Corpo-território, reprodução social e cosmopolítica: reflexões a partir das lutas das mulheres indígenas no Brasil

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.1344/sn2021.25.32707

Palabras clave:

corpo-território, mulheres indígenas, reprodução social, cosmopolítica, vida nua,

Resumen

Cresce no Brasil a atuação de mulheres indígenas como lideranças de seus povos. Diante do desmonte da política ambiental e indigenista pelo atual governo e ameaça extrativista sobre os territórios indígenas, o direito ao território coloca-se como principal bandeira de luta dessas mulheres, e motivação central para sua crescente presença nos espaços construídos pelo movimento indígena. A noção de Corpo-território é cada vez mais vocalizada e ganha novos sentidos dentre as mulheres indígenas no Brasil, que a empregam referindo-se à relação inseparável entre povo e território. O presente trabalho busca afirmar esta como categoria cosmopolítica, que ilumina contradições capitalistas, e é empregada como resistência à exceção-espoliação, processo que produz a vida nua como desumanização necessária ao avanço da acumulação.

Biografía del autor/a

Kena Azevedo Chaves, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Doutoranda em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp),e pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces), pesquisa a luta pelo território na perspectiva das mulheres indígenas, feminismo e territórios amazônicos atingidos por grandes empreendimentos.

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Publicado

2022-01-02

Número

Sección

Artículos