma perspectiva desenvolvimental. Existe a hipótese de que o otimismo e o pessimismo são desenvolvidos cedo na vida, mas não se sabe ao certo quando isso ocorre (Ey et al., 2005). Seu caráter disposicional sugere a necessidade de estudos que contemplem o processo do desenvolvimento, englobando assim o período da infância.

Em comparação aos adolescentes e adultos, as crianças pequenas se mostram mais resistentes a sentimentos de desesperança, e, mesmo diante da possibilidade de fracasso, as crianças predizem sucesso futuro (Lockhart et al., 2002). Alguns estudos realizados em uma perspectiva desenvolvimental apontam para um declínio nos níveis de otimismo ao longo dos anos (Bamford, 2009; Farrall, 2007; Lockhart et al., 2002). Entretanto, essa possível diminuição do otimismo não corresponderia necessariamente a um aumento do pessimismo (Farrall, 2007).

Para avaliar a diferença nos níveis de otimismo de crianças de diferentes idades e compará-las aos dos adultos, Lockhart et al. (2002) desenvolveram um estudo no qual utilizaram uma série de histórias, ou vinhetas, com personagens fictícios que exibiam traços positivos ou negativos. Esse estudo contou com crianças de entre 5 e 10 anos de idade, bem como adultos, e investigou a crença dos participantes sobre a estabilidade dos traços. Os resultados demonstraram que as crianças menores (5 e 6 anos) apresentaram maior otimismo nas suas crenças frente aos traços do que as crianças maiores (7 a 10 anos) e do que os adultos. Em contrapartida, os resultados de um estudo realizado por Ey et al. (2005). não evidenciaram diferenças significativas nos níveis de otimismo ou de pessimismo entre crianças de 8 e 9 anos em comparação às de 10 e 11 anos.

A divergência nos resultados dos diferentes estudos pode estar ligada a questões metodológicas como, por exemplo, os diferentes instrumentos utilizados para avaliar o construto. As medidas padronizadas para avaliar o otimismo em crianças são limitadas e se restringem a poucos instrumentos direcionados a crianças maiores de 8 anos. Uma das medidas mais confiáveis e mais utilizadas por pesquisadores ao redor do mundo é a Youth Life Orientation Test (YLOT; Ey et al., 2005). Construída com base na Life Orientation Test-Revised (LOT-R; Scheier et al., 1994), a YLOT é uma medida de autorrelato com 16 itens que utiliza uma escala de respostas do tipo Likert de quatro pontos. Foi elaborada para ser respondida por crianças com idades entre 8 e 16 anos, e permite o resultado de três escores: otimismo, pessimismo e otimismo total (a soma dos itens de otimismo mais os itens invertidos de pessimismo). Apresenta consistência interna geral adequada (a=0,83), assim como das subescalas de otimismo e pessimismo (a=0,79 e a=0,78, respectivamente). O processo de adaptação e validação da YLOT para o Brasil foi realizado por Bandeira, Giacomoni e Hutz (2014a), e manteve índices satisfatórios de validade e fidedignidade.

Outra medida utilizada é a Parent-rated Life Orientation Test of Children (PLOT; Lemola et al., 2010). Esse instrumento utiliza o relato dos pais, o que facilita a investigação do otimismo em crianças pequenas. É composta por oito itens, elaborados a partir da LOT e da YLOT, além da criação de outros sobre a percepção dos pais quanto ao otimismo e pessimismo de seus filhos. É respondida em uma escala de respostas do tipo Likert de quatro pontos. As escalas de otimismo e pessimismo apresentam boa consistência interna para as mães (α=0,81; α=0,75), e para os pais (α=73; α=68), respectivamente (Lemola et al., 2010). Os estudos de adaptação e validação da PLOT para o Brasil foram conduzidos por Bandeira, Giacomoni, e Hutz (2014b) e apresentaram bons indicadores de validade e fidedignidade.

Os estudos sobre otimismo-pessimismo têm apresentado resultados controversos em relação à dimensionalidade do construto (Carver et al., 2010; Ey et al., 2005; Gaspar, Ribeiro, Matos, Leal, & Ferreirac, 2009; Scheier & Carver, 1985; Scheier et al., 1994). Existem divergências quanto ao fato de o otimismo e o pessimismo serem fatores distintos ou polos opostos do mesmo contínuo por serem forte e negativamente correlacionados. Alguns elementos podem contribuir para essas diferenças, e a metodologia empregada pode ser uma causa de influência. Em relação aos instrumentos, muitos são elaborados de maneira a avaliar o pessimismo por itens negativos, enquanto o otimismo é avaliado por itens positivos.

Quanto às possíveis diferenças nos níveis de otimismo entre os sexos, os resultados do estudo realizado por Ey et al. (2005) indicaram que as meninas apresentaram maiores níveis de otimismo, enquanto os meninos apresentaram níveis maiores de pessimismo. Outro estudo, desenvolvido por Lemola et al. (2010) investigou a percepção dos pais quanto aos níveis de otimismo dos filhos, e verificou que, de acordo com o relato dos pais, as meninas são vistas como mais otimistas do que os meninos.

O impacto e o desenvolvimento do otimismo e do pessimismo não têm sido estudados em crianças como o têm sido em adultos. As pesquisas com essa faixa etária são limitadas pela falta de medidas apropriadas que possibilitem avaliar as expectativas ao longo do desenvolvimento infantil (Ey et al., 2005). Um estudo realizado por Becker, Bandeira, Ghilard, Hutz, e Piccinini (2013) evidenciou a dificuldade encontrada pelos pesquisadores brasileiros em estudar crianças pequenas, em especial na faixa de zero a 7 anos, que ainda não dominam a linguagem oral e escrita, devido aos raros instrumentos validados para essa faixa etária.

Pouco se sabe sobre como e quando as expectativas otimistas e pessimistas emergem nas crianças (Bamford, 2009; Ey et al., 2005). Torna-se necessário o desenvolvimento de um referencial teórico científico confiável que permita a interpretação dos achados. As teorias que embasam os estudos sobre otimismo foram desenvolvidas principalmente com adultos, e os instrumentos contemplam adultos, adolescentes e crianças maiores de 8 anos, com a utilização de medidas de autorrelato. No trabalho de avaliação psicológica com pré-escolares, a abordagem requer uma perspectiva diferente. Crianças menores de 8 anos ainda estão aprendendo a ler e a escrever. Sua capacidade simbólica está em desenvolvimento, seu pensamento tende a ser mais concreto, e suas habilidades introspectivas são limitadas (Bamford, 2009). A utilização de cenários concretos, com histórias de personagens têm sido um recurso utilizado com sucesso por pesquisadores que buscam avaliar o otimismo em crianças pequenas (Bamford, 2009; Lockhart et al., 2002).

As habilidades cognitivas dos pré-escolares variam em certo grau, porém alguns marcos gerais podem ser esperados. Sabe-se que, aos 5 anos, uma criança típica passa na tarefa da crença falsa e é capaz de pensar sobre o futuro e o passado (Bamford, 2009; Busby, & Suddendorf, 2005). As pesquisas envolvendo otimismo na infância são recentes e em menor número do que aquelas realizadas com a população adulta. Com o objetivo de avaliar o otimismo em crianças pré-escolares, este estudo apresenta o processo de desenvolvimento de um instrumento para avaliar otimismo em crianças entre 4 e 8 anos de idade. Além disso, são apresentados os estudos de investigação de evidências de validade e fidedignidade de sua versão final.

 

Método

Construção da Escala de Otimismo para Crianças.

Para o processo de construção de um instrumento de avaliação psicológica, muitas etapas são delineadas (Pasquali, 2010). Inicialmente, realizou-se uma busca na literatura por instrumentos que avaliassem o otimismo em crianças pequenas. O único instrumento encontrado que permite a avaliação do otimismo disposicional em pré-escolares foi elaborado por Bamford (2009). Esse instrumento tem como objetivo avaliar o otimismo em crianças a partir de 5 anos de idade através de vinte histórias e cenários desenhados em cartões de 20 por 30 centímetros. A estrutura desse instrumento serviu de inspiração para a construção de nossa escala. Optou-se por criar uma medida com características semelhantes, porém mais completa e direcionada às crianças brasileiras.

Com o objetivo de criar itens que avaliassem o otimismo infantil, após a revisão da literatura sobre o tema, foi realizado um grupo de discussão focal formado por oito psicólogos e dois estudantes de graduação em Psicologia, todos com conhecimento do construto otimismo. Foi discutido o conceito de otimismo disposicional (Scheier & Carver, 1985) e solicitado aos participantes que descrevessem diferentes situações diárias das crianças seguidas de dois desfechos, um otimista e um pessimista. Orientou-se que as histórias contassem com situações positivas, negativas e neutras, e que os cenários contemplassem expectativas em relação ao self e ao outro. A inclusão de cenários relacionados ao self e aos outros teve como objetivo auxiliar as crianças pequenas que apresentam dificuldades com a autorreflexão. Essa estratégia também foi utilizada no instrumento criado por Bamford (2009).

Durante o grupo focal e com o uso da técnica de brainstorming, foram elaboradas 51 historietas que apresentavam uma situação estímulo e dois possíveis desfechos, um otimista e um pessimista. Foram então selecionadas as historietas que contemplavam os vários tipos de interesses das crianças na faixa etária do desenvolvimento infantil e escolar (por exemplo, rotina diária, escola, amigos, festa de aniversário, brincadeiras no parque, animais de estimação) e os contextos desenvolvimentais familiar, escolar e social. As historietas selecionadas tiveram como base os critérios de clareza, criatividade e simplicidade (Pasquali, 2010). Essa seleção resultou em vinte historietas que formaram a primeira versão do instrumento. Essa versão foi apresentada a seguir para uma equipe de três pedagogas com especialização em desenvolvimento infantil inicial, que trabalham na coordenação e supervisão de pré- -escolares. Todos os itens foram lidos e discutidos em grupo, juntamente com a pesquisadora, com o objetivo de verificar o conteúdo e a adequação dos itens para a compreensão por crianças pequenas. Quatro itens, que não apresentaram clareza ou adequação, ou que se assemelhavam a outros itens foram eliminados. A versão preliminar da escala era composta por dezesseis itens, sendo oito correspondentes ao otimismo e pessimismo em relação ao self, e oito em relação aos outros.

Em busca de evidências de validade relacionadas ao conteúdo dos itens foi elaborado um instrumento de avaliação de sua representatividade teórica. Cada item construído da escala foi avaliado por seis juízes (todos psicólogos e mestres em Psicologia do Desenvolvimento e Personalidade) quanto à questão da representatividade ou não do item em relação ao construto estudado. Os índices de concordância entre os juízes foram avaliados, e, sendo superiores a 80% , optou-se por manter todos os dezesseis itens da versão preliminar da escala.

A seguir, foi realizado um estudo piloto com cinco crianças, três meninos e duas meninas, com idades entre cinco e oito anos, com o objetivo de verificar a adequação semântica e de conteúdo dos itens selecionados. Poucos ajustes foram realizados na escrita final dos itens. Após a revisão final das histórias, iniciou-se a preparação das versões pictóricas de cada item. Foram elaborados desenhos coloridos, juntamente com uma artista plástica que utilizou a técnica aquarela, seguindo as instruções recebidas para cada história, com o cuidado de não apresentar estímulos adicionais à situação proposta. Algumas pranchas foram refeitas e para melhorar a qualidade do desenho e a utilização e manutenção das cores. As pranchas foram refeitas sempre que os desenhos dos cartões desfecho não correspondiam exatamente ao desenho do cartão estímulo, ou quando o cenário ou a expressão dos personagens não estava de acordo com a história contada. As imagens dos cartões foram elaboradas com desenhos coloridos e com protagonistas de ambos os sexos. Para auxiliar a identificação da criança com o personagem, foram elaboradas duas versões das ilustrações, uma para as meninas e outra para os meninos.

A versão da TAPOC era composta de 16 historietas, cada uma com três pranchas pictóricas (uma prancha estímulo com a apresentação da situação enredo e duas pranchas desfecho, uma otimista e outra pessimista), totalizando 96 pranchas (48 cartões para a versão feminina, e 48 para a versão masculina), com medidas de 20 por 15 centímetros. Finalmente, os itens foram aplicados na amostra de crianças escolhida. A aplicação da TAPOC está descrita a seguir.

O primeiro cartão é apresentado à criança enquanto é lida a história correspondente. A seguir são apresentados os dois cartões desfecho, e é pedido que a criança escolha o resultado mais provável. Para exemplificar, apresentamos o primeiro item do instrumento: “É um dia de manhã, e está na hora de acordar, você acha que: a) o seu dia vai ser bom; b) o seu dia vai ser ruim”.

Após a escolha do desfecho, busca-se, em uma escala de tipo Likert de cinco pontos, obter a certeza da criança frente à probabilidade de ocorrência do evento. Para tanto, é perguntado à criança se o evento “pode acontecer” ou “certamente vai acontecer”. As respostas a essa questão de probabilidade de ocorrência são auxiliadas por uma linha reta onde a criança marca com um lápis seguindo as seguintes orientações: “se você acha que (o desfecho escolhido) pode acontecer, você faz um risco no lado esquerdo, e se você acha que (o desfecho escolhido) certamente vai acontecer, você faz um risco do lado direito, mas você pode marcar em qualquer lugar da linha, quanto mais certeza você tiver mais para o lado direito você marca”.

As respostas são registradas em um crivo de correção que divide a reta em cinco partes, que varia de 1 a 5, sendo que 1 corresponde a “pode acontecer”, e 5, “certamente vai acontecer”. Além disso, a escolha pessimista gera um resultado negativo, e a escolha otimista, um resultado positivo. Por exemplo: -1 indica que o desfecho pessimista pode acontecer, e +1 indica que o desfecho otimista pode acontecer, enquanto -5 indica que o desfecho pessimista certamente vai acontecer, e +5 indica que o desfecho otimista certamente vai acontecer. Os resultados variam de -5 a +5, sendo que os resultados mais altos indicam maior otimismo.

Participantes

Participaram deste estudo 190 crianças de ambos os sexos, de entre 4 e 8 anos de idade (M=6,0; DP=1,14) de escolas privadas da região Sul do Brasil, sendo 70 de uma cidade do interior (36,8% ) e 120 da capital (63,2% ). Dessa amostra 93 eram meninos (51,1% ), e 97, meninas (48,9% ), sendo 88 da educação infantil (46,3% ), 66 do primeiro (34,7% ) e 36 do segundo ano (18,9% ) do Ensino Fundamental de nove anos. O número médio de irmãos foi de 0,97 (DP=0,95), e variou entre zero e nove.

Instrumentos

Inicialmente foi utilizada uma ficha de identificação com questões sociodemográficas como idade, sexo, escola, série e número de irmãos, com o objetivo de caracterizar a amostra.

O outro instrumento utilizado foi a YLOT (Ey et al., 2005). Essa escala foi adaptada para a cultura brasileira por Bandeira et al. (2014a), e contou com uma amostra de 550 crianças e adolescentes, com idades entre 8 e 17 anos. O instrumento apresentou evidências de validade que confirmam a existência de dois fatores, otimismo e pessimismo, como no estudo original. A consistência interna geral da escala, coeficiente alfa de Cronbach, foi adequada (a=0,81), assim como das subescalas de otimismo (a=0,74) e pessimismo (a=0,73). A YLOT é composta por 12 itens, seis medidas de otimismo e seis medidas de pessimismo e utiliza uma escala de respostas do tipo Likert de quatro pontos. Essa escala foi desenvolvida originalmente para crianças entre 8 e 18 anos. Para a realização deste estudo, a escala foi adaptada para a utilização em crianças menores de oito anos. A aplicação foi individual, e os itens foram lidos para a criança. Para auxiliar nas respostas, foi criada uma escala pictórica do tipo Likert de quatro pontos em as crianças apontavam o quadrado correspondente à resposta escolhida: “concordo totalmente” (quadrado completamente cheio), “concordo” (quadrado parcialmente cheio), “discordo” (quadrado parcialmente vazio) e “discordo totalmente” (quadrado totalmente vazio).

Procedimento da coleta de dados

Inicialmente foi realizado contato com as escolas participantes por visitas, com o propósito de informar os objetivos do estudo. Posteriormente foram realizadas reuniões com a equipe de direção e coordenação para explicar sobre os procedimentos da pesquisa. Foi solicitada às escolas a concordância quanto à realização do estudo. O contato com os pais ou responsáveis pelas crianças se deu por um documento escrito, com esclarecimentos sobre os objetivos, procedimentos e consentimento escrito. O presente estudo está de acordo com a Resolução n°. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que versa sobre os aspectos éticos da pesquisa com seres humanos. Salvaguardou-se a todos os participantes o direito de sigilo, voluntariado e interrupção da participação. Todos os procedimentos atenderam as recomendações do Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o qual aprovou o estudo sob o protocolo nº 22623.

A coleta de dados foi realizada nas dependências das escolas participantes, em salas de aula destinadas à realização da pesquisa no turno de aula. Os instrumentos foram aplicados individualmente pela pesquisadora e por alunos graduandos em Psicologia previamente treinados. Antes de iniciar a coleta, foi realizado um período de adaptação das crianças com os pesquisadores. Foi explicado aos alunos sobre os objetivos do estudo, utilizando uma linguagem apropriada para a faixa etária dos participantes. As crianças foram informadas verbalmente sobre o voluntariado e possibilidade de interrupção sem nenhuma penalidade, e também foram informadas sobre o sigilo e a confidencialidade dos dados. As crianças foram encorajadas a responder honestamente e informadas que não existiam respostas certas ou erradas. A coleta de dados foi realizada em uma única sessão para cada participante, e o total de tempo utilizado para a aplicação do instrumento foi de, aproximadamente, 40 minutos.

 

Resultados

Inicialmente, realizou-se análise fatorial, método Principal Axis e rotação Oblimin, incluindo todos os 16 itens da escala. Verificou-se que os dados estavam adequados à análise proposta: KMO=0,73; teste Barttlet χ (120, N=190) = 620,8; p< 0,001. Constatou-se que cinco fatores apresentaram eigenvalue >1 e explicaram 41,9% da variância dos dados. Porém, os fatores não tinham consistência semântica e não permitiam organizar um instrumento que pudesse avaliar otimismo de uma forma lógica. Diante disso, forçaram-se diferentes soluções para a extração dos fatores, sendo que a melhor estrutura foi a unifatorial, que, teoricamente, é mais compatível com o construto, considerando a literatura internacional e também os resultados de estudos brasileiros.

A partir dessa análise, constatou-se que quatro itens (6, 7, 8 e 9) apresentavam carga fatorial inferior a 0,30, e decidiu-se excluí-los das análises subsequentes. Assim, realizou-se novamente a análise fatorial com os doze itens restantes. Observou-se adequação da amostra a essa análise, KMO=0,74, teste Barttlet χ2 (66, N=190) = 507,6; p< 0,001, e observou-se que um único fator explicava 25,3% da variância dos dados. Os resultados das cargas fatoriais podem ser vistos na Tabela 1. As TAPOC apresentaram média geral de 4,01 (DP=1,23), o escore variou de -2 a 5, e o coeficiente alfa obtido foi de 0,79.

 

 

Foi realizado um teste t de Student para avaliar possíveis diferenças nas médias de otimismo entre meninos (M=3,94; DP=1,31) e meninas (M=4,08; DP=1,16). Não foi verificada diferença significativa entre os sexos t=(188) = 0,79; p=0,43. Também foram avaliadas possíveis diferenças nos níveis de otimismo entre os grupos de crianças provenientes das duas regiões, capital (M=4,00; DP=1,31) e interior do estado (M=4,03; DP=1,08). Os resultados do teste t de Student não apontaram diferenças significativas t(188)=0,20; p=0,84.

As médias de otimismo nas diferentes faixas etárias são apresentadas na Tabela 2. Para verificar possíveis diferenças nos níveis de otimismo entre as diferentes faixas etárias foi realizada uma análise de variância (ANOVA). Os resultados não apontaram para diferenças significativas entre as idades, F(4,188)=1,54; p=0,19.

 

 

As TAPOC apresentaram correlação positiva com a escala YLOT otimismo e YLOT total e correlação negativa com a YLOT pessimismo. A Tabela 3 apresenta as correlações entre as TAPOC e a YLOT.

 

 

Discussão

Este estudo teve como objetivo construir e validar um instrumento para avaliar otimismo em crianças pequenas e verificar possíveis diferenças entre diferentes sexos e idades. Os resultados da análise fatorial apontaram para a unidimensionalidade do instrumento. Esta escala foi elaborada de forma a medir o construto em um contínuo entre o otimismo e o pessimismo. A presença de um único fator corrobora os achados de estudos que concebem o otimismo e o pessimismo como polos opostos de uma mesma dimensão (Carver et al., 2010; Scheier & Carver, 1985; Scheier et al., 1994).

Os resultados deste estudo não identificaram diferenças significativas entre os sexos, diferente de outros estudos que encontraram diferenças entre meninos e meninas. O estudo desenvolvido por Ey et al. (2005) identificou níveis mais elevados de otimismo entre as meninas e de pessimismo entre os meninos. Entretanto, o estudo de Gaspar et al. (2009) verificou diferenças entre meninos e meninas e identificou os meninos como mais otimistas do que as meninas. Já outro estudo revelou que os pais percebem as meninas como mais otimistas do que os meninos (Lemola et al., 2010).

Não foram encontradas diferenças significativas no que diz respeito à idade. As crianças de oito anos apresentaram níveis similares de expectativas em relação ao futuro às de quatro anos. É possível que o desenvolvimento das capacidades cognitivas durante esse período não produza diferenciação na expectativa das crianças em relação a eventos futuros, o que resulta na baixa variação nos níveis de otimismo nessas faixas etárias. Esses resultados são semelhantes aos encontrados no estudo de Ey et al. (2005), que comparou os níveis de otimismo das crianças de 8 e 9 anos com as de 10 e 11 anos, e não verificou diferenças.

O procedimento efetuado na elaboração dos itens seguiu as recomendações para construção de instrumentos psicológicos (Pasquali, 2010) e se mostrou válido para o trabalho com crianças pequenas. Entretanto, é importante assinalar que o processo de avaliação psicológica de crianças pequenas exige o desenvolvimento de instrumentos lúdicos e concretos que possam auxiliar o acesso à informação desejada.

As pesquisas que envolvem crianças pequenas enfrentam desafios diferentes das realizadas com adolescentes ou adultos. A metodologia desenvolvida para avaliar adultos concede conhecimento do mundo adulto. O nível de linguagem, o processamento cognitivo e a competência interativa das crianças diferem dos demais e exigem uma abordagem diferenciada. Além disso, o tempo gasto com a coleta infantil é geralmente maior do que com adultos (Aber & Jones, 1997). Esse fato aliado à escassez de instrumentos validados para o público infantil (Becker et al., 2013) faz com que muitos pesquisadores evitem o contato direto com as crianças e busquem nos pais a principal fonte de dados. Boa parte da informação que temos a respeito do que as crianças sentem e pensam é mediada pela informação recebida dos pais. Entretanto, é importante que as crianças sejam ouvidas diretamente. Para o aperfeiçoamento dos indicadores de um desenvolvimento positivo devemos aceitar o desafio de encontrar maneiras de elicitar informações diretamente das crianças, pois qualquer fonte é incompleta sem o acesso direto (Aber & Jones, 1997).

Construtos como otimismo carecem de estudos que investiguem profundamente seus processos na infância e ao longo do ciclo vital. O impacto e o desenvolvimento do otimismo e do pessimismo não têm sido estudados em crianças como o têm sido em adultos devido à pouca literatura e instrumental disponível. É necessário o desenvolvimento de um referencial teórico científico confiável que permita a interpretação dos resultados. A avaliação do otimismo em crianças pré-escolares pode auxiliar na identificação de necessidades, além de direcionar a prática profissional para a potencialização de trajetórias saudáveis de desenvolvimento na infância.

Iniciativas como a inclusão de indicadores positivos do desenvolvimento em pesquisas e intervenções são esforços que utilizados na busca de promoção da saúde (Peterson, 2006). O foco apenas na patologia não possibilita o apoio adequado a um desenvolvimento positivo. Para o conhecimento do potencial necessário para obter sucesso nas diferentes áreas de funcionamento, é necessário levar em consideração tanto as forças quanto as fragilidades. A trajetória desenvolvimental só é completamente entendida quando existe integração entre a patologia e a saúde, entre as dificuldades e as competências.

As TAPOC apresentaram correlações positivas com a YLOT, o que confere validade ao instrumento. Embora as análises realizadas tenham indicado boas evidências de confiabilidade e fidedignidade, são necessários estudos adicionais de investigação em amostras distintas e diferentes idades. A amostra deve ser ampliada para outras realidades socioeconômicas e culturais e para outras regiões do país. Além disso, estudos longitudinais podem contribuir na compreensão do otimismo ao longo do desenvolvimento infantil e na adolescência.

 

Referências

Aber, J. L., & Jones, S. M. (1997). Indicators of positive development in early childhood: Improving concepts and measures. Em R. M. Hauser, B. V. Brown, & W. R. Prosser (Eds.), Indicators of children’s well-being (pp. 395-408). New York, NY: Russell Sage Foundation.         [ Links ]

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recebido em junho de 2014
reformulado em março de 2015
aprovado em março de 2015

 

 

Sobre os autores

Cláudia de Moraes Bandeira: é Psicóloga, Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é Pesquisadora associada do Laboratório de Mensuração da UFRGS.
Claudia Hofheinz Giacomoni: é Psicóloga, Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professora do Departamento de Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFRGS.
Claudio Simon Hutz: é Psicólogo, Doutor em Psicologia pela University of Iowa. Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


1Endereço para correspondência: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, R. Ramiro Barcelos, 2600, sala 101, 90035-003, Porto Alegre-RS. E-mail: kkbandeira@hotmail.com


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